Cultura

Papa: as novas comunidades devem crescer com sua própria cultura





“A comunidade nascida do batismo é livre, é uma nova Igreja; e devemos deixá-la crescer, ajudá-la a crescer à sua maneira, com sua própria cultura”, são palavras do Papa Francisco à Comunidade Neocatecumenal presente no Vaticano nesta manhã (27)

Na manhã desta segunda-feira (27) o Papa Francisco recebeu os membros do Caminho Neocatecumenal no Vaticano. Em seu discurso não programado o Papa iniciou recordando aos presentes a missão que Jesus deu a todos: “‘Ide, dai testemunho, pregai o Evangelho’. E a partir daquele dia, os apóstolos, os discípulos, o povo, todos partiram com a mesma força que Jesus lhes havia dado: é a força que vem do Espírito. ‘Ide e pregai... Batizem...’”.

E logo acrescentou:

“Mas sabemos que, uma vez batizada, a comunidade nascida desse batismo é livre, é uma nova Igreja; e devemos deixá-la crescer, ajudá-la a crescer à sua maneira, com sua própria cultura... É essa a história da evangelização”

Destacando mais uma vez este ponto disse: “Todos iguais na fé (...) a mesma fé. Mas todos com a modalidade de sua própria cultura ou da cultura do lugar onde a fé foi pregada”.

Muitas culturas, mas o mesmo Evangelho

“E este trabalho, esta riqueza multicultural do Evangelho – continuou Francisco - que nasce da pregação de Jesus Cristo e se torna cultura, é um pouco a história da Igreja: muitas culturas, mas o mesmo Evangelho. Tantos povos, o mesmo Jesus Cristo. Tantas boas vontades, o mesmo Espírito. E a isso somos chamados: a ir adiante com o poder do Espírito, levando o Evangelho em nossos corações e em nossas mãos. O Evangelho de Jesus Cristo, não meu: é de Jesus Cristo, que se adapta às várias culturas, mas é o mesmo. A fé cresce, a fé se incultura, mas a fé é sempre a mesma”.

Espírito missionário

“Este espírito missionário – disse ainda Francisco aos Neocatecumenais - de se deixar enviar, é uma inspiração para todos vocês. Agradeço-vos por isto e peço docilidade ao Espírito que vos envia, docilidade e obediência a Jesus Cristo em sua Igreja. Tudo na Igreja, nada fora da Igreja. Esta é a espiritualidade que deve sempre nos acompanhar: pregar Jesus Cristo com a força do Espírito na Igreja e com a Igreja. E aquele que é o chefe - digamos - das diferentes Igrejas é o bispo: vocês devem ir sempre adiante com o bispo, sempre. É ele o chefe da Igreja, neste país, neste Estado...”, concluiu Francisco agradecendo por fim a generosidade de todos.

Jane Nogara - Vatican News

 

"O Papa Francisco é a esperança dos povos da Amazônia", afirmam bispos em visita ad Limina

Os bispos dos regionais Norte 2 e 3 da CNBB relatam ao Papa as violações sistemáticas dos direitos humanos na Amazônia. Segundo Dom Evaristo Spengler, Francisco “fechou os olhos numa expressão de dor e de sofrimento e em seguida perguntou: Que podemos fazer?”.

Três horas de colóquio “fraterno e profundo”, de um “irmão entre irmãos”: assim foi a audiência que o Papa Francisco concedeu na manhã desta segunda-feira aos bispos dos Regionais Norte 2 (Pará e Amapá) e Norte 3 (Tocartins) da @cnbbnacional.

De acordo com Dom Bernardo Bahlmann, bispo de Óbidos (PA), presidente do Regional Norte 2, “o Papa nos acolheu com o coração aberto, muito fraterno. E durante o encontro, que demorou três horas, nós sentimos realmente o carinho e a preocupação que ele tem para com a Amazônia”.

Dom Bernardo relatou um clima familiar, partilhando ideias, experiências e situações, em que foram tocados vários aspectos da vida da Igreja na Amazônia. “Podemos dizer que ele tem no coração a Amazônia.”

O Pontífice citou o “Barco Hospital Papa Francisco” como exemplo de evangelização, pois é o anúncio de Jesus Cristo. Por fim, um incentivo para que a Igreja se inculture cada vez mais na Amazônia, reconhecendo a preciosidade da cultura local.

Na mesma linha, o bispo prelado de Marajó (PA), Dom Evaristo Pascoal Spengler, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônia (Repam), afirmou:

“Agradecemos seu profundo amor pela Amazônia e sua defesa apaixonada pelos povos tradicionais, cultura, floresta, rios e tudo o que envolve o bioma.”

Dom Evaristo afirma que os bispos demonstraram sua disposição em concretizar os sonhos expressos pelo Papa na exortação pós-sinodal “Querida Amazonia”, em busca de novos caminhos para a sociedade e para a Igreja.

“Tivemos que relatar ao Papa os ataques cada vez mais sistemáticos, de destruição que vem sofrendo a Amazônia, os seus povos, territórios e lideranças. O território amazônico sangra e morre diante dos nossos olhos: invasões a territórios indígenas, quilombolas e ribeirinhas por mineradoras, fazendeiros, criadores de gado, pelos madeireiros e pelo agronegócio.”

Foi citado o recente encontro de Santarém, em que osbispos perceberam que a Amazônia chegou ao seu limite. “Ela já não suporta mais tanta violência.” Por isso, pedem uma trégua para a Amazônia, que cessem as invasões e parem de matar os índios e as lideranças que os defendem.

“Pedimos ao Papa, com sua indiscutível autoridade, que apoie uma trégua para a Amazônia, um verdadeiro tempo sabático de reflexão para repensar a presença e a convivência na Amazônia.”

Segundo Dom Evaristo, quando o Papa escutou sobre as mortes na Amazônia, “fechou os olhos numa expressão de dor e de sofrimento e em seguida perguntou: Que podemos fazer? Ele está muito sensibilizado com esta realidade de destruição na Amazônia. O Papa Francisco é a esperança dos povos da Amazônia. O nosso povo merece um tempo de paz, de segurança, um verdadeiro tempo de graça do Senhor”.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

 

Os 30 anos da consagração episcopal do Papa Francisco

Em 27 de junho de 1992, na Catedral de Buenos Aires, o Papa Francisco recebeu sua ordenação episcopal na cerimônia presidida pelo Cardeal Antonio Quarracino. Segundo a biografia “O jesuíta” o então padre Jorge Bergoglio soube que se tornaria bispo auxiliar de Buenos Aires dia 13 de maio

Há 30 anos, dia 27 de junho de 1992, o Papa Francisco foi ordenado bispo auxiliar de Buenos Aires. A cerimônia foi realizada na Catedral da cidade e foi presidida pelo então arcebispo da capital argentina, Cardeal Antonio Quarracino, Arcebispo de Buenos Aires. Cinco anos mais tarde, foi nomeado pelo Papa João Paulo II coadjutor da Arquidiocese, em seguida arcebispo, cargo que ocupou até ser eleito Papa em 2013.

Livro biográfico

Segundo o livro biográfico “O jesuíta”, escrito pelos jornalistas Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti, o Papa soube de sua nomeação episcopal a auxiliar em 13 de maio de 1992, dia de Nossa Senhora de Fátima, em um encontro com o núncio apostólico Dom Ubaldo Calabresi. Ainda segundo os autores do livro, ao ouvir a notícia da sua nomeação, o Papa disse que sua primeira reação foi de surpresa. “Fiquei bloqueado. Como já disse em outras ocasiões, como consequência de um golpe, bom ou ruim, sempre me bloqueio. E a minha primeira reação também é sempre ruim”. 

Enquanto que em 27 de maio de 1997, ao ser perguntado a respeito da sua nomeação como arcebispo coadjutor de Buenos Aires, Francisco disse que a sua reação foi “igual. Como era o vigário geral, quando o Cardeal Antonio Quarracino pediu a Roma um coadjutor, eu solicitei que não me enviassem a nenhuma diocese, mas queria continuar como bispo auxiliar responsável por um vicariato da região de Buenos Aires. ‘Eu sou portenho e fora de Buenos Aires não sei fazer nada’, expliquei”. E fiquei surpreso quando me disse: “ você é o novo bispo coadjutor de Buenos Aires”.

Episcopado é serviço

Para Francisco, “episcopado” é o nome de um serviço, não de uma honra, porque ao bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: “Quem for o maior entre vós, seja como o menor. E aquele que mandar, como o que serve”. Em uma homilia de ordenação episcopal de 4 de outubro de 2019 disse:

As três proximidades do bispo: proximidade a Deus na oração — este é o seu primeiro trabalho — proximidade aos sacerdotes no Colégio presbiteral; e proximidade em relação ao povo. Não vos esqueçais que fostes tirados, escolhidos, do meio do rebanho. Não vos esqueçais das vossas raízes, daqueles que vos transmitiram a fé, daqueles que vos conferiram a vossa identidade. Não renegueis o povo de Deus".

Fonte: Vatican News