A Polícia Militar francesa [Gendarmerie] chegou a Lviv, no Oeste da Ucrânia, para ajudar as autoridades "nas investigações de crimes de guerra cometidos em Kiev", anunciou hoje (11) o embaixador francês no país.
É a primeira" unidade estrangeira a fornecer essa ajuda, disse Etienne de Poncins, em mensagem no Twitter.
"Orgulhoso em receber em Lviv o destacamento de polícia técnica e científica que veio ajudar nas investigações de crimes de guerra cometidos em Kiev", declarou o embaixador. A equipe estará trabalhando amanhã, terça-feira.
"Solidariedade", disse ainda o diplomata, acrescentando emojis das bandeiras francesa e ucraniana. A mensagem no Twitter também foi traduzida para o ucraniano.
"Equipe técnica do Ministério do Interior, responsável por fornecer sua experiência em termos de identificação e coleta de provas às autoridades ucranianas, chegou nesta segunda-feira ao país", informaram, em comunicado conjunto, os ministérios do Interior, da Justiça e dos Negócios Estrangeiros da França.
De acordo com as autoridades ucranianas, eles também poderão contribuir para a investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Etienne de Poncins acrescentou à sua mensagem uma foto com cerca de 15 policiais - incluindo uma mulher - em uniformes azuis, posando em frente a um caminhão branco, do Instituto de Investigação Criminal da Polícia Militar Nacional (IRCGN, em francês), no qual estava escrito Laboratório de ADN móvel".
Os policiais são especialistas em cena de crime e identificação de vítimas, explicaram os ministérios franceses.
Acompanham também a equipe dois médicos forenses, que "poderão montar uma cadeia para examinar e identificar corpos".
Na sexta-feira (8), o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que seu país estava reunindo provas contra "crimes de guerra russos" na Ucrânia.
Na ocasião, Macron anunciou o envio de policiais militares e de magistrados franceses para a Ucrânia.
A guerra começou em 24 de fevereiro, quando Moscou invadiu a Ucrânia após ter concentrado dezenas de milhares de tropas no lado russo da fronteira com o país vizinho, bem como do lado da Bielorrússia, país aliado de Moscou.
Desde então, os combates mataram milhares de civis e militares - de acordo com balanço ainda a ser confirmado - e destruíram várias cidades e infraestrutura na Ucrânia. Mais 11 milhões de pessoas fugiram de suas casas, incluindo 4,5 milhões para países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A comunidade internacional reagiu à invasão da Ucrânia com sanções económicas e políticas contra a Rússia e o fornecimento de armas e de apoio humanitário às autoridades de Kiev.
- UE discute mais sanções à Rússia, mas petróleo e gás dividem os 27
Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) discutem nesta segunda-feira (11), em Luxemburgo, o sexto pacote de sanções à Rússia, pela agressão militar contra a Ucrânia, mas possíveis embargos às importações de petróleo e gás dividem os 27.
A reunião é realizada três dias após a adoção formal, pelo conselho, do quinto pacote de sanções da UE a Moscou, na sequência das atrocidades cometidas pelas forças russas em Bucha e outras localidades ucranianas, e que visou pela primeira vez o sensível setor energético, com embargo às importações de carvão a partir de agosto.
As receitas das exportações de gás e petróleo da Rússia para a UE são as que mais ajudam Moscou a financiar sua máquina de guerra – como o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, tem apontado incessantemente -. Por isso, a Comissão Europeia já começou a trabalhar nessa área, mas considera muito difícil um entendimento entre os 27, devido à forte dependência energética de alguns Estados-membros.
A reunião de hoje em Luxemburgo é presidida pelo alto representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, que poderá apresentar aos 27 integrantes do bloco as impressões colhidas durante a viagem de sexta-feira (8) a Kiev – com parada em Bucha -, acompanhando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Em Kiev, Borrell manifestou a intenção de lançar hoje discussão sobre embargo ao petróleo russo. Ressaltou que a proibição de importações de gás parece, neste momento, inviável, devido à forte dependência de países como Alemanha e Áustria. Para ele, dificilmente será firmado compromisso, em questão que exige unanimidade, como é a de sanções europeias.
Os 27 deverão dar "luz verde" a mais um pacote financeiro, o terceiro, de 500 milhões de euros para aquisição e fornecimento de material de guerra à Ucrânia, no momento em que são previstas importantes batalhas na região de Donbass, com forte ofensiva russa.
- Rússia avança para Dnipro e prossegue ofensiva em Donetsk e Mariupol
A Rússia continua a ofensiva militar na região de Donetsk e na cidade de Mariupol, além de estabelecer "grupo ofensivo de tropas" na região de Dnipro, informaram hoje (11) militares ucranianos.
"O inimigo continua a criar um grupo ofensivo de tropas para atuar na direção de Slobozhansky [região de Dnipro]" e, "provavelmente, os ocupantes tentarão retomar a ofensiva nos próximos dias", de acordo com o último balanço do alto comando do Exército ucraniano.
Na direção de Donetsk, as tropas russas continuam a concentrar-se, em busca de assumir o controle de Popasna, Rubizhne, Nyzhne e Novobahmutivka, bem como de estabelecer controle total sobre a cidade de Mariupol, "com o apoio da artilharia e da aviação".
Nas últimas 24 horas, os militares ucranianos repeliram quatro ataques inimigos nas regiões de Donetsk e Lugansk, destruíram cinco tanques, oito unidades blindadas, seis veículos e oito sistemas de artilharia, informou o mesmo balanço.
Os militares ucranianos disseram ainda que "é possível que as Forças Armadas russas desenvolvam ações provocatórias na região da Transnístria, da República da Moldávia para acusar a Ucrânia de agressão contra Estado vizinho".
De acordo com o último balanço do Instituto para o Estudo da Guerra, dos Estados Unidos, as forças russas ganharam terreno na cidade de Mariupol nas últimas 24 horas e reforçaram as operações ao longo do eixo Izyum-Slovyansk, chave para futura ofensiva em Donbass, "mas não conseguiram outros ganhos territoriais".
Mariupol, de acordo com o instituto, está dividida: o centro da cidade, em mãos russas, e o principal porto no sudoeste, e a fábrica de aço Azovstal, no leste, que permanecem em mãos ucranianas.
A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.793 civis, incluindo 176 crianças, e feriu 2.439, entre eles 336 menores, segundo dados recentesda ONU. A organização alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As Nações Unidas estimam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento à Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou.
- Brasil concede 74 vistos para ucranianos em março
O Brasil concedeu 74 vistos e 27 autorizações de residência humanitária a ucranianos entre os dias 3 e 31 de março deste ano. As informações, divulgadas nesta segunda-feira (11), em Brasília, constam do Boletim Migração Ucraniana.
“Receber imigrantes e refugiados ucranianos é um ato humanitário. Os imigrantes fazem parte da história do país e o governo federal está empenhado em auxiliar os que procuram por seus direitos como segurança, moradia e trabalho no Brasil”, afirmou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.
O balanço também aponta que, em 2022, foram reconhecidos quatro refugiados, havendo 37 processos de refúgio em andamento. A concessão de vistos e autorizações de residência humanitárias foi possibilitada pela edição da Portaria Interministerial Ministério da Justiça/Ministério das Relações Exteriores nº 28, que atendeu às necessidades de ucranianos afetados pelo conflito armado na Ucrânia.
Em relação aos procedimentos, o visto humanitário pode ser solicitado no exterior e permite a entrada no Brasil pelo prazo de 180 dias. Para conseguir autorização de residência por acolhida humanitária é preciso ir a uma unidade da Polícia Federal em solo brasileiro e pedir a Carteira de Registro Nacional Migratório (CRMN).
O trabalho, que também contou com o apoio da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Obmigra (Observatório das Migrações Internacionais) contém orientações e canais de acesso a informações para requerer o visto ou a autorização de residência por acolhida humanitária e para a solicitação de refúgio no Brasil.
Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021, mais de 3,3 mil ucranianos registraram residência no Brasil. Quase 2,3 mil registros de residência foram realizados na região Sudeste, principal destino dos imigrantes ucranianos. Juntamente com os poloneses, os ucranianos compõem o maior contingente de imigrantes eslavos no Brasil.
Entre os que chegaram ao país nesse período, a maioria é do sexo masculino e possui entre 25 e 39 anos. Os homens somam 83% do contingente de imigrantes ucranianos e 46% do total são do sexo masculino na faixa etária entre 25 e 39 anos.
As mulheres somam 17% e a maioria delas, cerca de 10% do total de imigrantes, têm entre 25 e 39 anos. Entre homens e mulheres, não houve imigrantes acima de 65 anos e apenas 2% tinham menos de 14 anos na data de entrada no país.
Nos 12 anos que se estendem de 2010 a 2021, o principal meio de entrada de ucranianos no Brasil foi a via marítima. Em 2019 registrou-se o maior fluxo migratório: 22.201 ucranianos entraram e 21.189 saíram do país.
No primeiro trimestre de 2022, a média mensal de entradas de imigrantes foi de 1.685 pessoas e a de saídas, de 1.531 pessoas. Dos movimentos de entrada neste ano, mais de 60% referem-se a tripulantes e outros 20% a visitantes, que não precisam de visto para permanecer por até 90 dias no país. O movimento migratório, incluindo visitantes e temporários, é documentado pelo Sistema de Tráfego Internacional.
Os principais amparos indicados pelos imigrantes são trabalho marítimo (67%), reunião familiar (12%), trabalho com transferência de tecnologia (6%) e outros amparos (15%). O termo amparo é utilizado para a classificação do motivo descrito pelo migrante quando solicita sua residência, segundo a legislação nacional.
Em relação aos refugiados, foram 15 reconhecidos entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021, de 74 solicitações recebidas no período.
Fonte: Agência Brasil