Política

Ex-secretário de Bento Albuquerque vai presidir a Petrobras





O governo federal indicou o ex-secretário do Ministério de Minas e Energia José Mauro Coelho para a presidência da Petrobras e Marcio Andrade Weber para presidir o Conselho de Administração. 

O anúncio foi feito dias antes da assembleia geral que votará os nomes encaminhados pelo Planalto. Os acionistas deliberam em 13 de abril.

José Mauro foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de abril de 2020 a outubro de 2021, quando pediu demissão “para assumir novos desafios na iniciativa privada”, disse o ministério na ocasião.

Ele estava para ser contratado pela Copagaz, uma grande distribuidora de gás de cozinha. Mas o convite para comandar a Petrobras chegou antes. No mercado, circulou o rumor de que José Mauro Coelho já estaria prestando serviços para a empresa privada. O Poder360 apurou, entretanto, que havia conversas para a eventual contratação formal, o que não se concretizou.

Ele é presidente do Conselho de Administração da PPSA (Pré-sal Petróleo), estatal responsável por gerir a participação da União em contratos de óleo e gás. Antes, atuou 12 anos na EPE (Empresa de Pesquisa Energética), responsável por elaborar estudos e análises sobre o setor de energia, na qual foi diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis.

MARCIO ANDRADE WEBER

Marcio Andrade Weber faz parte do Conselho de Administração da Petrobras desde 2021, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou o comando da estatal, demitindo Roberto Castello Branco.

Marcio é engenheiro civil, com especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras. Ingressou na companhia em 1976, onde ficou por 16 anos.

PIRES E LANDIM

Os 2 nomes substituem Adriano Pires e Rodolfo Landim, que declinaram das indicações para os cargos de presidente e presidente do Conselho de Administração, nessa ordem.

Adriano Pires desistiu na 2ª feira (4.abr.). Em carta ao MME, o economista disse que não poderia se desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura, consultoria fundada por ele e hoje dirigida com o filho, em “tão pouco tempo”.

Já Rodolfo Landim afirmou que se dedicaria ao cargo de presidente do Flamengo.

 

- Comitê da Petrobras deve avaliar nomes de Weber e Coelho na segunda-feira (11)

Avaliação, no entanto, depende de parecer da área de conformidade, que leva de 7 a 10 dias em média

Uma reunião foi marcada pelo Comitê de Elegibilidade da Petrobras para a próxima segunda-feira (11). Esse é o último encontro do colegiado antes da Assembleia Geral marcada para o dia 13 de abril.

A reunião avaliará os pareceres da área de conformidade com os resultados da investigação de antecedentes dos conselheiros indicados pelo governo.

Essa investigação não deve ter nenhum problema, mesmo com o prazo apertado, no caso de Marcio Andrade Weber, que já era conselheiro da estatal e está sendo agora indicado à presidência do Conselho de Administração. Para os dois cargos o processo é praticamente o mesmo.

O processo é um pouco mais complexo para o caso do indicado à presidência da estatal, José Mauro Ferreira Coelho. Muito embora ele tenha passado mais de 14 anos no serviço público, precisa preencher formulários e enviar documentos que serão analisados pela estatal.

O trâmite começa com o preenchimento de um formulário que tem 18 páginas e o envio de documentos pelo candidato à estatal. Os funcionários da área de conformidade da companhia também investigam ligações societárias em empresas, ações em companhias de capital aberto que o candidato detém.

O relatório feito pela área de conformidade é analisado pelo Comitê de Elegibilidade em uma reunião que tem a ata enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A ata se torna pública, até porque precisa ser analisada pelos acionistas com direito a voto durante a escolha dos futuros conselheiros. Por mais que os dois lados, Petrobras e indicado, se empenhem em acelerar esse processo, a complexidade da análise faz com que isso leve dias.

Eleição sem posse

Um dispositivo previsto nos trâmites da Petrobras aponta que, numa situação inédita, o futuro presidente poderia ser eleito pelo conselho de acionistas antes mesmo da conclusão do processo de análise de conformidade da companhia. Isso porque as indicações podem ser feitas a qualquer momento, até a véspera da votação pela Assembleia.

Caso não haja tempo hábil para avaliação do candidato, o parecer pode ser apresentado posteriormente. O que fica emperrado é a posse dos indicados, que só pode ser efetivada após um sinal verde da área de conformidade e do Comitê de Elegibilidade.

A nomeação de Adriano Pires e Rodolfo Landim para a presidência da estatal e do Conselho de Administração empacou justamente nesse ponto, já que os dois exercem atividades supostamente conflituosas com os cargos para que foram indicados.

Isso significa que, ainda que o processo de José Mauro Ferreira Coelho não tenha sido concluído até a reunião de segunda ou até mesmo a data da assembleia, ele pode ter o nome avaliado pelos acionistas e ser eleito.

A posse, no entanto, só aconteceria após o sinal verde da área de conformidade. Como efeito prático, ele demoraria alguns dias para assumir a cadeira e passar a despachar do mais importante gabinete da maior estatal brasileira.

Fonte: Poder360 - CNN Brasil