Política

Rússia relata explosões no Sul; Ucrânia chama de vingança por invasão





A Rússia relatou uma série de explosões no Sul do país e um incêndio em depósito de munição nesta quarta-feira (27), o último de uma série de incidentes que um alto funcionário ucraniano descreveu como vingança e "carma" pela invasão do país feita por Moscou.

Sem admitir diretamente que a Ucrânia foi responsável, o conselheiro presidencial Mykhailo Podolyak disse que é natural que as regiões russas onde o combustível e as armas são armazenados estejam aprendendo sobre "desmilitarização".

O uso da palavra foi uma referência ao objetivo declarado de Moscou para a guerra de nove semanas na Ucrânia, que chama de operação militar especial para desarmar e "desnazificar" o vizinho.

"Se vocês (russos) decidirem atacar massivamente outro país, matar todos lá, esmagar pessoas pacíficas com tanques, e usar armazéns em suas regiões para permitir as mortes, então mais cedo ou mais tarde as dívidas terão que ser pagas", afirmou Podolyak.

As explosões de hoje seguiram-se a um grande incêndio nesta semana em uma instalação russa de armazenamento de petróleo na região de Bryansk, perto da fronteira.

No início deste mês, a Rússia acusou a Ucrânia de atacar um depósito de combustível em Belgorod com helicópteros, o que um funcionário da segurança de Kiev negou, e de abrir fogo contra várias vilas da província.

Os incidentes mostraram vulnerabilidades russas em áreas próximas à Ucrânia, vitais para suas cadeias logísticas militares.

Carma cruel

Nos últimos incidentes, o governador regional de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, informou que um incêndio em depósito de munição havia sido extinto e que nenhum civil ficou ferido.

Roman Starovoyt, governador de Kursk, outra província que faz fronteira com a Ucrânia, disse que também haviam sido ouvidas explosões na cidade de Kursk e que, muito provavelmente, os sons dos sistemas de defesa aérea estavam disparando.

Mais tarde, afirmou que um veículo aéreo ucraniano não tripulado foi interceptado no céu sobre a região de Kursk, acrescentando que não houve vítimas ou danos.

Em Voronezh, o centro administrativo de outra província do sul, a agência de notícias Tass citou um funcionário do Ministério de Emergências segundo o qual duas explosões foram ouvidas e as autoridades estavam investigando.

O governador regional Alexander Gusev afirmou, hoje de manhã, que um sistema de defesa aérea havia sido detectado e destruído pequeno drone de reconhecimento.

A Rússia informou que estava enviando investigadores para as regiões de Kursk e Voronezh, a fim de documentar o que chama de "ações ilegais do Exército ucraniano".

Podolyak disse que não era possível "ficar de fora" da invasão russa. "E, portanto, o desarmamento dos armazéns dos assassinos de Belgorod e Voronezh é um processo absolutamente natural. O carma é uma coisa cruel", afirmou.

 

- União Europeia chama corte no envio de gás de “chantagem”; Rússia nega

Estatal russa Gazprom, a maior empresa de gás natural do mundo, interrompeu o fornecimento do produto para Polônia e Bulgária por falta de pagamentos em rublos

A gigante estatal de energia russa Gazprom interrompeu nesta quarta-feira (27) o fornecimento de gás à Bulgária e à Polônia por não pagarem pelo combustível em rublos, a resposta mais dura do Kremlin até agora às sanções impostas pelo Ocidente devido à invasão da Ucrânia.

A Gazprom, a maior empresa de gás natural do mundo, também alertou que o transporte do combustível via Polônia e Bulgária – que abrigam oleodutos que abastecem a Alemanha, Hungria e Sérvia – seria cortado se o gás fosse levado ilegalmente.

A presidente do órgão executivo da União Europeia classificou como “chantagem” a medida da Gazprom, mas disse que o bloco está trabalhando em uma resposta coordenada à escalada de Moscou.

“O anúncio da Gazprom de que está interrompendo unilateralmente a entrega de gás a clientes na Europa é mais uma tentativa da Rússia de usar o gás como instrumento de chantagem”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

“Isso é injustificado e inaceitável. E mostra mais uma vez a falta de confiabilidade da Rússia como fornecedora de gás”, disse ela em comunicado.

Von der Leyen disse que a UE está preparada para esse cenário e continuará seu trabalho para garantir suprimentos alternativos de gás e que o armazenamento de gás seja preenchido.

As regras da UE exigem que todos os países tenham um plano de contingência para lidar com um choque no fornecimento de gás. O armazenamento de gás da UE está atualmente 32% cheio.

A UE estava trabalhando em uma resposta coordenada à escalada da Rússia, disse von der Leyen, e o “grupo de coordenação de gás” do bloco de representantes de governos nacionais e da indústria de gás se reuniu na manhã desta quarta-feira.

O Ministério do Clima da Polônia disse na terça-feira que seu fornecimento de energia está seguro e que não há necessidade de limitar o fornecimento aos consumidores.

Kremlin nega

O Kremlin rejeitou as acusações de chantagem em seu movimento para interromper o fornecimento de gás para a Polônia e a Bulgária depois que os países se recusaram a pagar em rublos.

“Isso não é chantagem”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres em uma teleconferência.

“A necessidade das condições que foram documentadas no decreto do presidente [Putin], ou seja, o novo método de pagamento, foi causada por medidas hostis sem precedentes na economia e no setor financeiro tomadas contra nós por países hostis”, disse Peskov.

Segundo Peskov, a Rússia foi forçada a mudar para o pagamento em rublos pelo fornecimento de gás à Europa devido às novas restrições.

“Tivemos uma quantidade significativa de nossas reservas bloqueadas, ou ‘roubadas’, para simplificar. Tudo isso exigiu uma transição para um novo sistema de pagamento”, continuou Peskov.

Peskov acrescentou que todas as novas condições “foram levadas ao conhecimento dos compradores com antecedência”.

 

- Ordem internacional está em risco se Rússia não for punida, diz general dos EUA

Na avaliação do general Mark Milley, diretriz de segurança mundial impede guerra entre potências e agressões a nações menores

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Mark Milley, disse à CNN nesta terça-feira (26) que toda a “ordem de segurança internacional global” posta em prática após a Segunda Guerra Mundial está em jogo se a Rússia escapar “sem penalidade” após sua invasão da Ucrânia.

O principal general dos EUA falou exclusivamente à CNN após uma reunião organizada pelo secretário de Defesa americano Lloyd Austin com países aliados na Base Aérea de Ramstein, na Alemanha. Austin reuniu os países para discutir a situação atual na Ucrânia.

“Se isso for deixado de lado, se não houver resposta para essa agressão, se a Rússia se safar dessa sem custos, então a chamada ordem internacional também acaba, e se isso acontecer, então estamos entrando em uma era de instabilidade séria”, disse Milley.

“O que está em jogo é a ordem de segurança internacional global que foi posta em prática em 1945. Essa ordem durou 78 anos, evitou a guerra de grandes potências, e sublinhando todo esse conceito é a ideia de que grandes nações não conduzirão agressão militar contra menores nações, e foi exatamente isso que aconteceu aqui”, acrescentou.

O alerta de Milley sobre as potenciais implicações globais das ações da Rússia na Ucrânia também ressalta o atual senso de urgência sentido pelos EUA e seus aliados à medida que a guerra entra no que pode ser um momento crítico.

“Sem tempo a perder”

Logo após a entrevista de Milley, Austin também enfatizou a importância de agir rapidamente para fornecer à Ucrânia a ajuda militar necessária, dizendo em entrevista coletiva que os EUA e outros aliados “não têm tempo a perder” quando se trata de fornecer assistência crucial para combater a Rússia.

“Não temos tempo a perder. Os briefings de hoje explicaram claramente por que as próximas semanas serão cruciais para a Ucrânia, então temos que nos mover na velocidade da guerra. E eu sei que todos os líderes vão embora hoje mais decididos do que nunca em apoiar a Ucrânia em sua luta contra a agressão e as atrocidades russas”, disse Austin.

O secretário destacou o compromisso da Alemanha de enviar 50 sistemas antiaéreos para a Ucrânia, anunciado na terça. O governo britânico informou que forneceria capacidades antiaéreas adicionais para a Ucrânia também, e o Canadá afirmou queenviarár à Ucrânia oito veículos blindados, disse Austin.

Ele também disse que achava que a Ucrânia “deverá se candidatar mais uma vez para se tornar membro da Otan” no futuro.

“Acho que a Otan sempre terá seus princípios de manter uma porta aberta. Portanto, não quero especular sobre o que pode acontecer”, disse em entrevista coletiva. Austin reiterou que um dos objetivos dos EUA é “tornar mais difícil para a Rússia ameaçar seus vizinhos e deixá-los menos capazes de fazer isso”.

“Suas forças terrestres foram reduzidas de uma maneira muito significativa. As baixas são bastante substanciais, perderam muitos equipamentos. Eles usaram muitas munições guiadas com precisão. E assim, eles estão, de fato, em termos de capacidade militar, mais fracos do que quando começaram”, completou.

Austin também apontou como as sanções internacionais à Rússia tornariam mais difícil para Moscou substituir essa capacidade militar perdida.

Raciocínio nuclear “completamente irresponsável”

Milley também criticou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, por seus comentários recentes sobre o perigo de uma guerra nuclear, dizendo que é “completamente irresponsável” que qualquer líder de uma potência nuclear comece a “agitar a questão nuclear”.

“Sempre que um líder de um estado-nação começa a agitar a questão nuclear, todos levam a sério”, disse Milley durante sua entrevista à CNN.

Lavrov disse na segunda-feira (25) que a dissuasão nuclear é a “posição de princípio” da Rússia, mas acrescentou: “O perigo é sério, é real, não pode ser subestimado”.

Milley disse que os militares dos EUA estão monitorando a ameaça nuclear da Rússia junto com aliados.

CNN informou no início deste mês que os militares americanos estão mantendo uma vigilância constante sobre o arsenal nuclear da Rússia enquanto a guerra na Ucrânia continua e Austin está sendo informado duas ou três vezes por semana sobre a situação.

Os EUA não viram nenhuma indicação de que a Rússia tenha feito qualquer movimento para preparar armas nucleares para uso durante a guerra, mas duas fontes familiarizadas com recentes avaliações de inteligência disseram à CNN que as autoridades estão mais preocupadas com a ameaça de a Rússia usá-las do que em qualquer momento desde a Guerra Fria.

 

- Ucrânia mantém controle sobre maior parte de seu espaço aéreo, diz Reino Unido

Novas explosões foram registradas nesta quarta-feira (27) em regiões russas próximas à fronteira

Dois meses após o início da invasão russa, a Ucrânia mantém controle sobre a maior parte do seu espaço aéreo, já que a Rússia não conseguiu destruir efetivamente a Força Aérea Ucraniana, afirmou o Ministério da Defesa do Reino Unido.

Em relatório divulgado nesta quarta-feira (27), a inteligência britânica avalia que a Rússia não conseguiu eliminar as defesas aéreas da Ucrânia, que continuam a representar um risco para os ativos aéreos russos.

A atividade aérea da Rússia mantém seu foco no sul e no leste ucranianos, providenciando apoio para suas forças terrestres. Os bombardeios a cidades como Mariupol estão sendo realizados com bombas não guiadas, que aumentam o risco de mortes de civis, avalia o Reino Unido.

Ainda segundo a inteligência britânica, a Rússia mantém seus ataques aos ativos militares da Ucrânia e à infraestrutura logística do país, apesar do díficil acesso ao norte e oeste ucranianos.

Explosões na fronteira

Uma série de explosões foi ouvida na madrugada desta quarta em três províncias russas na fronteira com a Ucrânia, disseram autoridades, e um depósito de munição na província de Belgorod foi atingido por um incêndio.

A Rússia já acusou a Ucrânia neste mês de atacar um depósito de combustível na região com helicópteros e abrir fogo contra várias aldeias da província. Belgorod faz fronteira com as regiões ucranianas de Luhansk, Sumy e Kharkiv, que enfrentam intensos combates desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há dois meses.

Roman Starovoyt, governador da província russa de Kursk, que também faz fronteira com a Ucrânia, disse que explosões foram ouvidas na cidade de Kursk no início da quarta-feira, junto ao som de sistemas de defesa aérea.

Em Voronezh, centro administrativo de outra província adjacente à Ucrânia, a agência de notícias russa TASS citou um funcionário do Ministério de Emergências dizendo que duas explosões foram ouvidas e as autoridades estão investigando.

 

- Polônia desvaloriza corte de gás russo e quer importar dos EUA e Golfo

A Polônia garante que conseguirá "lidar" com a ausência de gás russo e considera importar dos Estados Unidos e países do Golfo, depois de a gigante da energia Gazprom ter suspendido todas as exportações para territórios polaco e búlgaro. A alegação é a recusa de Varsóvia e Sófia de pagarem em rublos, conforme Moscou exige. A União Europeia (UE) prometeu, entretanto, responder à "injustificável e inaceitável" decisão russa. A Bulgária fala em "chantagem".

“Estou certo de que vamos encontrar formas de lidar com isso”, afirmou à BBC o vice-ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, Marcin Przdacz, acrescentando que Varsóvia já planejava deixar de importar gás russo até o fim do ano, quando seu contrato com a empresa Gazprom expira.

“A Polônia tomou algumas decisões há vários anos a fim de estar preparada para uma situação como essa”, disse Przdacz. “Agora, há opções para importar gás de outros parceiros”, incluindo os Estados Unidos e nações do Golfo".

A partir de 1º de maio, nova ligação a um gasoduto na Lituânia dará a Varsóvia acesso ao gás desse país. Para outubro, está prevista a inauguração do gasoduto “Baltic Pipe”, que virá desde a Noruega e poderá substituir a maioria do gás que antes chegava da Rússia.

Segundo Przdacz, o anúncio de Moscou só veio provar que a Rússia “não é um parceiro confiável em nenhuma área de negócio” e, por isso, as demais nações europeias deveriam interromper suas importações de energia.

Varsóvia destaca que suas reservas de energia estão asseguradas. A ministra do Ambiente, Anna Moskwa, disse que não existe ainda a necessidade de retirar gás das reservas do país e garantiu que o abastecimento aos consumidores não será cortado.

A empresa estatal polaca de gás (PGNiG) - que só no primeiro trimestre do ano comprou 53% de gás da Rússia - confirmou a suspensão do fornecimento russo. O mesmo ocorreu com a Bulgária, onde 90% do abastecimento vinham até agora da russa Gazprom.

O primeiro-ministro búlgaro considerou, nesta quarta-feira, que o corte russo é “grave violação do contrato atual e o equivalente a chantagem”. Segundo Kiril Petkov, a Bulgária está, neste momento, revendo todos os seus contratos com a Gazprom, uma vez que “esta chantagem unilateral é inaceitável”.

Ameaça 

O líder parlamentar da Rússia disse que a gigante do gás Gazprom tomou a decisão certa ao suspender totalmente o fornecimento de gás à Polônia e Bulgária. Ele defendeu que Moscou faça o mesmo com outros países "hostis".

"O mesmo deve ser feito em relação a outros países que são hostis à Rússia", escreveu Vyacheslav Volodin, presidente da Duma (câmara baixa do Parlamento russo) na rede social Telegram.

A Polônia, por sua vez, afirmou que está pronta para ajudar a Alemanha a importar gás de outros países. Berlim anunciou a intenção de encontrar alternativas ao fornecimento russo.

“Estamos prontos para expressar nossa solidariedade à Alemanha e apoiá-la na total interrupção do petróleo russo”, declarou a ministra polaca do Ambiente, Anna Moskwa, à rádio estatal Polskie.

União Europeia

A União Europeia (UE) considera  “injustificável e inaceitável” a decisão da empresa Gazprom de interromper o abastecimento a alguns clientes europeus. A presidente do bloco, Ursula von der Leyen, adiantou que Bruxelas prepara resposta coordenada para conter a escalada de ações de Moscou.

"O anúncio pela Gazprom de suspensãso unilateral da entrega de gás a clientes na Europa é mais uma tentativa da Rússia de utilizar o produto como instrumento de chantagem. Isto é injustificado e inaceitável e mostra, mais uma vez, a falta de confiabilidade da Rússia como fornecedor de gás, [mas] estamos preparados para este cenário", reagiu a presidente da Comissão Europeia.

Em declaração divulgada hoje, ela assegurou que está em "estreito contato com todos os Estados-membros".

"Temos trabalhado para assegurar entregas alternativas e os melhores níveis de armazenamento possíveis em toda a UE. Os Estados-membros estabeleceram planos de contingência para esse cenário e trabalhamos com eles em coordenação e solidariedade".

De acordo com a líder do Executivo comunitário, "uma reunião do grupo de coordenação do gás será realizada nesta quarta-feira. "Estamos definindo nossa resposta coordenada. Continuaremos também a trabalhar com parceiros internacionais para assegurar fluxos alternativos e com os líderes mundiais para garantir a segurança do aprovisionamento energético na Europa", adiantou.

Neste momento, o armazenamento de todo o gás europeu está em 32%. Os Estados-membros negociam regras de emergência que  permitam aumentar esse índice para 80% até novembro deste ano, assegurando o armazenamento para o próximo inverno, quando o consumo de gás é maior.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil