Política

Otan desordenou a Europa. Agora tenta desordenar o mundo?, diz China





Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês retrucou fala de autoridade britânica; secretária do Reino Unido fez alerta de que Pequim deve "jogar pelas regras"

A China acusou a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de “desordenar” a Europa, e questionou se agora a aliança militar ocidental quer desordenar a região da Ásia-Pacífico e o mundo.

A declaração foi feita pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Webin, durante uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (28).

Webin fez essa afirmação ao retrucar uma fala da secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss.

Na quarta-feira (27), ao comentar as movimentações do Ocidente para isolar economicamente a Rússia por causa da guerra na Ucrânia, Truss declarou que “todos os países devem jogar pelas regras, e isso inclui a China”.

No mesmo pronunciamento, feito em Londres, Truzz fez um alerta de que a posição da China em relação à Ucrânia pode afetar a ascensão econômica de Pequim.

“Eles não vão continuar a crescer se não jogarem pelas regras. China precisa fazer negócios com o G7. Nós [do G7] representamos cerca de metade da economia global. E temos escolhas”, disse Truzz.

Questionado sobre essa declaração da secretária britânica, o porta-voz Wang Webin disse que “as ‘regras’ deveriam ser as normas que regem as relações internacionais entre governos, com base nos propósitos e princípios da Carta da ONU. E não as ‘regras’ definidas por uma determinada camarilha ou bloco”.

“A Sra. Truss também mencionou a Otan. Uma vez que a Guerra Fria terminou há muito tempo, a Otan – como produto da Guerra Fria e a maior aliança militar do mundo – deveria ter feito os ajustes necessários de acordo com a mudança dos tempos”, disse o representante do Ministério das Relações Exteriores de China.

“No entanto, a Otan se apegou ao antigo conceito de segurança, engajou-se no confronto em bloco e se tornou uma ferramenta para certos países buscarem hegemonia. Alegam ser uma organização defensiva, mas constantemente criam confrontos e distúrbios”, acrescentou.

O porta-voz ainda alegou que a aliança militar ocidental tem “travado guerras desenfreadamente e lançado bombas em estados soberanos, matando e deslocando civis inocentes”.

“Vale a pena refletir sobre o impacto da expansão da Otan para o leste na paz e estabilidade a longo prazo da Europa. A Otan desordenou a Europa. Agora tenta desordenar a Ásia-Pacífico e até o mundo?”, completou.

Wang Webin ainda reiterou que a posição da China sobre a Ucrânia é “consistente e clara”. “Sempre fazemos julgamentos independentes com base nos méritos de cada assunto”, concluiu.

 

- Rússia usa submarino em ataque à Ucrânia pela primeira vez; veja vídeo

Embarcação da classe Kilo dispara mísseis de cruzeiros contra alvos militares

Em meio ao aumento de apoio bélico do Ocidente à Ucrânia, Rússia usou pela primeira vez um submarino no mar Negro para disparar mísseis de cruzeiro contra alvos militares no vizinho, segundo o Ministério da Defesa do país informou à agência Interfax. Não há confirmação independente disso.

Um dos seis submarinos diesel-elétricos de ataque da Frota do Mar Negro, integrantes da classe Kilo, lançou uma salva de mísseis Kalibr nesta sexta (29), segundo a pasta. Em um vídeo distribuído pelos russos, é possível ver ao menos dois disparos.

As embarcações ficam baseadas em Sebastopol, na Crimeia, e até aqui Moscou não havia relatado seu uso na Guerra da Ucrânia —embora analistas considerassem que eles estavam ativos.

Com isso, foi adicionado mais um vetor no conflito. Mísseis de cruzeiro estão sendo usados de forma intensiva no conflito, e já foram lançados de sistemas terrestres baseados na costa da Crimeia anexada em 2014 por Moscou, de fragatas no mar Negro e de bombardeiros Tu-22.

A vantagem do uso de submarinos é a dificuldade de determinar sua posição antes do ataque, adicionando o fator surpresa. Ainda assim, apesar do vexame de ter perdido o cruzador pesado Moskva neste mês, a Marinha Russa de forma geral domina o mar Negro.

O mar, apesar de ter uma fama internacional menor do que águas disputadas como o mar do Sul da China, é o corpo d'água com mais instabilidade em suas margens desde o fim da Guerra Fria, em 1991. De lá para cá, foram travadas dez guerras, incluindo a atual, em regiões de países banhados por suas águas.

O Moskva não operou com mísseis Kalibr nesta guerra. Ele foi afundado há duas semanas por grandes explosões a bordo, que Kiev e os EUA dizem ter sido provocadas por mísseis antinavio costeiros Netuno, fabricados na Ucrânia. Já a Rússia fala que houve um acidente em seu depósito de armas, algo tão ou mais vergonhoso do ponto de vista operacional.

Isso dito, a Marinha da Ucrânia está manietada no conflito. Seu principal navio foi afundado pelos tripulantes no porto no começo da guerra, para evitar que caísse em mãos russas, e apenas pequenas embarcações ainda são vistas na região de Odessa.

O maior porto ucraniano é um ponto focal da guerra. Se o plano presumido da Rússia de conquistar toda a costa do mar Negro for verdadeiro, Odessa terá de ser tomada. Só que um assalto anfíbio puro não faria sentido sem tropas de ligação às costas da defesa da Ucrânia na cidade, o que ainda parece distante de acontecer.

Ainda assim, bombardeios são frequentes e quase todo dia navios russos surgem rapidamente no horizonte visível da costa da cidade, como uma forma de pressão psicológica.

 

Ucrânia culpa mísseis russos por explosões em Kiev

A Rússia disparou dois mísseis contra a capital ucraniana, Kiev, nessa quinta-feira (29), durante a visita do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. Um deles atingiu o andar de baixo de um prédio residencial, ferindo pelo menos três pessoas, disse o prefeito da cidade.

A Reuters não conseguiu verificar, de maneira independente, a causa das explosões. A situação em Kiev tem estado relativamente calma, desde que as forças russas não conseguiram tomá-la diante da resistência ucraniana e recuaram há várias semanas, mas a capital continua vulnerável às armas de longa distância da Rússia.

As explosões abalaram o distrito central de Kiev, Shevchenko, e as três pessoas feridas foram internadas no hospital, disse o prefeito Vitali Klitschko em publicação no Twitter.

Os ministros da Defesa, Oleksii Reznikov, e das Relações Exteriores, Dmytro Kulebav, disseram que as explosões foram causadas por mísseis russos. Testemunhas da Reuters hviam relatado previamente o som de duas explosões.

Os ataques ocorreram após o chefe da ONU concluir reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, focada em tentativas de retirar civis da cidade portuária de Mariupol, no Sul do país e sitiada pelos russos.

Guterres disse à emissora portuguesa RTP, ao ser questionado sobre as explosões: “Houve um ataque a Kiev. Fiquei chocado, não porque estou aqui, mas porque Kiev é uma cidade sagrada tanto para ucranianos quanto para os russos”.

O chefe de gabinete de Zelenskiy, Andriy Yermak, afirmou que as explosões são prova de que o país de vitória rápida sobre a Rússia. "Precisamos agir rapidamente - mais armas, mais ações humanitárias - porque todos os dias a Ucrânia paga o preço pela proteção da democracia e da liberdade”.

Fonte: UOL - CNN Brasil - Agência Brasil - Reuters