Economia

Dólar fecha a R$ 4,88 e bolsa recua 0,35%





Moeda norte-americana teve valorização de 1,46%, enquanto o principal índice da B3 encerrou o dia aos 110.684,95 pontos

O dólar encerrou o dia em alta de 1,46%, cotado a R$ 4,876, após ter registrado uma alta de quase 3% e subir a R$ 4,93 na manhã desta segunda-feira (25). É o maior valor desde 22 de março, quando fechou a R$ 4,915.

Já o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, terminou em queda de 0,35%, aos 110.684,95 pontos, após cair mais de 1%, por volta das 12h, horário de Brasília.

A sessão tanto no Brasil quanto no mundo foi marcada por um dia de aversão ao risco devido ao forte recuo nos mercados internacionais, com destaque para as preocupações de uma desaceleração mais forte na China, após anúncios de endurecimento das medidas de lockdowns, e temores relacionados a aumentos de juros nos Estados Unidos.

Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, aponta também que a queda na cotação das commodities puxou os índice para baixo ao longo do dia.

O Banco Central fez neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022. Especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business apontam que o movimento do BC, que acontece desde 6 de abril, pode ajudar a dar liquidez na moeda.

Na sexta-feira (22), a moeda norte-americana à vista disparou 4,07%, a R$ 4,80, maior valor desde 24 de março passado (R$ 4,83) e a mais forte alta percentual diária desde 16 de março de 2020 (+4,86%), no começo da pandemia de Covid-19.

Sobe e desce da B3

Veja os principais destaques do pregão desta segunda-feira:

Maiores altas

  • Cogna(COGN3) +3,57%;
  • Cemig (CMIG4) +2,87%;
  • Petz (PETZ3) +2,85%;
  • Ambev (ABEV3) +2,51%;
  • Equatorial (EQTL3) +2,30%

Maiores baixas

  • BRF (BRFS3) -3,65%;
  • CSN (CSNA3) -2,64%;
  • Grupo Soma (SOMA3) -2,56%;
  • Gerdau (GGBR4) -2,02%;
  • Gerdau (GOAU4) -1,84%

Commodities

Os contratos futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian caíram quase 11% nesta segunda-feira, para uma mínima em mais de um mês, já que um amplo declínio nos mercados globais e as preocupações com a demanda de aço na China derrubaram os preços.

O contrato de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China para entrega em setembro recuou 10,7%, para 795 iuanes (US$ 121,36) a tonelada, o menor preço de fechamento desde 23 de março.

“A queda foi impulsionada pela situação doméstica do Covid-19, já que as expectativas do mercado sobre a demanda foram frustradas, enquanto os preços das matérias-primas perderam o apoio devido aos controles de produção do planejamento estatal”, disse Cheng Peng, analista da SinoSteel Futures.

O mercado de minério de ferro provavelmente está refletindo a fraqueza do iuan, o que aumenta os custos de importação, disse Stephen Innes, sócio-gerente da SPI Asset Management.

O vergalhão de aço para material de construção na Bolsa de Futuros de Xangai, para entrega em outubro, fechou em queda de 4,7%, para 4.778 iuanes por tonelada.

As bobinas laminadas a quente, usadas em carros e eletrodomésticos, caíram 4,5%, para 4.889 iuanes por tonelada.

Já o petróleo registrou na última semana uma perda de quase 5%, diante da perspectiva de crescimento global mais fraca, taxas de juros mais altas e lockdowns por Covid-19 na China prejudicando a demanda, mesmo com a União Europeia considerando uma proibição sobre a commodity russa que apertaria ainda mais a oferta.

E os mesmo aspectos também impactam o preço do barril nesta segunda-feira. Nesta segunda-feira, o petróleo brent fechou a US$ 102,34, com queda de 4,06%. Enquanto o WTI encerrou abaixo dos US$ 100 pela primeira vez desde 11 de abril – queda de 3,46%, cotado a US$ 98,54.

Investidores estrangeiros

Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset, argumenta também que o Ibovespa opera em queda por conta da redução de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira. “No acumulado do ano, o valor era algo expressivo, mas não está mais acontecendo”.

Dados da B3, empresa responsável por gerenciar a bolsa de valores, mostram que entre janeiro e 30 de março deste ano, o saldo de investimentos estrangeiros foi positivo, de R$ 67,09 bilhões.

O especialista acredita que esse movimento é fruto da preocupação do mercado sobre a economia global estar se sobrepondo a preocupação que existia com a inflação, na época que os investidores estrangeiros migraram para a bolsa brasileira.

“A alta das commodities e a demanda por matérias-primas puxava o Ibovespa antigamente para cima e era o principal destino dos investidores”.

Juros

O Federal Reserve deve promover uma alta de 0,50 ponto percentual nos juros em maio e dois ajustes ainda maiores nas reuniões subsequentes, conforme apostas de operadores na sexta-feira (22), um dia após o chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, sinalizar que estaria aberto a intensificar o início do processo de saída pelo Fed de sua política monetária ultrafrouxa.

Alguns economistas também estão projetando aperto mais intenso na política monetária. O movimento do banco central dos EUA faz com que os investidores não tenham interesse por mercados emergentes como o Brasil.

A economista-chefe da Jefferies, Aneta Markowska, disse nesta sexta-feira esperar que o Fed recorra a uma série de ajustes de 0,50 ponto percentual para levar os juros ao nível de 2,25% a 2,5% até setembro, caminho mais agressivo do que ela havia previsto anteriormente.

E analistas da Nomura Research, que agora esperam que o Fed promova aumentos de 0,75 ponto percentual em cada uma das reuniões do Fed de junho e julho, disseram nesta sexta-feira que as apostas do mercado podem ajudar a consolidar esse resultado.

“A precificação mais forte (do mercado) para tal movimento provavelmente facilitaria o caminho para o Fomc (comitê de política monetária do Fed), e seus membros provavelmente poderiam forjar um consenso sobre tal ação rapidamente”, escreveram em nota publicada nesta sexta.

O Fed elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual no mês passado, em sua primeira elevação desde que derrubou os custos dos empréstimos para perto de zero, há dois anos, embora “muitas, muitas” autoridades sentissem que doses maiores de aperto seriam apropriadas, disse Powell na quinta-feira.

Lockdown na China

As autoridades de Xangai, que lutam contra um surto de Covid-19, ergueram cercas do lado de fora de prédios residenciais, provocando novos protestos públicos contra o lockdown que está forçando grande parte dos 25 milhões de habitantes da cidade chinesa a ficar dentro de casa.

Enquanto isso, o maior distrito de Pequim exigirá que todos que moram ou trabalham na área façam três testes de Covid nesta semana e isolou mais de uma dúzia de prédios depois que a capital chinesa registrou 22 novos casos no sábado. O distrito, Chaoyang, abriga 3,45 milhões de pessoas.

O mercado acionário da China registrou nesta segunda-feira a maior queda desde fevereiro de 2020, quando a pandemia provocou fortes vendas, devido às preocupações com o surto de Covid-19 no país e temores em relação às restrições adotadas na capital, Pequim.

O sócio da Nexgen Capital destaca que a China parada pode trazer uma diminuição generalizada no PIB (Produto Interno Bruto) global, “o que traz um medo de uma nova recessão”.

Fonte: CNN Brasil com informações da Reuters