Política

Rússia cortará fornecimento de eletricidade para a Finlândia no sábado, diz operadora





Operadora do sistema de transmissão da Finlândia, Fingrid, publicou um comunicado nesta sexta-feira (13)

A Rússia suspenderá as exportações de energia para a Finlândia a partir de sábado (13) devido a problemas no recebimento de pagamentos, disse a operadora do sistema de transmissão da Finlândia, Fingrid, em comunicado nesta sexta-feira (13).

“A RAO Nordic Oy, uma subsidiária da entidade russa Inter RAO, que comercializa eletricidade pelos interconectores de 400 kV, suspenderá as importações de eletricidade para a Finlândia à 1h da manhã de sábado, 14 de maio de 2022”, segundo Fingrid.

A subsidiária disse que não recebe pagamentos pelos volumes vendidos desde 6 de maio e que esta é a primeira vez que isso acontece em mais de 20 anos de sua história de negociação.

“Infelizmente, na atual situação de falta de receita em dinheiro, a RAO Nordic não pode fazer pagamentos pela eletricidade importada da Rússia. Portanto, somos forçados a suspender a importação de eletricidade a partir de 14 de maio”, disse a RAO Nordic Oy.

Segundo Fingrid, a adequação da eletricidade na Finlândia não está ameaçada, com as importações russas nos últimos anos cobrindo 10% do consumo total da Finlândia.

“A falta de importação de eletricidade da Rússia será compensada importando mais eletricidade da Suécia e gerando mais eletricidade na Finlândia”, disse Reima Päivinen, vice-presidente sênior de operações do sistema de energia da Fingrid.

Algum contexto: O governo finlandês está planejando publicar um segundo documento no domingo propondo que o país se junte à Otan, disse o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, a repórteres na quinta-feira.

A proposta seria então colocada em votação parlamentar com uma plenária marcada para segunda-feira (16) de manhã.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que a possível adesão da Finlândia à Otan marca uma “mudança radical na política externa do país” e alertou sobre contramedidas.

“A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica quanto de outra natureza, a fim de interromper as ameaças à sua segurança nacional que surgem a esse respeito”, afirmou.

No final de abril, a Gazprom disse que interrompeu totalmente o fornecimento à empresa de gás polonesa PGNiG e à Bulgargaz da Bulgária depois que se recusaram a atender a uma demanda de Moscou de pagar em rublos em vez de euros ou dólares.

 

“Rússia é responsável por situação alimentar global tensa”, diz Scholz a Putin

Chanceler alemão teve conversa telefônica com presidente russo, nesta sexta-feira (13), para discutir a guerra na Ucrânia 

O chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente russo Vladimir Putin discutiram a guerra em curso na Ucrânia nesta sexta-feira (13), após uma conversa no início desta semana com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, disse o porta-voz do governo alemão Steffen Hebestreit em um comunicado.

“O chanceler e o presidente russo também discutiram a situação alimentar global, que é particularmente tensa como resultado da guerra de agressão russa. O chanceler lembrou que a Rússia tem uma responsabilidade especial nisso”, segundo o comunicado do governo alemão.

“Dada a gravidade da situação militar e as consequências da guerra na Ucrânia, particularmente em Mariupol, o chanceler pediu ao presidente russo um cessar-fogo o mais rápido possível”, disse o comunicado.

Scholz também discutiu “uma melhora na situação humanitária e progresso na busca de uma solução diplomática para o conflito”.

União Europeia fornecerá mais € 500 milhões em ajuda militar à Ucrânia

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse nesta sexta-feira (13) que o bloco fornecerá mais 500 milhões de euros em apoio militar à Ucrânia e que está confiante de que um acordo pode ser alcançado nos próximos dias para um embargo ao petróleo russo.

Falando a repórteres antes da reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7 na Alemanha, Borrell disse que o apoio militar seria para armas pesadas, como tanques e artilharia, e levaria a ajuda do bloco a cerca de 2 bilhões de euros.

“Um novo impulso para o apoio militar. (Será) mais pressão sobre a Rússia com sanções econômicas e continuidade do isolamento internacional do país e combate à desinformação”, disse ele.

Borrell disse que também está otimista de que um embargo da UE ao petróleo russo também possa ser acordado nos próximos dias. “Tenho certeza de que teremos um acordo. Precisamos dele e teremos. Temos que nos livrar da dependência do petróleo da Rússia”, disse o diplomata.

“Se não houver acordo entre os embaixadores, na próxima segunda-feira (16) os ministros, quando se reunirem, terão que fornecer o impulso político”, afirmou.

 

- Turquia rejeita adesão da Suécia e da Finlândia à Otan contra a Rússia

 

Erdogan critica nórdicos por abrigarem opositores; relatório sueco diz que entrar na aliança militar será positivo

 

O processo de expansão da Otan em reação à invasão russa da Ucrânia ganhou o reforço de um relatório da Suécia que sugere seguir os passos da vizinha Finlândia e pedir a adesão à aliança militar ocidental.

 

Nesta mesma sexta (13), contudo, a Turquia jogou um balde de água fria com a primeira oposição interna séria à iniciativa. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou acompanhar o caso dos países nórdicos e não ter "visões positivas" sobre a intenção de entrar no grupo. Único membro da Otan no Oriente Médio, a Turquia apoia Kiev na guerra, mas é uma aliada próxima e ambígua de Vladimir Putin.

 

Para um novo membro ser aceito na aliança liderada pelos EUA, hoje com 30 integrantes, é preciso que os Parlamentos nacionais de todos os futuros colegas aprovem a medida. Uma rejeição trava o mecanismo.

 

Erdogan tem relação conflituosa com a aliança, que abriga sua arquirrival histórica Grécia, cuja adesão com a Turquia em 1952 foi criticada pelo presidente. "Não queremos repetir os erros. Além disso, os países escandinavos são a casa de organizações terroristas. Não é possível para nós sermos a favor."

 

Guerra na Ucrânia

O boletim para você entender o que acontece na guerra entre Rússia e Ucrânia

 

O líder turco, que usou sua posição mais neutra para tentar mediar a paz entre Kiev e Moscou, deu a senha: vai querer que a Suécia, particularmente, extradite opositores exilados, como membros do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) ou seguidores de Fethullah Gulen, o clérigo que mora nos Estados Unidos acusado de inspirar um golpe contra Erdogan em 2016.

 

Representantes dos nórdicos discutirão a situação com enviados da Turquia em Berlim neste sábado (14). A resistência turca, que se soma à já famosa compra de sistemas antiaéreos da Rússia e a consequente expulsão do programa do caça americano F-35, ocorre em meio ao tom triunfalista anti-Kremlin da Otan.

 

Na quinta (12), a Finlândia anunciou que pedirá para entrar na Otan. Nesta sexta, o Parlamento da vizinha Suécia divulgou um relatório que, embora não seja definitivo, indica que o país quer a mesma coisa.

 

A percepção de que Moscou representa um ameaça real aumentou brutalmente nos dois países nórdicos, vizinhos inclusive fronteiriços no caso finlandês da terra de Putin, após a invasão da Ucrânia.

 

"Uma adesão terá um efeito dissuasivo no norte da Europa", afirma o texto de 43 páginas, elaborado pelo governo e pelos partidos representados no Parlamento. O texto diz que "não se podem excluir provocações e represálias russas" pela medida, mas que o risco é baixo. "Nossa opinião é a de que não sofreremos um ataque militar convencional como reação a uma eventual candidatura", afirmou a chanceler do país, Ann Linde. O relatório abre caminho para a aprovação do pedido pelo Parlamento.

 

A recomendação deverá ser seguida pela mudança na posição histórica do principal partido do país, o Social Democrata, que divulga seu parecer sobre a adesão no domingo. Já há maioria na Casa e na opinião pública em favor da medida, cuja aprovação deve ocorrer no mesmo dia ou na semana que vem.

 

Além dos turcos, os nórdicos estão de olho também na reação da Hungria, integrante europeu da Otan mais próximo de Putin. Até aqui, o autocrático primeiro-ministro Viktor Orbán tem apoiado a aliança militar, mas resistido a ações como o corte da compra de petróleo russo.

 

Se a oposição turca for vencida, a decisão reverterá mais de 200 anos de história. A Suécia se orgulhava de sua neutralidade, decidida em 1809 após a perda da mesma Finlândia para o Império Russo. Já a Finlândia era neutra desde o fim a Segunda Guerra, na qual lutou duas vezes contra a União Soviética.

 

Moscou adotou um tom ameaçador sobre a adesão de Helsinque e fará o mesmo com Estocolmo. O Kremlin afirmou que a adesão é um risco para a segurança nacional russa, uma terminologia sombria, porque remete à retórica contrária a eventual adesão da Ucrânia à Otan antes da guerra.

 

A medida mais provável, de acordo com observadores militares, é o deslocamento oficial de mísseis com capacidade nuclear para Kaliningrado, região russa espremida entre Lituânia e Polônia, à beira do mesmo mar Báltico que banha Suécia e Finlândia. Estocolmo já disse que isso não significaria muito, por considerar que os russos já têm essas armas por lá.

 

Enquanto isso, a estatal russa de energia elétrica anunciou que irá, alegando problemas de pagamentos, cortar a eletricidade que fornece à Finlândia neste sábado. O motivo, claro, é o anúncio sobre a Otan. O país importa 10% de sua luz da Rússia.

 

Já a Otan, na figura do secretário-geral Jens Stoltenberg, celebrou o anúncio finlandês e já disse esperar o sueco. Ambos os pedidos, se não houver alguma reviravolta no caso de Estocolmo, serão analisados oficialmente na cúpula de junho da aliança militar ocidental, a ser realizada em Madri.

 

A dúvida que fica é acerca das garantias provisórias de segurança, já que um processo de adesão à Otan dura de oito meses a dois anos, normalmente, a partir da inscrição formal. Ninguém quer esperar tanto, em especial se Putin conseguir encerrar a guerra contra Kiev sem exaurir suas forças.

 

A decisão dos países nórdicos é mais um efeito geopolítico extremo da guerra, iniciada em 24 de fevereiro. Toda a estrutura de segurança europeia está em reorganização, e diferenças de interesses entre membros da Otan emergem dia a dia, embora a aliança tenha renovado seu senso de missão.

 

De lá para cá, a Rússia foi objeto de sanções econômicas nunca vistas em tempos modernos, todo o arcabouço energético europeu está em xeque, a Otan passou a armar pesadamente a Ucrânia e a arriscar uma Terceira Guerra no processo, a Alemanha anunciou um programa de remilitarização e a China observa a situação da aliada Moscou com um misto de preocupação e ambição num mundo polarizado.

 

Apesar da atitude oficial, nem Suécia nem Finlândia são totalmente neutras. Ambas são membros da União Europeia, bloco político que tem em seu tratado fundador uma cláusula que prevê assistência militar dos colegas em caso de agressão. Mas o dispositivo nunca foi usado.

 

No caso sueco, um país muito mais desenvolvido e incisivo do ponto de vista militar do que a Finlândia, há outras implicações para a adesão. Ao longo dos anos, Estocolmo sempre buscou agir em consonância com a estratégia ocidental, participando de manobras militares conjuntas e compartilhando inteligência.

 

Mas, ao mesmo tempo, sempre buscou ter uma indústria de defesa própria e avançada. Tem produção naval e aeroespacial, como provam os caças Saab Gripen comprados pelo Brasil, e cerca de 85% de sua receita vem de exportação. Aderir à Otan significa entrar num grande bazar em que os atuais 30 membros em tese usam armas e sistemas que são compatíveis entre si.

 

O movimento poderá favorecer a exportação de produtos como os lançadores de foguete antitanque NLAW, estrelas na Guerra da Ucrânia, mas há dúvidas sobre o impacto por exemplo na venda do Gripen.

 

O caça americano F-35 já derrotou o sueco em duas concorrências recentes, inclusive uma para o fornecimento de 64 aparelhos à Finlândia, e tem se firmado como padrão do bloco ocidental.

 

Fonte: CNN Brasil - Folha