O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que, para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), abortar e extrair um dente é a “mesma coisa”. O chefe do Executivo também criticou a fala do petista sobre controlar os preços para conter a inflação.

“Ele falou tanta besteira inclusive defendeu abertamente o aborto. Aborto para ele… Abortar uma criança e extrair um dente é a mesma coisa, tá certo?”, disse. Deu a declaração em transmissão ao vivo nas redes sociais. 

Na 3ª feira (5.abr), Lula disse que o aborto deveria ser tratado como questão de saúde pública e um direito que todas as mulheres deveriam ter. A fala foi criticada por políticos evangélicos, bolsonaristas e até integrantes da esquerda. Ante a reação, o petista disse nesta 5ª feira que é contra o aborto, mas reafirmou que é preciso tratar o assunto como uma questão de saúde pública.

Na live, Bolsonaro também criticou a proposta de controle de preços sugerida por Lula. Segundo ele, tabelar preços leva ao “desabastecimento”. O chefe do Executivo também mencionou fala do petista sobre a classe média brasileira “ostentar” no padrão de vida.

“Tem um candidato aí que criticou a classe média, que ela tem que se vigiar, não consumir tanto […] Cada vez mais a gente vê esse candidato falando abobrinhas por aí querendo interferir inclusive no que você tem em casa, até no tocante à televisão. É o mesmo cara que fala que a pauta de família e de valores é uma coisa muito atrasada”, disse.

Lula está em 1º lugar nas pesquisas de intenção de voto. Pesquisa PoderData realizada de 27 a 29 de março de 2022 mostrou que a disputa para as eleições presidenciais segue polarizada em Lula e em Bolsonaro. O petista marca 41% das intenções de voto contra 32% do atual presidente.

Confira outras notícias 

- Bolsonaro culpa Congresso por compra de kits de robótica

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “não tem nada a ver” com a compra de kits de robótica por R$ 26 milhões com recursos do FNDE para escolas no interior de Alagoas. Afirmou se tratar de recursos de emendas do relator do Orçamento, as chamadas RP-9.

“RP-9: o dinheiro vai diretamente para o prefeito. E o prefeito é que inicia, que compra esse material. Vai botar a culpa em mim? Suspeita de corrupção? Que jornal é esse aqui? Não tenho nada a ver com isso. Quem dá o destino ao orçamento é o relator do Orçamento. É o cara mais poderoso do que eu”, disse em live nas redes sociais.

O caso envolvendo a compra dos kits foi revelado pela Folha de S.Paulo. Nesta 5ª feira, o presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Marcelo Lopes da Ponte, afirmou que a distribuição de kits de robótica a escolas com condições precárias foi feita depois de pedidos de prefeitos e emendas de congressistas.

Ônibus escolares

Ao falar sobre casos de suspeita de corrupção em seu governo, Bolsonaro também afirmou que a licitação para ônibus escolares, suspensa pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por suspeita de superfaturamento no edital, deveria ter ocorrido.

O pedido para apurar o suposto sobrepreço foi feito na 2ª feira (4.abr) pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e pelos deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Felipe Rigoni (União Brasil-ES). A solicitação foi realizada depois de reportagem do jornal Estado de S. Paulo mostrar suspeitas de superfaturamento na compra de ônibus com recursos do FNDE.

“Deixa acontecer a licitação. Por que não deixou acontecer?”, disse. Na live, o presidente criticou as reportagens que mostraram as supostas irregularidades.

“Bando de sem-vergonha, jornalistas não investigam nada, é fake news o tempo todo. E não sei por quê, era para ter licitação e por que não teve? Espero que o TCU abra licitação e vê [sic] o que vai acontecer. Para ver o preço de cada ônibus. Espera acontecer para a gente comentar sobre isso daí”, disse.

- Jair Renan depõe à PF sobre suposto tráfico de influência

Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento à PF (Polícia Federal)  em uma investigação que apura a suposta prática de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

A investigação sobre o caso foi aberta pelo MPF (Ministério Público Federal) em março de 2021, depois de a “Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia”, empresa de Jair Renan, ter sua festa de inauguração coberta de graça por uma produtora que prestava serviços ao governo federal.

O depoimento foi marcado para 17h. Jair Renan chegou acompanhado do advogado Frederick Wassef. Não falou com a imprensa. “Ele não vai se manifestar, sob minha orientação. Temos aqui a maior vítima de fake news”, disse Wassef aos jornalistas.

O MPF também apura se Jair Renan marcou reuniões entre empresários e o governo federal em troca de vantagens. Ele e um de seus parceiros comerciais teriam sido presenteados com um carro elétrico avaliado em R$ 90.000 por um grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção.

Depois da doação, representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, uma das empresas que integra o conglomerado, conseguiram uma reunião com o governo federal. Jair Renan participou do encontro. O caso foi revelado pelo Jornal O Globo em março de 2021.

Em 7 de dezembro do ano passado, a PF pediu o compartilhamento de provas do inquérito das milícias digitais, aberto em julho no STF (Supremo Tribunal Federal), para aprofundar a investigação contra Jair Renan. A solicitação foi feita porque o inquérito das milícias digitais teria informações sobre o empresário Allan Gustavo Lucena, que seria próximo ao filho de Bolsonaro.

Em entrevista dada ao STB nesta 5ª, Jair Renan disse ser inocente. Ele confirmou ter participado da reunião entre os empresários e o governo federal, mas afirmou que “entrou mudo e saiu calado”.

“Eu nunca recebi nenhum carro ou dinheiro. Nunca fiz lavagem de dinheiro. Estão tentando me incriminar por algo que eu não fiz. Eu não marquei nenhuma reunião com o governo. Nunca pedi nada ao governo federal, direta ou indiretamente”, afirmou.

“Eu nunca pedi para ir na reunião. Eu fui convidado. Eu fui porque eu conhecia o pessoal. Entrei mudo e sai calado”, prosseguiu o filho do presidente.