Política

EUA aplicam novas sanções contra filhas de Putin e bancos russos





Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova, as filhas do presidente da Rússia estão sujeitas a um congelamento de ativos nos Estados Unidos e isoladas do sistema financeiro norte-americano

As retaliações do ocidente por conta da invasão russa na Ucrânia seguem se intensificando. Nesta quarta-feira (6/4), a Casa Branca anunciou novas sanções econômicas e financeiras contra grandes bancos da Rússia e ainda ampliou as medidas para as duas filhas adultas do presidente Vladimir Putin, Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova. 

Segundo informações de um alto funcionário dos Estados Unidos — que não quis ser identificado — Washington quer criar um "círculo vicioso" acumulando medidas contra Moscou desde o início da invasão. "Privamos (a Rússia) de capitais, privamos de tecnologia, privamos de talentos e o conjunto de medidas busca criar uma espiral que se acelera à medida que Putin mantém a escalada militar", relatou.

O país de Joe Biden também pretendem impor sanções mais severas possíveis contra o banco público Sberbank que, segundo Washington, controla um terço dos ativos bancários da Rússia e também contra o Alga Bank, o maior banco privado do país. Além disso, pretendem impedir novos investimentos no país de Putin. 

Ou seja, as entidades que já receberam sanções mais pesadas vão ser afetadas com o congelamento de todos os seus ativos "no sistema financeiro americano" e não poderão fazer nenhum tipo de transação com entidades ou pessoas americanas, como informou a Casa Branca. Outras empresas podem ainda ser sancionadas, mas os EUA não informaram quais seriam elas. 

Outras sanções seriam diretamente para as filhas de Vladimir Putin. Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova estariam sujeitas a um congelamento de ativos nos Estados Unidos e isoladas do sistema financeiro americano.

A mesma medida será aplicada à esposa e filha do ministro das Relações Exteriores Serguei Lavrov, assim como aos membros do conselho de segurança da Rússia, entre eles o ex-presidente Dimitri Medvedev.

 

- Ministro diz que agressão da Rússia à Ucrânia é inadmissível

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, classificou, nesta quarta-feira (6), como inadmissível a agressão da Rússia à Ucrânia. Cobrado sobre uma posição clara do Brasil em relação ao conflito em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, França rechaçou críticas de que o Brasil tenha uma posição dúbia sobre o tema.

“No caso desse conflito, nós temos um lado claro, que é a paz mundial. A agressão é inadmissível. No momento em que há um conflito armado e a invasão de território, nós entendemos que a Rússia cruzou uma linha vermelha. Quanto a isso não há dúvida em relação à posição do Brasil. O lado do Brasil está muito claro. É a defesa do interesse nacional e a busca pela paz. E essa posição é respeitada aí fora”, afirmou.

Ainda segundo o chanceler, o governo brasileiro defende o “imediato cessar fogo” e “a proteção de civis e a garantia de acesso à assistência humanitária” às vítimas da guerra.

Abstenção

Sobre a decisão do governo brasileiro de se abster em uma resolução contra a Rússia, analisada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no mês passado, Carlos França disse que a posição foi tomada pelo fato do governo brasileiro acreditar que o único foro adequado para essas discussões é o Conselho de Segurança da ONU.

“É perigoso para o sistema multilateral que organizações passem a tratar e a legislar sobre matérias que são estranhas à sua competência. Senão amanhã, talvez, a Organização Internacional do Trabalho [OIT] e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual podem querer fazer uma resolução condenando o Brasil em questões de meio ambiente”, defendeu, lembrando que o documento foi aprovado por 33 votos e com um alto número abstenções, 24.

A resolução, proposta pelos países ocidentais, denuncia que "vários edifícios educacionais já foram destruídos ou danificados [na Ucrânia], como o edifício da Universidade Nacional Karazin, em Kharkiv".

Sanções econômicas

O ministro Carlos França voltou a criticar sanções econômicas que países do Ocidente impuseram à Rússia como forma de pressionar por um cessar-fogo.

“Eu entendo o uso de sanções pela Europa e pelos Estados Unidos. Era a arma que eles tinham naquele momento para se contrapor ao conflito. No entanto, não posso deixar de estranhar o fato da seletividade das sanções”, disse. França discordou de comentários vindos de embaixadores europeus de que se Brasil aderir logo às sanções, como os outros países, o mundo teria o fim mais rápido do conflito.

“A própria Alemanha sofre com a possibilidade de deixar de contar com energia do combustível russo para sua indústria, para aquecimento de sua população, para geração de energia. Se até esses países têm dificuldade, que dirá o Brasil que depende dos fertilizantes para manter girando o motor muito pujante que é o do agronegócio”, disse.

Ainda segundo o ministro, as sanções tendem a atender os interesses de um grupo pequeno de países, prejudicando a larga maioria, que depende de insumos básicos. Do ponto de vista econômico, França admitiu que a principal preocupação do governo brasileiro está ligada ao fornecimento de fertilizantes. “São indispensáveis para agricultura e para segurança alimentar do mundo”, ressaltou.

Fonte: Correio Braziliense com informações da Agence France-Presse - Agência Brasil