Política

Zelensky pede aos EUA exclusão aérea e novas sanções





O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a pedir aos EUA que estabeleçam uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. A iniciativa impediria que qualquer aeronave sobrevoasse o território ucraniano. Caso haja descumprimento da regra, o avião pode ser abatido.

“Criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia para salvar as pessoas, é pedir demais? A zona humanitária de exclusão aérea seria algo que a Rússia não seria capaz de [usar] para aterrorizar nossas cidades livres”, disse o líder ucraniano nesta 4ª feira (16.mar.2022), em discurso no Congresso dos EUA.

A medida faz parte das exigências de Kiev ao Ocidente para frear o avanço da incursão militar da Rússia sobre o país, mas é vista com cautela por líderes de outras nações, já que pode sinalizar o envolvimento direto das forças ocidentais no conflito. O governo de Joe Biden, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a ONU (Organização das Nações Unidas) já anunciaram que não pretendem atender o pedido.

Embora tenha renovado o seu apelo, o líder ucraniano apresentou uma alternativa caso não haja o decreto de zona de exclusão aérea. Ele solicitou mais apoio militar dos Estados Unidos através do envio de aeronaves à Ucrânia.

“Vocês sabem o quanto dependemos no campo de batalha da capacidade de usar uma aviação poderosa e forte para proteger nosso povo, nossa liberdade e nossa terra. [Precisamos] de aeronaves que podem ajudar a Ucrânia, ajudar a Europa. Vocês sabem que elas existem e vocês as têm. Mas elas estão na terra, não no céu ucraniano. Elas não estão defendendo o nosso povo”, disse.

Para enfatizar o seu pedido de ajuda militar, Zelensky citou o famoso discurso de Martin Luther King, “Eu tenho um sonho”.

“Eu tenho um sonho — essas palavras são conhecidas por cada um de vocês. Hoje, posso dizer: ‘Eu tenho uma necessidade’. Preciso proteger nosso céu. Preciso de sua decisão, de sua ajuda. Isso é algo que significa exatamente o mesmo que vocês sentem quando ouve as palavras: ‘Eu tenho um sonho'”, afirmou o presidente.

Nesta 4ª feira (16.mar.2022), há expectativas de que o presidente dos EUA, Joe Biden, anuncie um novo pacote de US$ 800 milhões em ajuda militar para a Ucrânia. O valor se juntaria aos US$ 13, 6 bilhões já aprovados pelo governo norte-americano.

MAIS SANÇÕES À RÚSSIA

Durante sua fala aos congressistas norte-americanos, Zelensky também pediu para que os EUA apliquem mais sanções “até que a Rússia pare”.

“No momento mais sombrio para nosso país e para toda a Europa, peço que vocês façam mais. Novos pacotes de sanções são necessários, constantemente, em todas as semanas até que a máquina militar russa pare. Restrições são necessárias para todos a quem esse regime injusto é baseado”, disse.

Segundo o líder ucraniano, o governo norte-americano deve “garantir” que a Rússia não receba recursos que possam financiar a “máquina militar russa”. Ele ainda agradeceu ao país por toda ajuda oferecida até o momento. 

APELO A BIDEN

Em um momento de sua fala, o líder da Ucrânia se dirigiu diretamente ao presidente dos EUA, Joe Biden. Pediu para que o norte-americano se tornasse um “líder da paz”.

“Não vejo sentido na vida se ela não puder impedir as mortes. E esta é minha principal questão como líder dos grandes ucranianos e como líder da minha nação. Estou me dirigindo ao presidente Biden: ‘Você é o líder da nação, de sua grande nação. Desejo que você seja o líder do mundo. Ser o líder do mundo significa ser o líder da paz'”, afirmou.

 

-  Conselho da Europa expulsa Rússia

O Conselho da Europa expulsou hoje (16) a Rússia do principal órgão de direitos humanos do continente, devido à invasão e guerra na Ucrânia, numa ação sem precedentes cujo processo já tinha sido iniciado por Moscou.

O comitê da organização, composta por 47 Estados-membros, disse, em comunicado, que "a Federação Russa deixou de ser membro do Conselho da Europa a partir de hoje, 26 anos após adesão".

A decisão surge após semanas de condenação das ações da Rússia na Ucrânia. No início desta semana, a assembleia parlamentar da organização iniciou o processo de expulsão, que foi aprovado por unanimidade.

No mesmo dia, a Rússia informou ao secretário-geral do Conselho da Europa que iria se retirar da organização e que tinha intenção de denunciar a Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

A Rússia aderiu ao Conselho da Europa em 28 de fevereiro de 1996.

"A retirada da Rússia do Conselho da Europa é tragédia para vítimas de abusos do Kremlin", considerou hoje a organização humanitária Anistia Internacional.

A decisão foi tomada "logo em seguida ao ato de agressão contra a Ucrânia, em que as tropas russas cometeram possíveis crimes de guerra e graves violações dos direitos humanos", afirmou a diretora da Anistia Internacional para a Europa do Leste e Ásia Central, Marie Struthers, em comunicado.

"Fora do Conselho da Europa e diante da maior degradação do Estado de Direito na Rússia, caem algumas das últimas salvaguardas que ainda existiam contra os abusos dos direitos humanos. A Rússia fica fora dos limites", o que constitui tragédia para aqueles que mais precisam desses direitos atualmente no país, acrescentou.

"Na Rússia, todas as partes interessadas, incluindo os legisladores, devem tomar medidas para se opor a esse movimento imprudente e evitar que o país caia, cada vez mais fundo, em abismo de total desrespeito pelos direitos humanos", pediu Marie Struthers.

Na votação da decisão, os representantes dos estados presentes no Conselho da Europa descreveram as ações da Rússia como "violação da paz de magnitude sem precedentes no continente europeu desde a criação do conselho".

Na história da organização, apenas um estado, a Grécia, foi suspenso do Conselho da Europa, em 1969, durante a ditadura dos coronéis, que durou de 1967 a 1974, quando o país foi submetido à ditadura militar.

Em 1974, após a queda da última junta militar no poder, a Grécia foi readmitida na organização.

 

 

-  Corte Internacional decide que Rússia deve retirar tropas da Ucrânia

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, nos Países Baixos, decidiu hoje (16) que a Rússia deve suspender imediatamente as operações militares na Ucrânia. O veredito pede ainda a retirada de tropas militares e a adoção de medidas urgentes para que a disputa não seja agravada.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky,  afirmou no Twitter que “a Ucrânia obteve uma vitória completa em seu caso contra a Rússia na Corte Internacional de Justiça. A CIJ ordenou que a invasão pare imediatamente. A ordem é obrigatória sob a lei internacional. A Rússia deve cumprir imediatamente. Ignorar a ordem isolará ainda mais a Rússia”.

A corte decidiu ainda que organizações e pessoas associadas à Rússia não tomem medidas para dar continuidade à ação militar. Essa decisão foi adotada por 13 votos a favor e dois contra, da Rússia e da China.

De forma unânime, todos os juízes da CIJ votaram a favor de que as partes, Rússia e Ucrânia, evitem qualquer ação que possa agravar a atual disputa ou tornar a situação ainda mais complicada.

A Rússia tem uma semana para apresentar ao tribunal as ações que tomará para cumprir as medidas.

Após a invasão russa, no dia 24 de fevereiro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, alegou ter atacado a Ucrânia porque o país estaria cometendo genocídio do próprio povo. Ele acusou a Ucrânia de matar cidadãos de Donetsk e Luhansk, regiões controladas por separatistas pró-Moscou. A Ucrânia rejeitou as acusações e pediu a retirada das tropas russas de seu território no dia 25 de fevereiro.

O veredito do tribunal da ONU lamenta a decisão russa de não participar da audiência ocorrida na semana passada, ressaltando o “impacto negativo” dessa decisão.

A Rússia apresentou um documento escrito ao tribunal, em 7 de março, argumentando que o órgão não deveria impor nenhuma medida. O comunicado afirmava que a Corte não tinha jurisdição, justificando que o pedido da Ucrânia estava fora do âmbito da Convenção de Genocídio da ONU de 1948, que foi o fundamento da queixa.

Ao apresentar o veredito, a juíza Joan E. Donoghue disse que o tema não pode ser excluído da lista de sua jurisdição. A Rússia foi solicitada a apresentar seus argumentos por escrito.

Ambos os países assinaram o tratado que não permite uma invasão, exatamente para evitar um genocídio.

A CIJ disse não haver provas de que a Ucrânia tenha cometido ou planejado ataques que podem ser considerados crimes contra a humanidade.

A acusação das autoridades ucranianas é que Moscou busca justificar ilegalmente o conflito atual. 

 

- Rússia, Ucrânia e EUA avançam em acordo para parar a guerra; ataques continuam

Minuta para cessar-fogo está pronta, diz jornal, mas há desavenças; Casa Branca e Kremlin se falam pela primeira vez

Rússia e Ucrânia avançaram nas negociações para chegar a um cessar-fogo na invasão promovida por Vladimir Putin no país vizinho, que completará três semanas na madrugada desta quinta (17).

Pela primeira vez, houve contato entre o Kremlin e a Casa Branca desde o início da crise, e o jornal britânico Financial Times diz que Moscou e Kiev já discutem a minuta de arranjo para ao menos lograr um cessar-fogo.

Não que a paz esteja à mão: novos ataques russos em Kiev e em outras cidades do país, como Kharkiv, indicam a estratégia do Kremlin de manter a pressão militar alta enquanto tenta arrancar os termos mais próximos de suas demandas dos ucranianos.

O presidente ucraniano, o acuado Volodimir Zelenski, disse em mensagem nesta quarta (16) que "os encontros continuam e as posições durante as negociações já soam mais realistas". "Mas tempo ainda é necessário para as decisões que sejam do interesse da Ucrânia", afirmou. As conversas virtuais seguem.

Já Vladimir Putin afirmou que está disposto a negociar os termos da neutralidade ucraniana, visando evitar a entrada do país na Otan (aliança militar ocidental), mas reafirmou que a guerra seguirá até cumprir seus objetivos. Uma no cravo, outra na ferradura da opinião doméstica.

Já o chanceler russo, Serguei Lavrov, concedeu entrevista ao site RBC e disse que há "esperança de acomodação" acerca da neutralidade que Moscou quer ver entronizada na Constituição da Ucrânia.

O Kremlin, comentando o caso, foi além e sugeriu que a Ucrânia deveria olhar para os modelos da Áustria e da Suécia de neutralidade. "Essa é uma variante que está sendo discutida e que poderia ser vista como um acordo", disse o porta-voz Dmitri Peskov. A Presidência ucraniana, porém, informou nesta quarta que rejeita tal sugestão, afirmando que as negociações devem se concentrar em "garantias de segurança".

O caso austríaco é mais eloquente. Ocupado pelos Aliados e pela União Soviética, em vez de ser dividido como a Alemanha no pós-guerra o país inseriu em sua Constituição uma renúncia a participar de pactos militares, em 1955. Mais significativo para a Ucrânia, em 1995 Viena entrou na União Europeia, outro desejo de Kiev malvisto pelo Kremlin.

Neste caso, disse Peskov, a Ucrânia seria desmilitarizada, como prometeu Putin, mas manteria Forças Armadas. Os ataques a fábricas de material de defesa ucranianas, intensificados nesta semana, podem indicar que os russos querem deixar a tal desmilitarização feita na prática.

Já a Suécia é um exemplo mais complexo. Sua neutralidade veio após o fim das guerras napoleônicas, com a chamada Política de 1812. Ela não integra a Otan, mas tem uma sofisticada indústria de defesa criada de olho na Rússia e está bastante integrada à aliança. Tanto ela como a também neutra Finlândia têm discutido uma adesão formal ao pacto. "O status neutro está sendo discutido seriamente agora, juntamente, claro, com garantias de segurança", afirmou Lavrov.

Tais garantias já estavam colocadas no ultimato feito em dezembro por Putin, enquanto juntava tropas em torno do vizinho. Para o russo, estrategicamente é inaceitável ter um país da Otan do tamanho da Ucrânia nas suas fronteiras. Dois séculos de invasões por ali pesam no processo decisório.

O russo quer restaurar a chamada profundidade estratégica, ter aliados ou países neutros a seu redor, como nos tempos do Império Russo ou da União Soviética. Desde o fim do bloco comunista, a Otan abocanhou 14 países a leste, aproveitando-se da fraqueza russa. Na Geórgia (2008) e na Ucrânia (2014 e agora), Putin ignora o direito internacional para fazer valer seu ponto de vista quando outros meios não funcionam: na Belarus, na Ásia Central e no Sul do Cáucaso, logrou manter aliados na base do apoio.

Deixar Kiev fora da Otan era a demanda central, pública, da Rússia, mas nem de longe a única. Lavrov não falou sobre a questão do reconhecimento das áreas russófonas que estão "de facto" fora do controle de Zelenski, como a Crimeia (anexada em 2014) e o Donbass (autônomo e em guerra civil desde 2014).

Na terça, Zelenski havia admitido que a Ucrânia tem "as portas fechadas" na Otan, em encontro virtual com líderes europeus. Ele basicamente os culpou por não cumprir a promessa de admissão feita em 2008, inferindo que se fosse membro do grupo não teria sido atacado, devido à cláusula de defesa mútua.

Segundo o Financial Times, tudo isso está em 15 pontos colocados em um esboço de acordo de paz. Há obstáculos enormes de lado a lado, contudo. O jornal diz que um dos itens é um arranjo de garantias de segurança ocidentais a Kiev, sem envolver a Otan. Não se sabe como isso pode ser feito.

O principal assessor de Zelenski, Mihailo Podoliak, comentou a reportagem no Twitter e disse que os pontos são apenas as intenções russas. Segundo ele, a Ucrânia quer cessar-fogo, retirada dos invasores e as tais garantias ocidentais.

De todo modo, a roda se move. O assessor de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan, falou sobre a crise com Nikolai Patruchev, seu homólogo com o cargo de secretário do Conselho de Segurança de Putin e homem de confiança do presidente.

Segundo a versão da Casa Branca, ambos os lados reafirmaram suas visões na crise, como seria óbvio, mas a abertura do canal é a notícia em si.

Já o negociador-chefe russo, Vladimir Medinski, afirmou à agência Interfax que as "negociações são duras e vão devagar". "Queremos que ocorram mais rapidamente. Queremos chegar à paz assim que possível e uma Ucrânia livre, independente e neutra, não um membro de blocos militares, um membro da Otan."

Naturalmente, na prática o Kremlin quer a rendição de Zelenski e aumenta a intensidade de seus ataques, embora não tenha feito uma ofensiva decisiva —no sentido de tentar encerrar a guerra com armas, tomando Kiev, por exemplo. Os lados jogam, afinal, apesar da destruição de vidas e cidades ucranianas.

Há mais de 3 milhões de refugiados, e os mortos civis se contam na casa dos milhares, embora nenhuma estimativa pareça confiável a esta altura. Baixas militares, então, são insondáveis: os russos pararam de contar em 500 na primeira semana; os ucranianos exageram dezenas de milhares de invasores mortos.

 

- OMS denuncia 43 ataques contra instalações de saúde na Ucrânia

 

A guerra na Ucrânia já causou 43 ataques contra instalações de saúde, denunciou hoje (16) a Organização Mundial da Saúde (OMS) em novo balanço.

 

Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, mais de 300 instalações de saúde ucranianas estão na linha do conflito ou em áreas que a Rússia passou a controlar e outras 600 estão a dez quilômetros da linha do conflito.

Na videoconferência de imprensa semanal da organização, Ghebreyesus pediu aos países doadores mais investimento para que os civis e os refugiados ucranianos recebam a assistência que necessitam. "Enormes quantias de dinheiro estão sendo gastas em armas", criticou, assinalando que a OMS obteve apenas US$ 8 milhões de um total de US$ 57,5 milhões de financiamento solicitado para a assistência sanitária à Ucrânia.

 

Transfusão de sangue

 

Até hoje, a OMS enviou para a Ucrânia cerca de 100 toneladas de material médico, incluindo kits de transfusão de sangue, desfibriladores, insulina, oxigênio e anestésicos.

O diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Mike Ryan, destacou que ataques contra instalações de saúde na Ucrânia e em outras partes do mundo são "totalmente inaceitáveis" e violam o direito humanitário internacional. De acordo com Ryan, não se trata apenas de "destruir edifícios", mas de "destruir a esperança" de pessoas que podem ser tratadas.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou a fuga de 4,8 milhões de pessoas, indo mais de três milhões para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas. A invasão russa foi condenada pela maioria da comunidade internacional e muitos países e organizações impuseram à Rússia sanções que atingem praticamente todos os setores.

 

Fonte: Poder360 - Agência Brasil - Folha