Política

Bolsonaro nega diálogo com CIA sobre eleições





Presidente disse não ter conversado com agência; CIA afirma ter pedido para ele não interferir na eleição

O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter recebido recomendações sobre as eleições do presidente da CIA (Agência de Inteligência dos Estados Unidos), William Burns. A declaração foi dada durante a livesemanal do chefe do Executivo, em seu canal no YouTube.

Segundo a agência de notícias Reuters, o diretor da CIA disse a altos funcionários do governo brasileiro que Bolsonaro deveria parar de questionar a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro. A conversa teria sido em julho de 2021.

O presidente afirmou que seria “extremamente deselegante” um chefe da CIA vir ao Brasil para “dar recado”, classificando a reportagem como uma mentira para “criar uma narrativa plantada fora do Brasil quando as Forças Armadas foram convidadas a participar do processo eleitoral”.

O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, também participou da transmissão ao vivo e confirmou ter se reunido com integrantes da CIA em julho, mas para trocar experiências sobre a área da inteligência e não sobre as eleições.

“Essa conversa sobre eleições jamais aconteceu”, disse Heleno, que chamou a reportagem de “notícia falsa”.

ENTENDA O CASO

O diretor da CIA afirmou a altos funcionários do governo do Brasil que Bolsonaro deveria parar de questionar a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro.

Segundo a Reuters, duas pessoas afirmaram que o pedido foi realizado durante uma reunião íntima a “portas fechadas”. Uma 3ª pessoa disse ao veículo que o pedido foi realizado, mas não tem certeza se Burns foi o autor da mensagem. 

Burns é a autoridade do mais alto escalão dos EUA a ter se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro em Brasília, desde que Biden foi eleito. O ministro do GSI, Augusto Heleno, e Alexandre Ramagem, que na época estava à frente da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), também teriam participado do encontro.

Em 2021, Bolsonaro criticou o sistema eleitoral pelo menos 23 vezes. O número inclui acusações de supostas fraudes em disputas passadas, menções a pleitos “esquisitos” realizados no exterior e exemplos de votações “limpas” que o Brasil deveria seguir. Também entram na conta as ocasiões em que o chefe do Executivo usou a palavra “fraude” como sinônimo de eleição sem voto impresso.

 

- Bolsonaro diz que PL contratará empresa para auditar eleições

O presidente disse ainda que caso o custo do contrato fique alto, pedirá auxílio a siglas aliadas

O presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou, durante live que o partido dele, o PL, presidido por Valdemar Costa Neto, contratará uma empresa para realizar auditoria independente nas eleições de 2022. O chefe do Executivo disse que o trabalho da empresa começará assim que o contrato for assinado e que a mesma acompanhará também a pré-eleição. 

"Tive com o presidente do PL há poucos dias e, como está na legislação, nós contrataremos uma empresa para fazer auditoria nas eleições. Deixo claro, até já adianto ao TSE: essa auditoria não vai ser feita após eleições, uma vez ela contratada, a empresa já começa a trabalhar. A empresa vai pedir ao TSE uma quantidade grande de informações, ela vai pedir às FA (Forças Armadas) o trabalho que as FA fez até agora", disse. 

"Pode, em poucas semanas de trabalho, essa empresa que faz auditoria no mundo todo, empresa de ponta, ela pode chegar a conclusão, que, antes das eleições, ela pode daqui a 30, 40 dias, chegar a conclusão de que dada a documentação que tem na mão, dado o que já foi feito até o momento para melhor termos umas eleições livre de qualquer suspeita, ingerência externa. Ela pode falar que é impossível auditar. E não aceita fazer o trabalho. Olha a que ponto vamos chegar", alegou.

"Agora estamos vendo o TSE, os seus ministros, o seu Barroso, basicamente, o senhor Fachin, o senhor Alexandre de Moraes, entrou Lewandowski agora no lugar do Barroso, ficar numa situação complicada porque nós devemos dar satisfação. Está garantido por lei o partido contratar empresa para fazer auditoria", completou.

Bolsonaro disse ainda que caso o custo do contrato fique alto, pedirá auxílio a outras siglas aliadas.

"Se o custo ficar muito caro, a gente vai pedir socorro a outro partido que deve estar conosco nessa empreitada. As eleições tem que ser realizadas sem qualquer sombra de dúvidas, afinal de contas, é o momento do TSE mostrar para o mundo que temos um sistema mais confiável do mundo no tocante às eleições. Inclusive, vamos dar parabéns para Bangladesh e Butão. São os dois únicos países que fazem eleições com esse sistema eleitoral", ironizou. 

Fonte: Poder360 - Correio Braziliense