Economia

Bolsa fecha no menor patamar em quase 4 meses; dólar sobe a R$ 5





Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,16%, aos 105.134,73 pontos, enquanto a moeda norte-americana terminou com valorização de 1,13%

Ibovespa fechou em queda de 0,16%, aos 105.134,73 pontos, nesta sexta-feira (6), após acompanhar as bolsas dos Estados Unidos em uma sessão volátil. Esse foi o menor patamar em quase quatro meses, quando bateu 103.779 pontos, em 11 de janeiro de 2022.

À época, agentes do mercado digeriam dados de inflação domésticos mais fortes do que o esperado.

O período de divulgação de balanços trimestrais favoreceu ações de algumas empresas, caso da Petrobras e do Bradesco, e permitiu uma alta no índice em parte da sessão, mas também levou a algumas das maiores quedas do dia, como da Petz e do Carrefour, o que, combinado com a cautela global, puxou o índice para baixo.

Já o dólar subiu 1,13%, cotado a R$ 5,073, favorecido por uma piora nas perspectivas dos investidores em relação à situação da economia global.

A alta foi aliviada por um leilão do Banco Central, mas a moeda chegou a bater os R$ 5,11 na máxima após o relatório mensal de empregos dos Estados Unidos indicar uma nova alta nos salários e uma economia aquecida, reforçando temores sobre a inflação no país e a correspondente alta de juros para combatê-la.

O foco do dia também foi a abertura de 428 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em abril nos EUA, acima dos 391 mil esperados pelo mercado. Houve leve revisão para baixo no índice de março. A taxa de desemprego ficou estável.

Os dados, que mostram um mercado de trabalho norte-americano robusto, são chave na definição dos próximos passos da política monetária no país, em meio à elevação dos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, para conter a inflação.

Banco Central iniciou a partir desta sexta-feira as rolagens dos contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 1° de julho de 2022, começando com oferta nesta sessão, entre 11h30 e 11h40, de até 15 mil contratos. Desde 6 de abril, o BC estava realizando a rolagem com vencimento em 1 de junho.

Especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business apontam que o movimento do BC, que acontece desde 6 de abril, pode ajudar a dar liquidez na moeda.

Na quinta-feira (5), o dólar subiu 2,34%, a R$ 5,016, enquanto o Ibovespa recuou 2,81%, aos 105.304,19 pontos – o menor patamar desde 12 de janeiro.

Risco e a renda fixa

O instigador mais recente da aversão global a riscos foi a alta de juros nos Estados Unidos, anunciada pelo Federal Reserve na quarta-feira (4). Apesar de descartar altas de 0,75 p.p. ou um risco de recessão, a autarquia sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança, mas prejudica as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Junto com uma série de elevações de juros pelo mundo, os lockdowns na China para tentar conter a Covid-19 aumentam as projeções de uma forte desaceleração econômica, prejudicando os mercados.

guerra na Ucrânia e seus efeitos inflacionários com disrupções de cadeias e sanções, em especial em commodities como o petróleo, também agravam o quadro. Após a União Europeia anunciar um plano para proibir as importações de óleo russo, o petróleo voltou a superar a casa dos US$ 110 o barril.

Moeda norte-americana

fechou no maior patamar em sete semanas, com o mercado doméstico refletindo mais um dia de sentimento frágil nas praças internacionais, enquanto investidores aqui questionam o espaço para mais valorização cambial.

O dólar engatou a terceira semana de ganhos, mais longa série do tipo desde outubro do ano passado. O real teve nesta semana o pior desempenho entre alguns de seus principais pares emergentes. No acumulado da semana, o dólar aumentou 2,63%. Em 2022, a moeda reduziu as perdas para 8,97%.

Ao CNN Brasil Business, especialistas associaram essa valorização recente a dois principais fatores: a perspectiva de altas maiores de juros nos Estados Unidos e os temores em relação aos lockdowns estabelecidos em uma série de cidades economicamente relevantes na China.

Os juros norte-americanos maiores tendem a atrair investimentos para o mercado de títulos do Tesouro do país, retirando capital de mercados considerados mais arriscados que o dos Estados Unidos, caso do Brasil.

Já as medidas de controle de disseminação da Covid-19 na China, que afetam cidades como Xangai e Pequim, tendem a reduzir a demanda da segunda maior economia do mundo por commodities, prejudicando seus principais fornecedores, entre eles o Brasil, e influenciando negativamente nos preços desses produtos.

 

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- Presidente da Petrobras defende política de preços: “Não podemos nos desviar”

Em evento com acionistas, José Mauro Ferreira Coelho defendeu a paridade com a cotação internacional do petróleo

Em sua primeira conferência com investidores depois de ter anunciado o lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022 da Petrobras, o novo presidente da companhia, José Mauro Ferreira Coelho reiterou nesta sexta-feira (6) os compromissos da estatal com o preço de paridade internacional (PPI) dos combustíveis.

“O que nos leva ao resultado de hoje, além da elevação do preço do barril de petróleo, é a gestão responsável. Não podemos nos desviar dos preços de mercado, uma condição necessária para a geração de riqueza, não só para a companhia, mas para toda a sociedade brasileira, para o país”, afirmou.

Ele classificou a política de preços como “fundamental” para atrair investimentos no Brasil e também para garantir o suprimento de derivados do petróleo que o Brasil importa, caso do diesel, gasolina e GLP.

Os comentários de Ferreira Coelho ocorreram um dia depois do presidente Jair Bolsonaro (PL) classificar o lucro da Petrobras como um “estupro”. Ele disse ainda que a estatal “não pode mais aumentar o preço dos combustíveis, isso é um crime”, e criticou os salários de executivos.

“As pessoas da Petrobras ganham R$ 200 mil, esse povo não está preocupado com o preço dos combustíveis“.

A PPI foi implementada em 2016, durante o governo do então presidente Michel Temer (MDB), e baseia os custos dos combustíveis nas despesas de importação, que variam com o câmbio e incluem custos de transporte tarifas portuárias.

O presidente da estatal também afirmou que a Petrobras é “uma das empresas que mais recolhe tributos e participações governamentais, figurando como a maior contribuinte em diversos estados e municípios, retornando para a sociedade tudo aquilo que gera de valor”.

“No 1º trimestre de 2022, foram R$ 70 bilhões [de arrecadação de impostos]. Essa arrecadação promove mais investimentos, mais desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda para todos os brasileiros. Permite investimentos em saúde, segurança, saneamento e outras obras importantes para os brasileiros. Continuaremos trabalhando para produzir resultados ainda melhores e mais robustos”.

Durante a conferência, Ferreira Coelho destacou ainda que sua gestão está comprometida com o Plano Estratégico da Petrobras para 2022 a 2026.

Ele prevê 15 novas plataformas no período, 13 delas concentradas no pré-sal, campo prioritário dos investimentos. Os aportes devem, segundo o dirigente, ampliar em 500 mil barris diários a produção brasileira. A Petrobras pretende também prosseguir com a política de desinvestimento de ativos.

“Seguiremos com o desinvestimento de ativos identificados como non-core (não estratégicos) para a empresa e objetos dos Termos de Compromisso de Cessação (TCCs) assinados com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em refino em infraestruturas de gás natural. Ressalto aqui que não estamos saindo do refino. Estamos simplesmente fazendo um ajuste de portfólio, ficando com aquelas plantas que, segundo nossas estratégias, são mais propícias”, disse.

A previsão da empresa é investir, nos próximos cinco anos, US$ 7 bilhões em refino, com ênfase no aumento da segurança e da eficiência energética.

O plano é substituir até 2026 todo diesel S-500, de uso rodoviário, por S-10, com menor emissão de carbono. O dirigente aponta ainda os rumos da estratégia de investimentos e de desinvestimentos.

“Continuaremos adequando nosso portfólio para investir em ativos em que temos claras vantagens competitivas. Continuaremos a desinvestir em ativos menores aderentes à estratégia ou que gerem menor retorno financeiro. É algo natural em uma empresa do porte da Petrobras. Além de gerar caixa, permite que outras empresas gerem esses recursos, fortalece a economia”, avalia.

Fonte: CNN Brasil com informações da Reuters