Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (17/03), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do 56° Capítulo Geral da Ordem dos Agostinianos Recoletos.
Recordando o tema do capítulo geral da Ordem, "Caminhamos juntos. «Eu vim para que tenham vida»", Francisco afirmou "que é tempo de caminhar juntos, sempre em frente, com o olhar e o coração voltados para Jesus".
Neste caminho que estão percorrendo, de sinodalidade, em comunhão com toda a Igreja, proponho-lhes contemplar mais uma vez a figura de São José, cuja solenidade celebraremos no próximo sábado, e a quem vocês veneram como Protetor da Ordem.
Deste santo tão querido, o Papa sublinhou dois aspectos.
O primeiro, é que "cada consagrado, cada religioso, cada sacerdote é chamado, como José, a ter um 'coração de pai', ou seja, um coração inquieto que se preocupa em amar e cuidar dos filhos e filhas a ele confiados, especialmente os mais frágeis, os que sofrem, os que não tiveram a experiência do amor paterno; e não descansa até levá-los a Deus, ao encontro com Ele, para que todos tenham vida, e vida em abundância". Somos "filhos do Pai celestial que nos ama e sabe do que precisamos. Não deixemos de recorrer a Ele todos os dias, com toda confiança. Ele nos escuta, escuta os desejos e necessidades do nosso coração e nos indica o caminho a seguir", frisou o Pontífice.
O segundo aspecto destacado pelo Papa é a "valentia criativa" de José.
Estes não são tempos fáceis, sabemos disso. Também não foram fáceis para José. Mas, ele confiou em Deus, confiou plenamente Nele e ofereceu todas as suas capacidades, seus talentos e habilidades para servi-lo. E Deus, por sua vez, confiou em José, e lhe deu sua graça para cumprir a difícil missão que lhe foi confiada. Portanto, como no dia de nossa consagração, vamos levar ao altar tudo o que somos e deixemos que o Senhor o transforme numa "oferta viva, santa e agradável a Ele". Depois desta oblação, saiamos em missão com confiança, valentia e criatividade. Ele está conosco, caminha ao nosso lado e nos ajuda a tomar decisões.
O Papa concluiu, encorajando os Agostinianos Recoletos a irem em frente com confiança na promessa do Senhor, para cumprir a missão da Igreja no mundo.
- Card. Parolin: a oração nunca é inútil, pode mudar corações e mentes
Amedeo Lomonaco – Vatican News
Na Missa pela paz na Ucrânia, presidida na Basílica de São Pedro pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, com a participação de embaixadores e membros do corpo diplomático acreditados junto à Santa Sé, ressoam as palavras de Jesus no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus". Em sua homilia, o Cardeal Parolin salientou que a paz "é uma característica própria de Deus".
"Estamos aqui esta noite", disse, "para implorar a Deus o dom da paz na Ucrânia e para pedir-Lhe que ajude todo homem e mulher de boa vontade a ser um construtor de paz". Citando as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco no Angelus de 6 de março passado, o Cardeal, referindo-se ao drama na Ucrânia, lembra que "esta não é apenas uma operação militar, mas uma guerra, que semeia morte, destruição e miséria". Um conflito, acrescentou, que só pode ser vencido realmente com a oração e a paz:
Se estamos aqui para rezar pela paz, é porque estamos convencidos de que a oração nunca é inútil, que a oração pode ter um impacto até mesmo nas situações mais humanamente desesperadas, que, acima de tudo, pode mudar corações e mentes, segundo a promessa do Senhor relatada no livro do profeta Ezequiel: "Dar-vos-ei um coração novo, porei no vosso íntimo um espírito novo, tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne" (36,26).
A exortação é deixar-se "iluminar pela Palavra", reconhecendo que a glória de Deus "passa através da cruz" enquanto que a dos homens "é a busca do sucesso mundano e do poder". Sobre este duplo conceito de glória, explica o Cardeal Parolin, "joga-se a história do mundo inteiro": "Uma é a glória que, apesar das aparências em contrário, leva à morte, ao vazio, ao nada; a outra é a glória que parece derrotada e perdida, mas que leva à ressurreição e à vida". Per crucem ad lucem: "através da cruz, chegamos à luz, à glória".
Em sua homilia, o Cardeal Parolin fez então perguntas que desafiam cada coração, especialmente aqueles endurecidos pela guerra: "Vocês não pensam, irmãos e irmãs, que se realmente puséssemos em prática as palavras de Jesus, pouco a pouco todos os conflitos na Terra desapareceriam?". "Vocês não acham, irmãos e irmãs, que se atendêssemos um pouco mais ao chamado de Nosso Senhor, as armas seriam silenciadas, na verdade nem precisariam ser construídas?”. A grandeza de Deus "é essencialmente serviço": "a paz que Deus nos ensina, de fato, é estruturada por relacionamentos onde, em vez de nos escravizarmos e lutarmos uns contra os outros, nós servimos e somos úteis reciprocamente, nos libertamos e crescemos juntos, de modo que cada um faça com que o outro exista".
A glória de Deus, destacou o cardeal, "não é oprimir, mas exatamente o oposto". E é essa glória "que verdadeiramente enche o mundo de beleza, de bondade, que dá vida e constrói a paz". Em sua homilia, Parolin também lembrou que São João XXIII, na Encíclica Pacem in Terris, indicou as quatro condições fundamentais para a construção da paz: "respeito pela verdade, pela justiça, o amor fraterno que evita meios violentos e a liberdade que exclui qualquer imposição sufocante".
A paz, disse o Cardeal Parolin, é o legado do Senhor. Na Última Ceia, "antes de oferecer sua vida na cruz para reconciliar cada homem com o Criador", o Senhor Jesus disse aos apóstolos e a todos nós: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração”.
A paz é, portanto, Sua herança, e por isso o discípulo de Jesus nunca perde a esperança... Aqueles que amam verdadeiramente a paz de Cristo, que, em meio a mil obstáculos e mil oposições, dão testemunho dela, e que, em oração, pedem diariamente ao Senhor que a verdadeira paz reine, este efetivamente contribui, pelo menos um pouco, para tornar a Terra mais misericordiosa e mais humana.
Por fim, o Cardeal Parolin exortou as pessoas a se voltarem para Deus "com o coração partido pelo que está acontecendo na Ucrânia", repetindo com o Papa Francisco: "Calem-se as armas! Deus está com os promotores de paz, não com aqueles que usam a violência". E, ainda, levantou uma súplica que abraça o mundo inteiro: "Senhor Jesus, Príncipe da Paz, olhai para vossos filhos que vos elevam seu grito: Ajudai-nos a construir a paz, preservai nossa língua do mal e nossos lábios da mentira".
Após a homilia, o momento da oração dos fiéis também foi marcado por súplicas em várias línguas para a promoção da paz e para a proteção dos que estão sofrendo as consequências da guerra. Em russo foi rezado "pelos governantes das nações para que o Senhor da história os sustente em seu compromisso de construir o bem comum e os torne corajosos na busca da concórdia e da paz". Em ucraniano, a oração era por todos aqueles "provados pela guerra, especialmente as vítimas e os feridos, aqueles que perderam seus lares, os deslocados, as crianças, os idosos e as pessoas sozinhas, para que o Senhor lhes dê esperança e consolo". Enquanto que em polonês: "por todas as pessoas de boa vontade comprometidas em promover obras de paz e convivência fraterna, especialmente para aqueles que estão trabalhando para oferecer ajuda e conforto aos refugiados".
- O Imaculado Coração de Maria triunfará
Sergio Centofanti
"Meu Imaculado Coração triunfará": estas foram as palavras de Nossa Senhora para os pastorinhos de Fátima há mais de 100 anos. Palavras que dão esperança no meio dos estrondos das guerras. Em 25 de março, o Papa Francisco consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. Ontem (16) o Papa rezou intensamente pela paz: "Senhor Jesus, que morrestes nos braços da mãe num bunker em Kharkiv, tende piedade de nós.... Detenhais a mão de Caim!”. A mansidão da oração supera a prepotência do mal.
Mas ainda hoje há tantas guerras no mundo, muitas vezes esquecidas: na Síria, no Iêmen, na Etiópia... Na Ucrânia, o exército russo continua bombardeando civis, refugiados, pessoas simples na fila para comprar pão, ataca e destrói casas, hospitais, igrejas. Uma mulher grávida morreu com seu bebê no atentado a bomba no hospital pediátrico de Mariupol. As guerras causam sofrimento e devastação em todos os lugares.
Muitos estão rezando pela paz. Em meio às guerras, a oração não é inútil. Nunca saberemos quanto bem pode fazer ao mundo uma oração simples, pequena e silenciosa. É uma força de amor, o poder do Espírito que sopra por toda parte transforma e converte. Para Deus tudo é possível, basta que se abra uma fenda no coração, e muda as mãos assassinas. A oração não muda Deus através das palavras, a oração muda os corações e os converte a Deus para que finalmente possam acolher Seus dons. O dom de Deus é o Espírito que com amor cura o mundo do ódio.
O Papa Francisco perguntou: como levar a guerra à oração? A oração se permite ser transformada em ação, caridade, fé laboriosa. A oração, em sua fraqueza, pode parecer um fracasso. Até mesmo Deus parece falhar em Jesus na cruz: em vez disso, ali mesmo ele venceu o ódio, o mal, a morte e começou uma nova história, uma nova criação.
A mensagem de Fátima não pretende satisfazer curiosidades apocalípticas sobre o fim do mundo, ela apenas lança um apelo sincero à conversão para que a humanidade possa ser salva do egoísmo que destrói. Nestes tempos difíceis, somos acompanhados pelas palavras consoladoras de Maria: "Meu Imaculado Coração triunfará". Em 2000, o então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, explicou o significado destas palavras desta maneira:
"Meu Imaculado Coração triunfará". O que isso significa? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as armas ou armamentos de qualquer espécie. O fiat de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele 'Sim', Deus pôde fazer-Se homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder, porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O que vale desde então, está expresso nesta frase: 'No mundo tereis tribulações, mas tende confiança! Eu venci o mundo » (Jo 16, 33). A mensagem de Fátima convida a confiar nesta promessa.
Fonte: Vatican News