Cotidiano

Negociador ucraniano diz que conversas com Rússia continuarão amanhã





As negociações entre Ucrânia e Rússia foram paralisadas nesta segunda-feira (14), disse um dos negociadores ucranianos no Twitter.

"Uma pausa técnica foi realizada nas negociações até amanhã (terça-feira), para análise adicional nos subgrupos de trabalho e esclarecimentos de definições individuais. As negociações continuam", afirmou o negociador ucraniano Mykhailo Podolyak.

Boicote

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que a pressão sobre a Rússia deveria ser aumentada e pediu um boicote global às empresas internacionais que mantêm suas operações no país.

Em entrevista, Kuleba também pediu que os portos internacionais barrem a passagem de navios e para cargas russas.

Refugiados

Um centro de educação para jovens perto de Auschwitz, dedicado a preservar memória da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto abriu suas portas para ajudar refugiados que fogem da guerra na Ucrânia.

Dias depois de deixar sua cidade natal de Nikopol, no Sul da Ucrânia, com sua mãe, Tamila Tvardovska pôde finalmente colocar suas malas pesadas no chão e descansar.

Tamila, de 39 anos, estava entre os 50 refugiados, a maioria mulheres e crianças, que chegaram no domingo (13) ao Centro Internacional de Reunião Juvenil em Oswiecim, um edifício tranquilo que normalmente recebe eventos educacionais.

"Acho que haverá céus pacíficos acima de nossas cabeças aqui", disse ela.

O centro, que fica a cerca de dois quilômetros do antigo campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, pretende fazer todo o possível para garantir que aqueles que fogem da guerra tenham um lugar seguro para ficar, disse Leszek Szuster, seu diretor.

"Fico satisfeito que nesta situação extraordinária tenhamos a possibilidade de oferecer ajuda aos nossos amigos da Ucrânia", afirmou.

Até agora, o centro serviu cerca de 2 mil refeições aos refugiados desde o início de março.

O número de refugiados da Ucrânia, desde a invasão russa em 24 de fevereiro, subiu para mais de 2,8 milhões, mostraram dados da Organização das Nações Unidas nesta segunda-feira. Esta é a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

* Reportagem de Natalia Zinets, Max Hunder, Gabriele Pileri, Roberto Mignucci e Mari Saito

 

 

Ucrânia e Rússia mantêm novas negociações de paz

A Ucrânia disse ter iniciado hoje (14) negociações "duras" sobre cessar-fogo, a retirada imediata de tropas e garantias de segurança com a Rússia, apesar do bombardeio letal contra um prédio residencial em Kiev.

O dois lados relataram poucos progressos no fim de semana, depois que as rodadas anteriores se concentraram principalmente em cessar-fogo para levar ajuda a cidades sitiadas por forças russas e retirar civis; essas tréguas falharam frequentemente.

Os bombeiros combateram o incêndio no bloco de apartamentos na capital, onde um jovem morador atordoado descreveu o caos da noite anterior em uma cidade-alvo do avanço russo, mas que até agora foi poupada de bombardeios generalizados.

Autoridades disseram que pelo menos uma pessoa morreu e três foram hospitalizadas. Um corpo, quase todo coberto, ainda estava no chão.

"Saímos do apartamento e vimos que a escada não estava mais lá, tudo pegava fogo", disse Maksim Korovii à Reuters, descrevendo como ele e sua mãe se esconderam inicialmente, pensando que as forças russas estavam arrombando a porta.

"Nós não sabíamos o que fazer. Então corremos para a varanda. Conseguimos colocar as roupas que tínhamos à mão e fomos de varanda em varanda e no final descemos pela entrada do prédio ao lado. Agora estamos tentando recuperar algumas de nossas coisas com a ajuda dos bombeiros."

A Rússia nega atacar civis, descrevendo suas ações como "operação especial" para desmilitarizar e "desnazificar" a Ucrânia. A Ucrânia e os aliados ocidentais chamam de pretexto infundado para guerra.

Em publicação em rede social antes das conversações, o negociador ucraniano Mykhailo Podolyak escreveu: "Negociações. 4ª rodada. Sobre paz, cessar-fogo, retirada imediata de tropas e garantias de segurança."

Mais tarde, ele disse que as discussões começaram, mas estavam difíceis, porque os sistemas políticos da Rússia e da Ucrânia são muito diferentes.

Podolyak disse acreditar que a Rússia "ainda tem a ilusão de que 19 dias de violência contra cidades pacíficas (ucranianas) são a estratégia certa".

A Rússia acusou a Ucrânia de usar civis como escudos humanos, uma alegação que Kiev negou firmemente.

Embora as tropas russas ainda não tenham entrado na capital, milhares de pessoas morreram em outras cidades e vilarejos ocupados ou cercados desde a invasão em 24 de fevereiro.

A administração da cidade de Kiev disse que a fábrica de aviões Antonov foi bombardeada. A Reuters não conseguiu verificar esse relato.

O governador regional, Oleksiy Kuleba, afirmou que as cidades da linha de frente perto de Kiev estão retirando civis nesta segunda-feira pelo quinto dia. "O cessar-fogo em nossa região está sendo mantido, embora seja muito condicional", disse Kuleba, acrescentando que explosões ocasionais podiam ser ouvidas a distância do local em que estava.

 

- Kiev: ataque russo a edifício residencial deixa 2 mortos e 12 feridos

O ataque a um edifício residencial em Obolon, Kiev, deixou pelo menos dois mortos e 12 feridos, informaram os serviços de emergência ucranianos. O prédio foi atingido por fogo de artilharia, que causou incêndio.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que, se o espaço aéreo do país não for fechado, os mísseis da Rússia vão acabar caindo em território da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em vídeo divulgado nesse domingo (13), Zelensky insistiu no fechamento do espaço aéreo ucraniano.

Refugiados

O conflito já levou quase 3 milhões de pessoas a deixarem a Ucrânia. A maioria tem fugido pela fronteira com a Polônia, mas há também milhares todos os dias tentando escapar dos bombardeios pela Moldávia.

O fluxo diminuiu, mas nem por isso deixa de preocupar a Organização Internacional para as Migrações (OIM). O diretor-geral da organização, António Vitorino destaca a necessidade de encontrar soluções duradouras. Várias pessoas fugiram nas últimas horas pela fronteira de Palanca na Moldávia.

Donetsk

Os separatistas pró-russos responsabilizaram hoje (14) as forças ucranianas pela morte de 20 pessoas na cidade de Donetsk, no Leste da Ucrânia, que teriam sido atingidas por fragmentos de míssil interceptado pela defesa aérea.

A defesa territorial de Donetesk publicou fotografias no Telegram em que se veem corpos ensanguentados numa rua do centro da cidade industrial.

Os separatistas disseram que suas defesas aéreas interceptaram míssil ucraniano, cujos destroços atingiram pessoas, incluindo crianças.

"As pessoas estavam na fila de uma máquina ATM, algumas em uma parada de ônibus.  De acordo com relatórios preliminares, 20 pessoas foram mortas e nove sofreram ferimentos. Há crianças entre os mortos", disse o chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, citado pela agência oficial russa TASS.

Pushilin disse ainda que o míssil "transportava uma carga de fragmentação" e que "se não tivesse sido abatido, teria causado muito mais baixas".

Ao determinar a invasão da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, alegou tratar-se de uma "operação militar especial" para apoiar as autoproclamadas repúblicas pró-Moscou de Donetsk e Lugansk, na região do Donbass.

A guerra no Donbass começou em 2014, com apoio russo, e, segundo a ONU, tinha causado mais de 14 mil mortos até 24 de fevereiro, data em que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia.

Os combates na Ucrânia, que entraram hoje no 19º dia, provocaram milhares de mortos e feridos, mas o número preciso não está determinado.

As informações sobre baixas militares e civis indicadas por cada uma das partes carecem de verificação independente.

A Organização das Nações Unidas contabilizou cerca de 600 civis mortos e mais de mil feridos até o fim de semana, mas alertou que o número deverá ser substancialmente superior.

Mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde a invasão, naquela que já é considerada a pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

 

Fonte: Agência Brasil