Cotidiano

Guerra ameaça jogar 90% dos ucranianos para a pobreza, alerta ONU





A guerra na Ucrânia ameaça jogar 90% da população do país para baixo da linha da pobreza. O alerta é do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) que, nesta quarta-feira (16), publica as primeiras estimativas do impacto econômico e social do conflito. Segundo a agência, se o confronto continuar, a Ucrânia e toda a região testemunharão o desmonte de décadas de avanços sociais obtidos após a queda da Cortina de Ferro.

Seriam diretamente afetadas pela guerra 18 milhões de pessoas, com pelo menos 7 milhões de deslocados internos.

 

"As primeiras estimativas sugerem que 90% da população ucraniana poderia enfrentar pobreza e extrema vulnerabilidade econômica caso a guerra se aprofunde, atrasando o país —e a região— décadas e deixando profundas cicatrizes sociais e econômicas para as gerações futuras", diz o PNUD.

Na prática, isso representaria mais de 36 milhões de pessoas vivendo com menos de US$ 5,5 (R$ 28,22) por dia.

De acordo com a ONU, 18 anos de conquistas socioeconômicas seriam perdidos, com quase um terço da população vivendo abaixo do limiar da pobreza e mais 62% em alto risco de cair na pobreza nos próximos doze meses.

No pior dos cenários, o PIB do país teria um tombo de 60%. A queda seria maior que o desabamento de 40% na economia do Líbano em 1982, no Kuwait em 1991, de 50% no Sudão do Sul e equivalente ao caos na Líbia a partir de 2014.

"A guerra na Ucrânia está causando um sofrimento humano inimaginável, com uma trágica perda de vidas e o deslocamento de milhões de pessoas. Embora a necessidade de assistência humanitária imediata aos ucranianos seja da maior importância, os impactos agudos de desenvolvimento de uma guerra prolongada estão agora a tornar-se mais evidentes", disse o administrador do PNUD, Achim Steiner.

"Um declínio econômico alarmante, e o sofrimento e as dificuldades que trarão a uma população já traumatizada, devem agora ser mais acentuados", disse.

"A fim de evitar mais sofrimento, destruição e empobrecimento, precisamos agora de paz", defendeu Steiner.

Segundo estimativas governamentais, foram destruídos pelo menos US$ 100 bilhões em infraestruturas, edifícios, estradas, pontes, hospitais, escolas, e outros bens físicos.

A guerra provocou o fechamento de 50% das empresas ucranianas, enquanto a outra metade é forçada a operar muito abaixo da capacidade.

Uma das saídas seria o estabelecimento de uma espécie de auxílio emergencial, que custaria US$ 250 milhões por mês e que cobriria perdas parciais de rendimento para 2,6 milhões de pessoas.

 

- Autoridade ucraniana diz que vê espaço para acordo com Rússia

Negociações são muito difíceis, diz assessor do presidente ucraniano

Um alto funcionário ucraniano disse nesta terça-feira (15) que as conversações com a Rússia sobre o fim da guerra são muito difíceis, mas disse que há "certamente espaço para um acordo", acrescentando que as negociações continuarão na quarta-feira (16).

"Continuaremos amanhã -- é um processo de negociação muito difícil. Existem contradições fundamentais, mas certamente há espaço para acordos", disse Mykhailo Podolyak, assessor do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, no Twitter.

As conversas foram retomadas por meio de uma videoconferência na terça-feira. Autoridades ucranianas mostraram esperança de que a guerra possa terminar mais cedo do que o esperado, dizendo que Moscou pode estar aceitando seu fracasso em impor um novo governo a Kiev pela força.

Em uma sugestão de possível compromisso, Zelenskiy disse que a Ucrânia está preparada para aceitar garantias de segurança que ficam aquém de seu objetivo de longo prazo de se tornar membro da Otan, ao qual Moscou se opõe.

Fonte: UOL - Agência Brasil