Política

Novo ministro das Minas e Energia quer desestatizar Petrobras





Adolfo Sachsida faz pronunciamento, evita falar em mudar política de preços de combustíveis, além de defender a privatização da Eletrobras

O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, pedirá estudos sobre a desestatização da Petrobras e a inclusão da PPSA (Pré-Sal Petróleo) no programa de privatizações do governo. Ele disse que este será o seu 1º ato no cargo.

“Meu 1º ato como ministro de Minas e Energia será solicitar ao ministro Paulo Guedes, o presidente do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), que leve ao conselho a inclusão da PPSA no PND (Programa Nacional de Desestatização)”, afirmou Sachsida.

Ele seguiu: “Ainda como parte do 1º ato como ministro, solicito também o início dos estudos tendentes à proposição das alterações legislativas necessárias à desestatização da Petrobras”.

Sachsida disse que a capitalização da Eletrobras também é uma prioridade do Ministério de Minas e Energia, que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).

“É fundamental avançarmos no processo de capitalização da Eletrobras. É um sinal importante para atrair mais capitais para o Brasil e mostrar ao mundo, de maneira definitiva, que o Brasil é o porto seguro do investimento”, afirmou.

Este foi o 1º pronunciamento de Adolfo Sachsida como ministro de Minas e Energia. Ele deu a declaração para a imprensa na sede do ministério e saiu sem responder às perguntas dos jornalistas. 

O novo ministro de Minas e Energia também colocou o projeto de lei que muda o regime de partilha dos leilões do pré-sal para o regime de concessões na lista de prioridades, além do projeto que trata da modernização do setor elétrico. Os projetos estão no Congresso Nacional.

Disse ter “certeza que, em parceria com o Congresso Nacional, iremos aprovar importantes projetos de lei para aprimorar marcos legais e melhorar a segurança jurídica, dando a previsibilidade necessária para que o investimento privado flua cada vez mais para o Brasil”.

Combustíveis

Sachsida evitou falar diretamente sobre os combustíveis e a política de preços a Petrobras. A disparada dos preços tem irritado o presidente Jair Bolsonaro e levou à demissão do ex-ministro Bento Albuquerque nesta 4ª feira (11.mai).

Nesta semana, a Petrobras anunciou mais um aumento do diesel. O combustível subiu 8,9% nas refinarias. O presidente havia um feito um “apelo”na semana passada para que a empresa não aumentasse os preços. O chefe do Executivo pediu que a Petrobras “não quebre o Brasil” na live em que chamou o lucro da empresa de “estupro”. A Petrobras teve um lucro líquido recorde de R$ 44,5 bilhões no 1º trimestre de 2022.

O novo ministro disse, contudo, que o governo deve avançar em medidas estruturais, porque “medidas pontuais têm pouco ou nenhum impacto e, por vezes, tem um impacto oposto ao desejado”. Falou ainda que tinha “100% de apoio e aval” de Bolsonaro para trabalhar nessa linha.

Economia

O novo ministro de Minas e Energia foi secretário de Política Econômica e atualmente atuava como chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia. Na posição, foi um dos grandes defensores da consolidação fiscal.

Ao falar como ministro nesta 4ª feira (11.mai), Sachsida voltou a defender pautas caras à equipe econômica, como a aprovação de novos marcos regulatórios para a atração de investimentos privados.

“Temos que insistir na economia pelo lado da oferta. Precisamos melhorar os marcos legais e trazer mais segurança jurídica para o investimento privado aportar cada vez mais no Brasil, aumentando a produtividade da nossa economia e, com isso, expandindo a oferta agregada, o emprego e a renda”, afirmou.

Ainda pediu a aprovação pelo Congresso Nacional dos seguintes projetos:

  • Mais Garantias Brasil;
  • MP 1085/2021: Modernização de Registros Públicos;
  • PL 4188/2021: Novo Marco de Garantias;
  • MP 1103/2022: Novo Marco de Securitização;
  • MP 1104/2022: Aprimoramento das Garantias Agro.

Sem citar a guerra entre Rússia e Ucrânia, ele disse que o momento é de “realinhamento mundial dos investimentos” e falou que o Brasil precisa aproveitar esse movimento para atrair novos investimentos.

Agradecimentos

No 1º discurso como ministro de Minas e Energia, Sachsida agradeceu o presidente Bolsonaro pela confiança e a ministro Paulo Guedes pelo apoio nos últimos 3 anos de trabalho.

Ele também fez um agradecimento ao ex-ministro Bento Albuquerque e a toda a equipe do Ministério de Minas e Energia. Disse que seu antecessor “prestou um serviço valioso ao Brasil, seja na questão da cessão onerosa, seja na liderança de outros processos igualmente importantes para o Brasil”.

Sachsida ainda fez agradecimentos à família e a Deus. “Peço a Deus para nos conceder a graça de ajudar o Brasil nesse momento tão delicado”, disse.

 

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- Waack: Bolsonaro quer que alguém resolva alta dos combustíveis

Como o ministro não resolveu, e nem teria mesmo como resolver, Bolsonaro livrou-se do ministro, mas continuou com o problema

Ao exonerar o ministro de Minas e Energia, o presidente Jair Bolsonaro escancarou dois grandes problemas.

O primeiro é ele mesmo, Jair Bolsonaro.

Como só pensa em reeleição, e acha que os preços dos combustíveis vão atrapalhar, Bolsonaro quer alguém que resolva isso por ele.

Como o ministro não resolveu, e nem teria mesmo como resolver, Bolsonaro livrou-se do ministro, mas continuou com o problema.

É o segundo dos dois problemas: como administrar, quer dizer, evitar a subida de energia, gás, gasolina, eletricidade, diesel? Privatiza a Petrobras, diz Bolsonaro.

Enquanto isso vamos tomar dinheiro arrecadado com o pré-sal e investir em medidas estruturantes. Algumas, por sinal, muito cobiçadas pelo Centrão, tais como construir gasodutos em áreas sob seu interesse.

Para dor de cabeça de Bolsonaro, nada disso conseguirá ser resolvido antes da eleição.

Fonte: Poder360 - CNN Brasil