Manoel Tavares - Vatican News
O Papa Francisco recebeu, na manhã deste sábado (14/5), no Vaticano, os habitantes e participantes da “Aldeia de Francisco”, dizendo, inicialmente: “Quando Étienne Villemain, fundador deste projeto com muitas outras pessoas, me falou desta sua obra, pela primeira vez, não lhe pude esconder a minha difidência sobre o que o Espírito Santo poderia inspirar nele. Agora, porém, estou feliz por ver o progresso deste projeto”!
A “Aldeia de Francisco”, explicou o Papa, é um lugar eclesial, que se diferencia de outros habituais, mas que oferece algo mais: trata-se de uma Igreja como "hospital de campo", que se preocupa mais com os que sofrem do que com os que defendem seus próprios interesses, assumindo o risco da novidade de ser fiel ao Evangelho. Neste sentido, Francisco esclareceu a definição de “aldeia”, que se torna, cada vez mais, um lugar-comum:
“O desenvolvimento acelerado dos meios de transporte, da comunicação e das redes sociais nos levam a pensar que todos ficam mais próximos uns dos outros. No entanto, muitas pessoas são deixadas à margem desta chamada ‘aldeia’, reservada a uma elite privilegiada.
“Por isso, espero que a ‘Aldeia de Francisco’ possa contribuir para a descoberta de uma verdadeira aldeia: um tecido de relações humanas concretas, que se sustenta mutuamente, para dar maior atenção aos mais necessitados, na convivência das gerações e na preocupação de respeitar a Criação que nos circunda.”
A “Aldeia de Francisco”, acrescentou o Papa, parte da convicção de que "tudo está interligado". Desta forma, seus membros fazem uma experiência concreta, associando o meio ambiente e o respeito pela vida humana, desde a sua concepção até à morte natural, a oração e a fraternidade, e também unindo as várias gerações.
Por fim, o Santo Padre expressou sua esperança de poder contar com o testemunho dos membros da “Aldeia de Francisco”, demonstrando que a vida, segundo o Evangelho, consiste na ponderação equilibrada de todos esses aspectos. Uma experiência concreta deste tipo demonstra que a pessoa humana, como um todo, deve ser amada, acompanhada e inserida em uma rede de relações enriquecedoras e construtivas. Tais relações têm um modelo absoluto, uma fonte da qual podem se desenvolver.
De fato, concluiu o Papa, seus membros vivem em uma antiga abadia trapista. Trata-se de uma forma de convite para colocar no centro da sua experiência, além de uma vida simples e laboriosa, o cuidado e o desenvolvimento da vida interior e a relação com Jesus, que podem saciar nossos corações sedentos.
- O Papa aos jovens: conservar o patrimônio de santidade de Charles de Foucauld e Maria Rivier
Manoel Tavares - Vatican News
O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado (14/5), no Vaticano, numerosos jovens da diocese de Viviers, na França, por ocasião da Canonização de dois novos Santos daquela diocese: Charles de Foucauld e Maria Rivier, que serão elevados à gloria dos altares neste domingo (15/5).
Ao saudar a delegação e jovens da diocese francesa, o Papa recordou, inicialmente, outro Beato daquela diocese: Padre Gabriel Longueville, mártir, beatificado em 2019, que ele teve a oportunidade de conhecer, pessoalmente, na Argentina. Falando sobre as virtudes deste Beato, Francisco disse:
“A sua abnegação e atenção com os mais pobres da paróquia onde trabalhava são um modelo para os sacerdotes da sua terra natal. Esta série de Beatos e futuros santos demonstra, claramente, a fecundidade da sua diocese. Espero que vocês possam conservar este patrimônio de santidade”.
Depois, referindo à figura de Charles de Foucauld, o Papa fez votos de que os fiéis de Viviers possam fazer a sua mesma experiência de Deus, que o levou a evangelizar. Trata-se de uma forma de evangelização discreta, mas também muito exigente, porque requer o testemunho de uma vida coerente, ou seja, conforme às aspirações de todo homem amado por Deus e chamado a algo diferente do que o prazer passageiro ou de um resultado imediato e visível.
A este respeito, Francisco exortou os presentes a ser fermento na massa, como Charles de Jesus quis ser no Deserto, somente assim as novas gerações poderão colher seus frutos espirituais.
No entanto, o Santo Padre encorajou os jovens a basear sua vida cristã nos três “E”, palavras-chave da espiritualidade de Charles de Foucauld: Evangelho, Eucaristia e Evangelização, que são um verdadeiro programa de vida na escola de Jesus. Depois, sugeriu aos jovens aprender e meditar sempre sobre o magnífica oração de abandono de si mesmo a Deus, extraída de seus escritos:
"Meu Pai, eu me abandono em vós. Fazei de mim o que quiserdes. Tudo o que fizerdes em mim, vos agradeço. Obrigado. Estou pronto a tudo, aceito tudo, desde que a vossa vontade se cumpra em mim e em todas as suas criaturas. Nada mais quero, meu Deus...”. E o Papa os exortou:
“Que esta oração se torne a de vocês nos momentos das suas escolhas e cruzes da vida. Somente assim poderão entrar na dinâmica evangélica da Igreja na sua diocese, uma diocese que expressa o desejo de viver a fraternidade universal deste eremita do Saara. Aqui, recordo, de modo particular, todos os grupos escoteiros, que se colocaram sob o patrocínio de Charles de Foucauld”.
A seguir, Francisco falou da Beata Maria Rivier, que, com Charles de Foucauld, será canonizada amanhã: “Seguindo o exemplo desta filha da sua terra, que dedicou a sua vida à educação das crianças, através da Congregação das Irmãs da Apresentação de Maria, por ela fundada, espero que vocês abram as mentes dos pequeninos às coisas de Deus, à atenção ao próximo e à admiração da Criação.“
O Papa faz votos também de que haja muitas outras mulheres desta estatura, humildes e corajosas em fazer conhecer o amor de Deus aos pequeninos, que apenas pedem para aprender. Este é um desejo que está enraizado na Esperança, que não decepciona. Por isso, o Santo Padre as confia à Virgem Maria, Mãe desta Congregação, espalhada pelo mundo, que continua a se dedicar, sem cessar, às crianças, jovens e excluídos.
Enfim, o Papa confiou os presentes à especial intercessão dos "seus" futuros Santos, Madre Maria Rivier e Charles de Foucauld, a fim de que sejam sempre motivo de encorajamento e inspiração a todos.
- O Papa: os voluntários dão um rosto mais humano e mais cristão
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado (14/05), na Sala do Consistório, no Vaticano, os membros da Associação de Voluntariado Cornélia de Lange, um distúrbio genético presente desde o nascimento que causa uma série de comprometimentos físicos, cognitivos e neurológicos.
O grupo se encontra em Roma para conscientizar a opinião pública sobre esta síndrome.
Esta rara doença genética é causa de desconforto e grandes dificuldades tanto para aqueles que são afetados quanto para seus familiares. A eles quero expressar minha proximidade e minha compreensão, encorajando-os a não se deixarem abater pelos obstáculos que encontram no caminho.
O Papa agradeceu aos voluntários da Associação, que estão ao lado dos irmãos e irmãs mais frágeis, apoiando também quem cuida deles. "A cultura da solidariedade expressa concretamente a participação na construção de uma sociedade fraterna, no centro da qual está a pessoa humana", sublinhou Francisco, acrescentando:
O voluntariado envolve a dimensão fundamental da imagem cristã de Deus e do ser humano: o amor a Deus e amor ao próximo. Jesus, no Evangelho, nos convida a amar a Deus com todo o coração e ao próximo como a nós mesmos. É a caridade de Deus que nos faz reconhecer no outro o irmão ou irmã a ser acolhido. Como voluntários, enquanto realizam um trabalho de assistência, vocês contribuem para dar um rosto mais humano e mais cristão à nossa sociedade.
O Papa concluiu, exortando os membros da Associação de Voluntariado Cornélia de Lange a serem "testemunhas de bondade e ternura! Perseverem serenos e fortes em seu trabalho, enfrentando as dificuldades que poderão encontrar com um espírito de unidade e sempre colocando na base de tudo o objetivo final de seu compromisso: o serviço ao próximo".
Fonte: Vatican News