Quando as palavras de ódio aumentam, cresce o risco de que se tornem gestos de violência, se já não se tornaram armas que matam e destroem. Em um mundo já ferido por tantos conflitos e tanta indiferença para com aqueles que sofrem, quando as palavras de ódio se multiplicam, os perigos se tornam maiores para todos. Aqueles com importantes poderes decisórios podem mais facilmente apertar os botões errados se estiverem repletos daquela raiva que é alimentada por palavras inflamatórias. Toda a humanidade corre mais riscos se as palavras de ódio forem proferidas pelos poderosos deste mundo.
"Lembra-te do teu fim e deixa o ódio", lemos na Bíblia (Sir 28,6). Isto foi escrito há cerca de 2200 anos por um judeu de Jerusalém, Yehoshua Ben Sirac. O Papa ressaltou essa passagem em um Angelus dois anos atrás, em 13 de setembro de 2020:
Hoje, pela manhã, enquanto celebrava a Missa, parei e fiquei impressionado com uma frase da primeira Leitura, no livro de Sirac. A frase diz assim: "Lembra-te do teu fim e deixa o ódio". Linda frase! Pense no fim! Pensa que você estará em um caixão ... e levará ali o seu ódio? Pense no fim, pare de odiar! Pare o ressentimento. Pensemos nesta frase, tão pungente: "Lembra-te do teu fim e deixa o ódio".
"Lembra-te da corrupção e da morte" - continua Sirac - "e não tenhas ressentimento do próximo ... Perdoa a ofensa a teu próximo e então pela tua oração teus pecados serão perdoados."
Odiar faz mal a si mesmo antes que aos outros. Mas também a indiferença é um grande mal. Esquecemos muitas situações dolorosas, viramos o rosto para o outro lado, nos acostumamos com o sofrimento dos outros, entre os quais estão aqueles que continuam a viver e a morrer em guerras esquecidas.
Há mais de 11 anos há combates na Síria: há cerca de meio milhão de mortos e mais de 11 milhões de refugiados e deslocados. O cardeal Mario Zenari, núncio em Damasco, diz com tristeza: fomos esquecidos, "a esperança foi embora do coração de tantas pessoas e em particular do coração dos jovens, que não veem futuro em seu país e procuram emigrar". Há fome: "Há falta de pão e agora, com a guerra na Ucrânia, até mesmo de farinha". Nestes anos de guerra, talvez dois terços dos cristãos tenham deixado a Síria: "Nestes conflitos, os grupos minoritários são o elo mais fraco da corrente". E agora há um esquecimento: "Isto - observa - é mais uma grave desgraça que se abateu sobre a Síria". A de cair no esquecimento. Este esquecimento machuca muito as pessoas".
O cardeal Berhaneyesus Souraphiel, arcebispo de Adis-Abeba, fala da guerra e da fome na Etiópia: "Milhões de etíopes precisam desesperadamente de assistência humanitária". Quem se lembra deles?
Em Mianmar "ainda estamos no Calvário", diz o cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangun, com um regime militar que não poupa ataques às igrejas e a milhares de refugiados birmaneses que vagueiam na floresta. Ninguém é poupado pelo colapso da economia: mais da metade da população é reduzida à pobreza. Os jovens se sentem privados de seu futuro. Nesta via-sacra - afirma - "a fé profunda do povo é impressionante... Como cristãos, encontramos esperança no profundo mistério da loucura da cruz".
O bispo Paul Hinder, vigário apostólico emérito do Sul da Arábia, fala sobre a guerra esquecida no Iêmen, onde a emergência humanitária está afligindo milhões de pessoas. Mais de 2 milhões de crianças arriscam suas vidas por causa da fome: "Estas guerras esquecidas - diz ele - são de pouco interesse. O Iêmen está para muitos realmente na periferia do mundo".
Estas são apenas algumas guerras esquecidas. As guerras muitas vezes começam com palavras de ódio. "Hoje devemos dizê-lo claramente - disse o Papa Francisco -, há muitos semeadores de ódio no mundo, que destroem", porque "a língua é uma arma feroz, mata", enquanto "poderíamos viver como irmãos, todos nós, em paz" (Missa na Santa Marta, 12 de novembro de 2019).
Sergio Centofanti – Vatican News
- Papa recorda Santa Edwiges: rezem como ela pela paz na Europa
Uma vida que está entrelaçada com a história da Polônia e da Europa. Santa Edwiges, de origem húngara, fundadora da Universidade Jaguelônica em Cracóvia. Em 18 de fevereiro de 1386, casou-se com o Grão-Duque lituano Jagello. A verdadeira riqueza, para ela, não estava nos objetos, mas na sua proximidade com os últimos.
Na Audiência Geral desta quarta-feira (8), o Papa Francisco, saudando os fiéis poloneses, recordou essa santa e exortou todos a rezar pela paz.
“Hoje vocês recordam a rainha Santa Edwiges, apóstola da Lituânia e fundadora da Universidade Jaguelônica. Durante a sua canonização, São João Paulo II lembrou que, através do trabalho dela, a Polônia se uniu à Lituânia e à Rus. Confiem à intercessão dela, orando como ela aos pés da cruz pela paz na Europa.”
Em 8 de junho de 1997, na esplanada de Błonie, em Cracóvia, diante de uma multidão oceânica, o Papa João Paulo II presidiu a missa de canonização da rainha Edwiges. A homilia foi pontuada, em várias partes, por uma exclamação: "Gaude, mater Polonia!". O Papa Wojtyła enfatizou que o prestígio de Santa Edwiges não vinha "da insígnia real, mas da força do seu espírito, da profundidade da mente e da sensibilidade do seu coração":
"'Vocês sabem: os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deverá tornar-se o vosso servidor' (Mt 20, 25-26). Essas palavras de Cristo penetraram profundamente na consciência da jovem soberana da estirpe dos Anju. A mais profunda característica da sua breve vida e, ao mesmo tempo, a medida da sua grandeza foram constituídas pelo espírito de serviço. A sua posição social, os seus talentos, toda a sua vida particular, ela os ofereceu completamente ao serviço de Cristo e, quando teve de reinar, dedicou a própria vida também ao serviço do povo que lhe fora confiado."
Amedeo Lomonaco - Vatican News
- Papa ao clero siciliano: "Abraçar plenamente a vida deste povo"
Na manhã desta quinta-feira (09/06) o Papa Francisco recebeu no Vaticano os Bispos e Sacerdotes da Sicília. Francisco iniciou seu discurso falando ao clero siciliano que a mudança epocal em que nos encontramos “exige escolhas corajosas, embora ponderadas e, sobretudo, iluminadas com o discernimento do Espírito Santo”. “A atitude responsável com a qual vivê-la - disse ainda - como em outras fases históricas, é acolhê-la com consciência e com uma "decisão de ocupar-se confiadamente da realidade, ancorando-se na sábia Tradição viva e vivente da Igreja, que permite fazer-se ao largo sem medo”.
"A Sicília não está fora desta mudança; pelo contrário, como no passado, está no centro dos caminhos históricos traçados pelos povos continentais". E continua afirmando que “a condição de insularidade afeta profundamente a sociedade siciliana, acabando por destacar as contradições que carregamos dentro de nós”. Por isso na Sicília, testemunhamos “comportamentos e gestos marcados por grandes virtudes, bem como uma cruel selvageria”.
“Não é coincidência que tanto sangue tenha sido derramado pelas mãos dos violentos, mas também pela humilde e heroica resistência dos santos e dos justos, servos da Igreja e do Estado”
O Papa pondera ao afirmar: “A situação social atual na Sicília está em clara regressão há anos; um sinal claro é o despovoamento da ilha, devido tanto à queda da taxa de natalidade como à emigração maciça de jovens”, animando em seguida os presentes com as palavras: “É necessário compreender como e em qual direção a Sicília está vivendo a mudança de época e que caminhos poderia tomar, a fim de anunciar, nas fraturas e articulações desta mudança, o Evangelho de Cristo”.
“Diante deste grande desafio, - continuou o Papa - a Igreja também é afetada pela situação geral com seus fardos e mudaças, registrando uma queda nas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, mas, sobretudo, um crescente distanciamento dos jovens”. Porém continuou, “não faltaram, no passado, e ainda não faltam hoje, sacerdotes e fiéis que abracem plenamente o destino do povo siciliano”.
“Como ignorar o trabalho silencioso, tenaz e amoroso de tantos sacerdotes no meio de pessoas desanimadas ou desempregadas, no meio de crianças ou de idosos cada vez mais solitários? É por isso que na Sicília, - continua Francisco - as pessoas ainda olham para os sacerdotes como guias espirituais e morais, pessoas que também podem ajudar a melhorar a vida civil e social da ilha, apoiar a família e ser um ponto de referência para os jovens em crescimento”.
Com esta situação Francisco disse aos presentes "Diante da consciência de nossas fraquezas, sabemos que a vontade de Cristo nos coloca no centro deste desafio. A chave para tudo isso está em seu chamado, no qual podemos nos apoiar para colocar no mar e lançar nossas redes novamente". Se ainda prevalece a amargura e a desilusão, isso seria “mais uma razão para que nós pastores sejamos chamados a abraçar plenamente a vida deste povo”. “Estar ao lado, estar perto, é o que somos chamados a viver, em nome da fidelidade de Deus”.
“Proximidade, compaixão e ternura: este é o estilo de Deus e é também o estilo do pastor”
Depois o Papa falou sobre a grande devoção mariana da Ilha: “A Sicília, consagrada a Maria Imaculada, para a qual, juntos, bispos e sacerdotes, celebram a Jornada Sacerdotal Mariana. O primeiro valor que se sublinha nesta prática é o da unidade, verdadeiramente crucial diante do individualismo e da fragmentação, se não a divisão que paira sobre todos nós. A unidade, dom do sacrifício pascal de Jesus, é fortalecida com o método da sinodalidade, que vocês adotaram através dos caminhos de formação definidos sobre com o tema ‘Com o passo Sinodal’”.
“O outro valor é o de confiar-se a Maria, a mulher de ternura e consolação, de paciência e compaixão. Entre o sacerdote e a Mãe celeste, se estabelece dia após dia um diálogo secreto que conforta e acalma toda a ferida”
“Neste simples diálogo, conclui Francisco “feito de olhares e palavras humildes como as do Terço, o sacerdote descobre como a pérola da virgindade de Maria, totalmente dedicada a Deus, faz dela uma terna mãe para todos. Assim também ele, quase sem se dar conta, vê a fecundidade de um celibato, às vezes difícil de suportar, mas precioso e rico na sua transparência”.
Jane Nogara - Vatican News
- O Papa recebe em audiência o primeiro-ministro da República Tcheca
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (09/06), no Vaticano, o primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala, que sucessivamente encontrou-se com o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, e o secretário para as Relações com os Estados e as Organizações Internacionais, dom Paul Richard Gallagher.
Segundo um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, "as conversas se concentraram nas boas relações bilaterais existentes entre a Santa Sé e a República Tcheca e sobre o papel da Igreja na sociedade. Também emergiu o desejo de consolidar e ampliar ainda mais a colaboração".
Na continuação dos colóquios, "foram discutidas as questões da guerra na Ucrânia e seu impacto no âmbito regional e internacional, com especial atenção à situação humanitária e ao acolhimento dos refugiados".
No final da audiência, o Papa deu de presente ao primeiro-ministro Fiala um painel de bronze representando São Martinho que protege o pobre, dando-lhe uma parte de seu manto, e alguns documentos papais. Por sua vez, o primeiro-ministro homenageou o Papa com uma Bíblia, um pano bordado por mulheres tchecas e ucranianas e um volume da Igreja Tcheca no Ano dedicado a Santa Ludmila.
Fonte: Vatican News