Economia

Dólar sobe pelo 4º dia, a R$ 5,159, maior valor em quase 1 mês; Bolsa cai





O dólar terminou a terça-feira (15) em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,159 na venda. É a quarta sessão seguida de ganhos para a moeda americana, que chegou hoje ao maior valor em quase um mês, desde 17 de fevereiro, quando fechou em R$ 5,167.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), emendou seu quarto pregão de queda, encerrando o dia aos 108.959,30 pontos (-0,88%). Na segunda (14), o indicador já havia caído mais de 1%.

Mesmo com os ganhos de hoje, o dólar ainda acumula desvalorização de 7,48% frente ao real em 2022. O Ibovespa, por sua vez, subiu 3,95% neste ano, depois de despencar quase 12% no anterior.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Expectativa por juros

Investidores estão na expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) aumentará os juros básicos — hoje próximos a zero — nesta semana, pressionado pela disparada da inflação. Nos 12 meses encerrados em janeiro, os preços ao consumidor americano subiram 7,5%, segundo dados oficiais, a maior alta em quase 40 anos.

Além disso, o mercado também quer saber "como os banqueiros centrais estão observando as dezenas de variáveis capazes de influenciar o ritmo da atividade econômica e, em decorrência disso, a inflação e a taxa de juros", segundo explicaram analistas da Levante Investimentos.

Juros mais altos nos EUA aumentam a rentabilidade dos títulos americanos, considerados investimentos muito seguros. Na prática, esse cenário tende a reduzir a atratividade de ativos mais arriscados, como o real e outras moedas de países emergentes, o que leva a uma valorização global do dólar.

O que pode contribuir para segurar a cotação da moeda americana por aqui é a reunião de política monetária do Banco Central do Brasil, que termina amanhã (16), mesmo dia do encontro do Fed. As apostas são de que o BC ajustará a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano, o que tende a atrair investidores estrangeiros e, assim, beneficiar o real.

Risco fiscal

Paralelamente, investidores não receberam bem as notícias de que o governo brasileiro avalia adotar mais medidas — como um eventual subsídio aos combustíveis ou aumento temporário do Auxílio Brasil, por exemplo — para conter os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que chegou hoje ao 20º dia.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) já havia sancionado um projeto de lei que prevê a criação de um ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) único para os combustíveis. A expectativa é de que a mudança faça com que os preços subam menos quando o petróleo disparar no mercado internacional, como aconteceu nos últimos dias.

Só o litro da gasolina comum subiu 1,61% na segunda semana de março, chegando à média de R$ 6,683, segundo último levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Em Eunápolis (BA), que no período registrou a gasolina mais cara do país, o litro já se aproxima de R$ 9.

Fonte: UOL com Reuters