Política

Putin cita bíblia e genocídio para defender operação; em telefonema, Xi diz a Biden que guerra não é de interesse





No mesmo dia em que o presidente chinês, Xi Jinping, disse ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em conversa por telefone, de que a guerra “não é de interesse de ninguém”, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou nesta sexta-feira (18) de um evento para celebrar a anexação da Crimeia à Rússia, ocorrido em 2014. Em discurso para um público estimado de 100 mil pessoas no Estádio Luzhniki, em Moscou, o russo falou sobre a guerra em andamento e defendeu a operação citando “bíblia” e “genocídio”. Assista ao vivo acima à programação da CNN.

“As pessoas da Crimeia e Sebastopol fizeram o certo [em 2014], colocando uma barreira enquanto o nazismo e nacionalismo extremo acontecia”, disse Putin. “Houve bombardeios, eles foram vítimas de ataques aéreos. Foi para tirar as pessoas desse sofrimento e do genocídio a principal razão da operação [de 2022] que começamos em Donbass”, completou o russo. Ele ainda disse que, segundo a bíblia, “não há amor maior do que alguém dar sua alma por seu amigo”.

O reconhecimento da Crimeia como território russo é uma das exigências de Putin para encerrar a guerra.

Os ataques ordenados por Putin à Ucrânia, que começaram em 24 de fevereiro, foram o motivo da conversa por telefone entre Biden e Xi, ocorrida às 9h03 (horário de Brasília) de hoje. Os Estados Unidos temem que a China possa fornecer à Rússia equipamentos militares para ajudar na invasão.

Xi, no entanto, negou interesse no conflito. “As relações entre os Estados não podem chegar ao estágio de confronto militar. Conflito e confronto não são do interesse de ninguém. A paz e a segurança são os tesouros mais queridos da comunidade internacional”, afirmou o presidente chinês, segundo a CCTV.

O telefonema foi o primeiro entre os dois líderes mundiais sobre o assunto.

 

- Putin diz a chanceler alemão que Kiev está travando negociações de paz

Presidente russo conversou por telefone com Olaf Scholz

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, em telefonema nesta sexta-feira (18), que a Ucrânia está tentando travar as negociações de paz com a Rússia, mas que Moscou ainda está interessada em continuar as conversas.

"Foi observado que o regime de Kiev está tentando, de todas as maneiras possíveis, atrasar o processo de negociação, apresentando cada vez mais propostas irrealistas", disse o Kremlin em comunicado sobre o telefonema.

"No entanto, o lado russo está pronto para continuar buscando uma solução de acordo com suas conhecidas abordagens de princípios", acrescentou na nota.

 Olaf Scholz pediu a Putin um cessar-fogo na Ucrânia. Na conversa de quase uma hora, ele também lembrou que a situação humanitária precisa ser melhorada e que é preciso fazer progressos para encontrar uma solução diplomática o mais rápido possível, disse o porta-voz.

Ilusões russas

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o país A Rússia perdeu todas as ilusões sobre confiar no Ocidente. Acrescentou que Moscou nunca aceitará uma visão do mundo dominada pelos Estados Unidos, que buscam agir como xerife global. 

 O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, pediu um cessar-fogo na Ucrânia durante um telefonema com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta sexta-feira, disse um porta-voz do governo alemão.

Na conversa de quase uma hora, Scholz também enfatizou que a situação humanitária precisa ser melhorada e que é preciso fazer progressos para encontrar uma solução diplomática o mais rápido possível.

 

- Durante show, presidente russo diz que país nunca esteve tão forte

O presidente russo, Vladimir Putin, fez um discurso hoje (18), em um estádio lotado de apoiadores, para comemorar os 8 anos da anexação da Crimeia.

No evento, Putin defendeu a “operação especial”, como ele se refere à guerra na Ucrânia, e disse que a Rússia nunca teve tanta força. Ele elogiou o que chamou de “ação heroica” dos militares nessa operação.

“Nossos soldados estão atuando nesse conflito, tentando ajudar um ao outro, como irmãos de verdade. Protegendo seu irmão contra bala. Defendendo seu irmão com o seu próprio corpo. Nós nunca tivemos tamanha força”, afirmou.

O presidente russo também parabenizou os soldados que lutaram na anexação da Crimeia e disse que, nos últimos oito anos, a Rússia fez todo o possível para levantar a Crimeia, “fornecendo coisas básicas como gás, energia, todo tipo de serviço, redes, criando novas vias de transporte para trânsito de pessoas e de cargas”.

Putin disse ainda que as cidades da Crimeia e de Sebastopol criaram uma barreira contra neonazistas e extremistas nacionalistas, assim como a região pró-Moscou de Donbass.

“Eles também criaram uma barreira, um bloqueio, atuavam se defendendo de bombas aéreas. Tudo isso foi feito contra o genocídio que estava acontecendo. Tentando fazer com que as pessoas se livrassem desse sofrimento. E esse foi o principal motivo da operação que está acontecendo hoje na Ucrânia”.

O mandatário russo sustenta a tese de que o governo ucraniano é composto por neonazistas e comete genocídio contra o próprio povo. Nessa semana, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) refutou essa tese e ordenou que a Rússia retire as tropas da Ucrânia.

 

- Comissão Europeia anuncia programa de apoio a refugiados ucranianos

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, anunciou hoje (18) o programa Care - Cohesion Action for Refugees in Europe (Ação de Coesão para Refugiados, em tradução livre).

O pacote de medidas inclui recursos para a construção de centros de acolhimento, hospitais de campanha, escolas e creches, além de cursos de idioma para os refugiados da Ucrânia e formação e apoio ao emprego.

Milhões de ucranianos estão buscando abrigo na União Europeia. A Comissão Europeia, em sua página no Twitter, afirma que “até que as pessoas possam voltar para casa em segurança e reconstruir seu país independente e democrático, nós as acolheremos e as apoiaremos”.

A CE afirmou ainda que prestará apoio inabalável à Ucrânia. “Desembolsamos a segunda parcela de cerca de € 300 milhões de nossa Assistência Macrofinanceira de emergência para apoiar a Ucrânia. Este é o segundo pagamento de um pacote de € 1,2 bilhão de euros. Mais virão”.

Ucrânia na UE

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky disse há pouco que, em conversas com a presidente da CE, ela prometeu fazer todo o possível para viabilizar a entrada da Ucrânia na UE. Em sua conta pessoal no Twitter, Ursula afirmou que “o caminho europeu da Ucrânia já começou”.

“Tempos como esses exigem visão, firmeza e resistência para dar um passo difícil após o outro. A Comissão Europeia seguirá adiante neste caminho. A política de coesão tem sido a força silenciosa da nossa União. Ajudando-nos a crescer mais juntos. E hoje, a política de coesão pode ajudar os países da UE a acolher os refugiados ucranianos de forma rápida e humana”, escreveu Ursula von der Leyen.

Zelensky também sugeriu que pode até desistir de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas que mantém firme a intenção de ingressar na União Europeia.

 

- Agência da ONU diz que menos ucranianos estão fugindo do país

Tempo mais quente pode ser um fator

Um funcionário da agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta sexta-feira (18) que as travessias diárias de pessoas que fogem da violência na Ucrânia diminuíram nos últimos dias. Para ele, o tempo mais quente pode ser um fator.

"Temos visto uma desaceleração geral", disse Matthew Saltmarsh por videolink da Polônia.

Ele advertiu, no entanto, que qualquer escalada de violência na cidade ucraniana de Lviv, no Oeste do país, pode fazer com que as travessias se elevem novamente.

Chancelaria ucraniana

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, informou que conversou com o chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, sobre um novo pacote de sanções contra a Rússia por causa da guerra.

"Discutimos a preparação do quinto pacote de sanções da UE contra a Rússia. A pressão continuará aumentando, enquanto for necessário, para deter a barbárie russa. Também discutimos a proteção e ajuda aos ucranianos que fugiram das bombas russas para a UE", disse no Twitter.

 

 

Mísseis atingem Lviv; Biden pressiona Xi Jinping a abandonar Moscou

Pelo menos três explosões foram ouvidas perto do aeroporto da cidade

A Rússia disparou mísseis nesta sexta-feira (18) em um aeroporto perto de Lviv, uma cidade onde centenas de milhares encontraram refúgio longe dos campos de batalha da Ucrânia, enquanto Moscou tenta retomar a iniciativa em sua campanha militar estagnada contra a Ucrânia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem uma conversa programada com o presidente chinês, Xi Jinping, ainda nesta sexta-feira, em uma tentativa de conter a máquina de guerra da Rússia, isolando Moscou da única grande potência que ainda não condenou o ataque.

Mais de três semanas desde que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, lançou a invasão para reprimir o que chama de Estado artificial indigno de nacionalidade, o governo eleito da Ucrânia ainda está de pé, e as forças russas não capturaram uma única grande cidade.

Tropas russas sofreram pesadas baixas enquanto bombardeavam áreas residenciais, causando mais de 3 milhões de refugiados. Moscou nega que esteja atacando civis, no que chama de "operação especial" para desarmar o país vizinho.

"As forças russas fizeram progressos mínimos esta semana", disse o Ministério da Defesa do Reino Unido em atualização diária da inteligência militar.

"As forças ucranianas em torno de Kiev e Mykolaiv continuam frustrando as tentativas russas de cercar as cidades. Os municípios de Kharkiv, Chernihiv, Sumy e Mariupol seguem cercados e sujeitos a bombardeios russos pesados."

Pelo menos três explosões foram ouvidas perto do aeroporto de Lviv na manhã de hoje (18), com vídeos nas mídias sociais mostrando grandes explosões e nuvens de fumaça.

O prefeito de Lviv, Andriy Sadovy, disse que vários mísseis atingiram uma instalação de manutenção de aeronaves, destruindo prédios mas sem causar vítimas.

A cidade, no Oeste da Ucrânia, perto da fronteira polonesa, está a centenas de quilômetros do avanço da Rússia e tem sido um dos principais destinos dos ucranianos forçados a fugir das zonas de batalha.

A Rússia intensificou os ataques de mísseis contra alvos dispersos no Oeste da Ucrânia nos últimos dias, o que as autoridades ucranianas veem como tentativa de ampliar o conflito além das áreas onde suas tropas estão agora instaladas.

A Rússia vem bombardeando intensamente cidades do Leste da Ucrânia, especialmente Chernihiv, Sumy, Kharkiv e Mariupol, a última uma cidade portuária ao Sul sob cerco há três semanas, onde os moradores estão abrigados sem acesso a comida ou água.

Um dos mortos em Chernihiv foi Jimmy Hill, de 68 anos, norte-americano que trabalhava na Ucrânia como professor universitário. Ele ficou preso na cidade sitiada e cuidava de sua parceira ucraniana que foi hospitalizada. Jimmy foi morto a tiros por agressores russos enquanto esperava em uma fila de pão, e seu corpo foi encontrado na rua, informou a família.

Em seu último post no Facebook, ele escreveu que sua parceira estava em terapia intensiva. "Bombardeio intenso! Ainda vivo. Comida limitada. Quarto muito frio."

Até agora, Kiev foi poupada de grande ataque, mesmo com longas colunas de tropas vindo do Noroeste e do Leste, paradas nas entradas da cidade em intensos combates que destruíram os subúrbios. Moradores da capital sofreram ataques noturnos com mísseis. No mais recente, uma pessoa foi morta quando partes de míssil russo atingiram prédio residencial. O prefeito Vitaliy Klitschko disse que 19 pessoas ficaram feridas, incluindo quatro crianças.

No Sudeste, onde as forças russas tentam expandir o território ocupado por separatistas, o governador regional de Luhansk, Serhiy Haidai, afirmou que os russos foram entrincheirados em torno da cidade de Rubizhne e bombardeados, com baixas ainda desconhecidas.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil