Cotidiano

Ucrânia quer que Papa viaje a Kiev: 'pode afetar curso da guerra'





O governo ucraniano quer que o papa Francisco visite Kiev, capital da Ucrânia. "Aguardamos a decisão do Papa sobre sua visita a Kiev. Hoje, isso pode afetar o curso da guerra", escreveu, nesta quarta (6), Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Yermak fez a declaração por causa do geste feito hoje pelo papa, que, mais cedo, exibiu uma bandeira da Ucrânia vinda da cidade de Bucha, próxima a Kiev, onde houve um massacre. Corpos foram encontrados pelas ruas após a retirada das forças russas do local.

No sábado (2), Francisco, quando questionado pela imprensa sobre uma possível viagem à Ucrânia, respondeu a possibilidade estava "na mesa".

O pontífice, de 85 anos, foi convidado por Zelensky para desempenhar o papel de mediador nas negociações entre Ucrânia e Rússia e visitar seu país invadido pelas tropas russas desde o final de fevereiro. Francisco também foi convidado pelo prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, a "mostrar sua compaixão" pelo povo ucraniano.

Bucha

Nesta quarta (6), o papa recebeu crianças ucranianas no Vaticano. "[Elas] tiveram de fugir para chegar a uma terra saudável. Esse é um dos frutos da guerra. Não as esqueçamos e não esqueçamos do povo ucraniano", disse, presenteando em seguida os refugiados com ovos de Páscoa.

Sobre Bucha, Francisco disse que "as últimas notícias da guerra na Ucrânia (...) mostram novas atrocidades". "Uma horrenda crueldade, cometida também contra civis, mulheres e crianças", completou.

"São vítimas cujo sangue inocente clama ao céu e implora para que acabemos com esta guerra, para que façamos calar as armas, que paremos de semear morte e destruição", acrescentou o papa.

Minutos depois, o pontífice exibiu uma bandeira ucraniana diante dos milhares de fiéis reunidos na sala Paulo VI. "Esta bandeira vem da guerra, da cidade martirizada, Bucha", disse Francisco, na presença de várias crianças ucranianas, antes de beijar a bandeira.

Impotência

Durante a audiência, Francisco também lamentou a "impotência das organizações internacionais" diante do conflito. "Após a Segunda Guerra Mundial tentamos estabelecer as bases de uma nova história de paz, mas infelizmente a antiga história das potências rivais se perpetua. E na atual guerra na Ucrânia, somos testemunhas da impotência das organizações internacionais."

Ontem, Zelensky disse que a ONU (Organização das Nações Unidas) poderia "se dissolver completamente" se não conseguisse parar a invasão russa.

Fonte: UOL com AFP e Ansa