O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado (18/6), no Vaticano, os líderes juvenis das várias Eparquias siro-malabarenses da Diáspora e da Visita Apostólica na Europa, que vieram em peregrinação a Roma, acompanhados de seus Pastores.
Em todas as peregrinações, disse o Papa, buscamos sobretudo o Senhor Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida, que seguimos e percorremos seu caminho de amor, o único que conduz à vida eterna. E explicou:
“Não se trata de um caminho cômodo, mas fascinante. Jesus nunca nos abandona, nunca nos deixa sozinhos. Se abrirmos alas para Ele em nossa existência, partilhamos com Ele as alegrias e tristezas e experimentaremos a paz que só Deus pode dar”.
Jesus, disse Francisco, não hesitou em perguntar aos seus discípulos se eles realmente queriam segui-Lo ou se preferiam seguir outro caminho. Naquele momento, Simão Pedro teve a coragem de responder: “Senhor, para quem iremos? Somente vós tendes palavras de vida eterna”.
Por isso, em um tempo marcado por uma cultura "líquida" ou até "gasosa", o Papa explicou aos jovens que a vida se torna plena de sentido e fecunda quando dizemos "sim" a Jesus. Cada um pode se perguntar: “Será que me sinto amado, gratuitamente, não por meus méritos, mas por puro dom? Eis a experiência que dá sentido à nossa vida e coragem para dizermos ‘sim’ ao serviço e à responsabilidade e ‘não’ à superficialidade e ao desperdício”!
Aqui, o Papa recordou aos jovens da diáspora siro-malabarense que o apóstolo Tomé chegou até às costas do oeste da Índia para semear o Evangelho, onde nasceram as primeiras comunidades cristãs. Segundo a tradição, neste ano celebram-se os 1950 anos do martírio de São Tomé, que, ao tocar as chagas de Jesus, disse: "Meu Senhor e meu Deus!". E Francisco acrescentou:
“A Igreja é apostólica porque é fundada no testemunho dos Apóstolos; ela continua a crescer não por proselitismo, mas por testemunho. Todo batizado participa da sua edificação na medida em que for testemunha. Vocês também são chamados a ser testemunhas entre seus coetâneos da diáspora siro-malabarense, mas também entre os que não pertencem à sua comunidade e os que nem conhecem o Senhor Jesus”.
Há um terreno comum, disse ainda o Papa, em que todos os jovens se encontram: o desejo de um amor genuíno, belo e grande. Por isso, exortou-os a descobrir os testemunhos de amor dos santos, de todos os tempos, que demonstraram que o Cristianismo não consiste em uma série de proibições, que sufocam o desejo de felicidade, mas um projeto de vida, capaz de encher o coração.
Ao concluir sua saudação aos líderes da juventude siro-malabarense, o Santo Padre recordou o tema da próxima Jornada Mundial da Juventude, que se realizará em Lisboa: "Maria levantou-se e foi depressa". Desta forma, ao aceitar o anúncio do Anjo com o seu "sim" para se tornar Mãe do Salvador, Maria foi imediatamente visitar sua prima Isabel, que estava no sexto mês de gravidez. Ela não se fechou em si, pensando nos grandes problemas que isso podia acarretar, não ficou paralisada por orgulho ou medo. Pelo contrário, ao chegar à casa de Isabel entoou o seu famoso hino, ditado pelo Espírito Santo: o Magnificat!
Por fim, referindo-se à visita de Maria à sua prima idosa, o Papa disse: “Os jovens têm a força e os idosos a memória e a sabedoria”. Por isso, “visitem seus parentes idosos; façam de suas vidas um hino de louvor, participando da Santa Missa e do sacramento da Reconciliação”.
Manoel Tavares - Vatican News
- Papa aos combonianos: cuidado com a "espiritualidade do espelho", é preciso ir além
O estilo do missionário foi o tema o discurso do Papa aos participantes do Capítulo Geral dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, recebidos em audiência este sábado. Francisco inclusive foi convidado pelos capitulares a celebrar em eles a festa do Sagrado Coração na próxima sexta-feira. “Agradeço”, respondeu, mas “participarei com a oração”.
"Eu sou a videira, vós sois os ramos" é o tema do 19º Capítulo, que inspirou o discurso do Santo Padre. O Papa recordou as palavras de Jesus aos discípulos, que nada podem fazer sem Ele. “Se estivermos bem presos à videira, a seiva do Espírito passa de Cristo até nós e qualquer coisa façamos trará fruto, porque não é obra nossa, mas o amor de Cristo que atua através de nós.”
Francisco insistiu no aspecto do "ir além" e evitar a tentação da autorreferencialidade.
"Mas quando começamos com esta psicologia, espiritualidade do espelho, deixamos de ir além e voltamos sempre para o nosso coração que esta doente: todos temos o nosso coração doente e a graça de Deus nos salva. Sem a graça, 'kaputt' (arruinado). Importante é isto com o Espírito, ir além."
Este é o segredo da vida cristã, acrescentou Francisco, em particular na missão, aonde quer que seja, Europa, África ou outros continentes. O missionário é o discípulo que está tão unido ao Mestre que as suas mãos, a sua mente e o seu coração são “canais” do amor de Cristo. Não é um proselisita. E o que levam em missão? A misericórdia, a compaixão e a ternura.
“A misericórdia, a ternura, é uma linguagem universal, que não conhece confins”, afirmou o Papa.
O estilo de Deus, todavia, deve ser vivido em comunidade, que é outro aspecto que está sendo debatido pelos capitulares através de quatro temas: regra de vida, formação, ministerialidade e comunhão dos bens.
"Tantas vezes vemos que algumas comunidades religiosas são um verdadeiro inferno, um infermo de ciúmes, de luta de poder e o amor onde está?", questionou o Pontífice, recordando a importância de testemunhar o amor, que é o que atrai as pessoas.
“Gostaria de ressaltar que também aqui, no trabalho sobre estes quatro aspectos – entre eles interligados – é preciso que tudo seja feito na docilidade do Espírito, de modo que as necessárias planificações, projetos e iniciativas, tudo responda às exigências da evangelização.”
Francisco conclui abençoando os combonianos e desejando um bom prosseguimento dos trabalhos.
O XIX Capítulo Geral está em andamento até o dia 30 de junho, na Casa Geral da Instituto, em Roma. Os participantes capitulares são sessenta e nove, mais quatro observadores. São de 24 nacionalidades diferentes: 30 africanos, 28 europeus, 11 americanos. Os países de origem com mais capitulares são: Itália (13), Uganda (7), RD Congo (6), México, Espanha e Portugal.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Fonte: Vatican News