Cultura

Papa: enfrentar os desafios do nosso tempo com a educação





“Os dois grandes desafios do nosso tempo: o desafio da fraternidade e o desafio de cuidar da casa comum, só podem ser enfrentados através da educação. Ambos são, acima de tudo, desafios educacionais”. São palavras do Papa Francisco no encontro com os Irmãos das Escolas Cristãs, na manhã deste sábado (21) no Vaticano

Na manhã deste sábado (21) o Papa Francisco recebeu os participantes do 46° Capítulo Geral dos Irmãos das Escolas Cristãs, que tem como tema “Construir novos caminhos para transformar vidas”. O Papa iniciou elogiando a escolha do tema do Capítulo “como um canteiro de obras para novas estradas, que levam ao encontro de nossos irmãos, especialmente os mais pobres. Mas, - continuou - sabemos que a ‘Via’, o caminho verdadeiramente novo, é Jesus Cristo: ao segui-lo, ao caminhar com Ele, nossas vidas se transformam, e nos tornamos, por sua vez, fermento, sal, luz”.

Educação: exige muito, mas dá muito

Em seguida Francisco disse aos presentes: “Para vocês, segundo o carisma de São João Batista de la Salle, estes ‘novos caminhos’ são, antes de tudo, caminhos educacionais, a serem realizados nas escolas, colégios e universidades que vocês dirigem em cerca de cem países nos quais estão presentes. Uma grande responsabilidade!”, completou o Papa. 

“Com vocês agradeço ao Senhor, porque o trabalho educativo é um grande presente antes de tudo para aqueles que o realizam: é um trabalho que exige muito, mas dá muito!”

“Nesta relação – continuou o Papa - neste caminho que vocês fazem com os alunos, vocês oferecem os valores da sua rica tradição pedagógica: educam à responsabilidade, à criatividade, à convivência, à justiça, à paz; educam à vida interior, para estarem abertos ao transcendente, para sentir o maravilhamento e a contemplação diante do mistério da vida e da criação. Vocês vivem tudo isso e o interpretam em Cristo, traduzindo-o na plenitude da humanidade”.

Desafios do nosso tempo

Porém recorda Francisco, “temos consciência de que o mundo está passando por uma emergência educacional, agravada pelas consequências da pandemia”. Ponderando em seguida:

“Os dois grandes desafios do nosso tempo: o desafio da fraternidade e o desafio de cuidar da casa comum, só podem ser enfrentados através da educação. Ambos são, acima de tudo, desafios educacionais”

“Não podem dar o que não têm por dentro”

Por fim o Papa concluiu afirmando: “Como educadores, vocês sabem bem que esta transformação deve partir das consciências, ou será apenas uma fachada. E sabem também que não podem fazer este trabalho sozinhos, mas cooperando em uma ‘aliança educativa’ com as famílias, com as comunidades e agregações eclesiais, com as realidades educacionais presentes no território”.

Este, queridos irmãos, é o seu campo de trabalho. Mas para serem bons trabalhadores, vocês devem também cuidar de si mesmos! Vocês não podem dar aos jovens o que vocês não têm por dentro. O educador cristão, na escola de Cristo, é acima de tudo uma testemunha, e é mestre na medida em que é uma testemunha.

 

- Francisco: construir uma "aldeia global" para a tutela do meio ambiente

"O vínculo dinâmico entre Criador, criatura humana e outras criaturas é uma aliança que não pode ser rompida sem danos irreparáveis. Não podemos substituir uma beleza única e irreparável”. Palavras do Papa Francisco no encontro com os participantes da Conferência Internacional “A Natureza no Pensamento: uma nova cultura da natureza para a proteção da biodiversidade”, promovida pelo Comando dos Carabineiros da Itália, neste sábado (21) no Vaticano

O Papa Francisco recebeu, na manhã deste sábado (21/5), no Vaticano, os participantes da Conferência Internacional “A Natureza no Pensamento: uma nova cultura da natureza para a proteção da biodiversidade”, promovida pelo Comando dos Carabineiros da Itália. Em sua saudação aos presentes, Francisco expressou sua gratidão por esta iniciativa, que demonstra o desejo de colaborar para a defesa da nossa Casa Comum. Este compromisso contribui para reforçar o diálogo, urgente e responsável, sobre o futuro do planeta, "porque o desafio ambiental e suas raízes humanas cabem e concernem a todos nós".

"O tema da Conferência "A natureza no pensamento" recorda o itinerário de São Boaventura de Bagnoregio, que, em várias ocasiões, nos convida a descobrir a Transcendência também através da contemplação da beleza da natureza. Trata-se, portanto, - continuou o Papa - de um momento de formação para a mente e o espírito. Quando contemplamos, com admiração o céu, as estrelas, as águas cristalinas de uma ribeira, disse o Papa, contemplamos, por analogia, o Autor de tanta beleza, dada como dom ao gênero humano, que é convidado a cultivar e a proteger. E acrescentou:

“Como Deus colocou a sua Criação à disposição dos homens, eles também encontram sua plena realização superando o egoísmo e usufruindo de uma beleza compartilhada. Este vínculo dinâmico entre Criador, criatura humana e outras criaturas é uma aliança que não pode ser rompida sem danos irreparáveis. Não podemos substituir uma beleza única e irreparável”

Em um mundo em que "tudo está intimamente relacionado", afirmou Francisco, é preciso identificar novos paradigmas pedagógicos para ser inseridos nos processos educativos, que levem ao diálogo com a ciência e a um maior aumento da cultura da tutela. Tal cultura, explicou o Papa, está ligada, de modo íntimo, a uma educação inclusiva, que se baseia sobre os pilares da ecologia integral. E exortou:

“Para promover um desenvolvimento realmente sustentável, é preciso abrir-nos, com criatividade, a novos itinerários, mais integrados e compartilhados, coligados, diretamente, com as pessoas e seus contextos. Assim, todos nós podemos contribuir para um processo educativo, que torna as pessoas mais capazes de superar divisões e contrastes, e favorece o cuidado e a defesa da nossa Casa Comum”

O Santo Padre concluiu seu pronunciamento aos participantes da Conferência Internacional  dizendo: “Mediante os nossos talentos, somos chamados a construir uma ‘aldeia global’ para a tutela do meio ambiente, rejeitando todas as formas de discriminação, violência e prevaricação. Nesta ‘aldeia’, a educação pode gerar fraternidade e paz entre os povos e diálogo entre as religiões”.

 

- O Papa: é preciso semear boas ideias para produzir boas obras

No encontro do Papa com os leitores e membros da revista "Família cristã" no Vaticano Francisco recordou o Beato Tiago Alberone que deu início à revista católica das famílias. “É preciso semear boas ideias para que produzam boas obras. Trata-se de um talento que Deus nos dá: por isso, deve produzir frutos”

O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado (21/5), no Vaticano, leitores e membros da revista "Família Cristã", a revista católica mais difundida na Itália, que festeja 90 anos de atividades: "é como uma boa avó, que viu de tudo na sua vida, mas também adquiriu sabedoria".

Tudo nasceu do espírito apostólico do Beato Tiago Alberione, disse o Papa, que queria uma revista que levasse às famílias uma visão cristã da realidade, da atualidade, dos grandes temas do mundo e da Igreja. Neste seu projeto, envolveu toda a Família Paulina: os sacerdotes, encarregados da sua direção e edição; os religiosos, da fase técnica de imprensa; as Irmãs, para a divulgação nas casas dos católicos; e, todos juntos, para a sensibilização nas paróquias. Mas, logo, esta forma de colaboração se ampliou aos jornalistas e especialistas em todos os setores.

A este respeito, o Papa recordou o que Padre Alberione dizia aos seus jovens sacerdotes, em 1915: “É preciso semear boas ideias para que produzam boas obras: ideias religiosas, sociais, econômicas, de virtude e higiene. Trata-se de um talento que Deus nos dá: por isso, deve produzir frutos”. E dirigindo-se à grande Família Paulina, Francisco disse:

“Queridos amigos, os leitores e as leitoras, ou seja, vocês são o verdadeiro patrimônio de uma revista como a Família Cristã. De fato, a direção, a redação e os jornalistas sempre fomentaram o contato com as pessoas. Esta relação deve ser mantida também na transformação digital da nossa época”

De fato, o Papa citou ainda a ideia do fundador das Edições Paulinas: “É preciso começar a levar o cinema às paróquias e fazer assinaturas de revistas católicas. A revista católica deve ser como uma visita que Deus faz aos lares”.

Aqui, Francisco destacou as principais diretrizes editoriais dos Paulinos: “Cuidar das relações, como chave prática da comunicação, e das redes, como lugares de colaboração, significados e conteúdos; buscar novas formas de presença e ação, ligadas não tanto aos meios, mas, sobretudo, à cultura e à nova gramática da comunicação; este serviço deve ser prestado a todo o Povo de Deus, de modo particular, aos homens e mulheres, que vivem nas periferias”. Tais diretrizes, explicou o Papa, são sempre válidas, mas devem ser atualizadas, segundo as orientações da evangelização:

“Hoje, abrem-se, diante de nós, sobretudo dois caminhos: o da fraternidade e o da ecologia integral. Mas, o método permanece sempre o mesmo: diálogo e escuta, que permitem cultivar as relações”

A respeito de diálogo, disse ainda o Papa, devemos saber que não deve ser reduzido a um mero intercâmbio de dados ou informações, e que a relação com o outro não deve se limitar apenas a uma conexão. Um simples contato não pode ser confundido como sinal de diálogo e interação ou simples troca de mensagens, com uma verdadeira comunicação.

Por fim, Francisco disse aos Paulinos que “para conhecer os interlocutores da sua missão e se aproximar deles, o comunicador deve fazer um caminho de 'saída', mudando, se necessário, suas atitudes e mentalidade. Eis o exemplo do apóstolo Paulo, que ao comunicar o Evangelho criou relacionamentos e comunidades”.

Esta será também a direção do próximo Capítulo Geral dos membros da Sociedade de São Paulo: "Deixem-se transformar, renovando seu modo de pensar", ou seja, vocês são chamados a ser artesãos de comunhão para anunciar profeticamente a alegria do Evangelho na cultura da comunicação.

Francisco concluiu seu pronunciamento pedindo para rezar pela revista “Família Cristã” e os outras tantas revistas, livros, televisão, multimídia e atividades educativas, na Itália e no mundo, para que sejam sempre renovados, segundo o Evangelho, com o zelo do apóstolo Paulo.

 

- Francisco aos crismandos: "Avante com a oração e a fraternidade"

O Papa citou um provérbio genovês em sua saudação aos jovens crismados e crismandos da diocese de Gênova em peregrinação em Roma: fez para incitá-los a insistir na oração para "preservar" a força do Espírito Santo que recebemos. Falou da Crisma como um dom e da importância de viver a fraternidade e ir em frente como uma comunidade na Igreja

Francesca Sabatinelli - Vatican News

"Dizem que a Confirmação é o sacramento do adeus, o jovem faz a Confirmação e deixa a Igreja, é verdade?" Francisco olha para os jovens, os crismandos e os crismados da diocese de Gênova, e os questiona, ele lhes pergunta se, uma vez chegados ao sacramento da confirmação, a possibilidade de deixar a Igreja seja verdadeira, mas o forte não da resposta de todos os jovens reunidos na praça em frente à Casa Santa Marta anima Francisco, porque, ele lhes explica, "é uma grande coisa permanecer":

Com a força da Crisma se vai em frente, se avança não só na Igreja, mas na própria vida, de cada um de nós, porque a Crisma nos prepara para nos tornarmos boas pessoas, bons cidadãos, bons cristãos. Avante com isto.

Quem que não chora, não mama

A crisma é um "dom", esclarece o Papa, que deve ser cuidado, que não deve ser fechado em uma gaveta, mas deve ser guardado no coração, "antes de tudo com a oração, pedindo ao Senhor que nos dê a força para ir adiante, para preservar esta força do Espírito Santo que todos nós recebemos. E rezar sempre porque o Senhor disse que, se você pedir, eu lhe darei". Porém muitas vezes, adverte Francisco, esquecemos de pedir e de rezar, então ele cita um provérbio genovês, “quem não chora não mama” para dizer que é necessário "rezar e insistir para que o Senhor nos escute e nos dê forças para seguir em frente".

A força da amizade e da generosidade

Francisco então falou aos jovens sobre a amizade, porque na Igreja se está em comunidade, tomando como exemplo a viagem que os levou a Roma, que é algo que "os ajudará a ir em frente". Dialogou com os jovens, o Papa, repetiu a eles "coragem e em frente", "oração e comunidade, vida comunitária", e fez com que entendessem, depois os lembrou de outra qualidade importante:

Ser generoso, a generosidade de nos entregarmos, cada um de nós, à comunidade, ao outro. Dizem que a generosidade não é uma virtude genovesa, não sei... Mas esta seria a generosidade do dinheiro: dizem que os genoveses são pão-duros; eu também tenho sangue genovês por parte de mãe, entendo bem... Mas generosos, sempre generosos. Ajudar os outros e viver em comunidade. Oração, indo em frente em comunidade e generosidade.

O Papa despediu-se dos jovens, pedindo novamente desculpas, como fez no início de seu discurso, pelo atraso de 35 minutos para chegar ao encontro, e os cumprimentou com uma oração a Nossa Senhora e um convite para seguir em frente como irmãos e como bons amigos.

Fonte: Vatican News