Política

Rússia fecha cerco a Kiev atacando subúrbio; Putin fala com Macron e Scholz





Os subúrbios de Kiev, capital da Ucrânia, foram bombardeados durante o sábado (12), em meio à guerra no leste europeu entre a Rússia e os ucranianos. Com os ataques, sirenes de emergência soaram por um longo período em várias regiões próximas da cidade e também em outros municípios, como Lviv, Cherasky e Kharkiv. A informação foi relatada pela emissora americana CNN. O assessor da presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, afirmou que a capital "está sitiada".

De acordo com o Serviço de Inteligência britânico, as tropas russas estão a cerca de 25 km de Kiev. Ao redor da capital, as cidades de Kharkiv, Chernihiv, Sumy e Mariupol seguem cercadas pelos Exército russo.

O serviço de inteligência da Ucrânia acusou os russos de atirarem contra um comboio que estava retirando mulheres e crianças do vilarejo de Peremoha, na região de Kiev, matando sete pessoas, incluindo uma criança.

Uma base aérea Vasylkiv, a cerca de 30 km de Kiev, foi destruída por mísseis e um depósito de gasolina pegou fogo, segundo o prefeito da cidade.

Imagens de satélites revelaram que comboios russos foram reposicionados em florestas e áreas arborizadas em Lubyanka, de acordo com imagens tiradas pela Maxar Technologies, empresa de tecnologia espacial com sede em Westminster, no Colorado, nos Estados Unidos.

Em Lviv, a cidade do oeste até então considerada relativamente segura, o alarme durou duas horas, maior período desde o início da guerra, em 24 de fevereiro. A região foi despertada pelas sirenes por volta das 5h30 da manhã, no horário local (0h30, no horário de Brasília).

Novas explosões também foram ouvidas nas cidades de Nikolaev, no sul, Dnipro e Kropyvnytskyi, no centro do país, segundo relatos divulgados pela BBC Ucrânia, citando autoridades locais.

Os corpos de cinco pessoas, incluindo duas crianças, foram recuperados pelos serviços de emergência nos escombros de um edifício residencial na vila ucraniana de Slobozhanske, nos arredores de Kharkiv, após um bombardeio russo.

Ataque a hospital

As autoridades ucranianas acusaram a Rússia de ataques em Mykolaiv, onde um hospital para tratamento de câncer e alguns edifícios residenciais foram danificados. Até o momento, não há registro de vítimas.

"Estão atacando áreas civis, sem nenhum objetivo militar", disse o diretor do hospital, Dmytro Lagochev. "Aqui há um hospital, um orfanato e uma clínica oftalmológica", acrescentou.

Segundo a imprensa internacional, citando os governadores das duas regiões de Kiev e Donetsk, militares russos continuam a atacar áreas onde a Ucrânia está tentando evacuar civis e levar ajuda através de corredores humanitários.

O Ministério da Defesa russo informou que a situação humanitária está se degradando "rapidamente" na Ucrânia e que algumas cidades, confrontadas à ofensiva militar de Moscou, viviam uma situação "catastrófica".

O governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, disse à mídia local que "a carga humanitária está se movendo em direção a Mariupol. A situação é complicada, há bombardeios constantes".

Mariupol

Após 11 dias de ataque, grande parte das atenções está voltada para Mariupol, no Mar de Azov, ao sul da Ucrânia, cujos habitantes estão incomunicáveis, sem água, gás ou eletricidade e até brigam para conseguir comida. É uma situação "quase desesperadora", alertou o Médicos Sem Fronteiras.

"As tropas russas não deixaram nossa ajuda entrar na cidade", afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometendo que vai tentar novamente enviar provisões.

"Mariupol sitiada é atualmente a pior catástrofe humanitária do planeta. São 1.582 civis mortos em 12 dias, enterrados em valas comuns como esta", disse o chefe da diplomacia da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em um tuíte acompanhado de uma foto de uma vala com cadáveres.

O Ministério Ucraniano de Relações Exteriores informou que as forças russas bombardearam a mesquita do sultão Soliman de Mariupol, onde 80 civis tinham se refugiado, mas um dos envolvidos nas operações de evacuação desmentiu o fato pouco depois.

Conversas por telefone

A situação na Ucrânia foi debatida em um novo telefonema entre o chanceler alemão, Olaf Scholz, e os presidentes francês, Emmanuel Macron, e russo, Vladimir Putin, revelaram fontes do Palácio do Eliseu. Eles "exigiram à Rússia um cessar-fogo imediato".

Anteriormente, Macron alertou para mais "sanções maciças" se Moscou intensificar os bombardeios ou atacar Kiev, sem descartar a proibição das importações de hidrocarbonetos da Rússia, das quais o mercado energético europeu depende.

Putin acusou as forças ucranianas de "violações flagrantes" ao direito humanitário, como "assassinatos de opositores", "tomada de reféns por parte de civis" e seu "uso como escudos humanos". Mas a Presidência francesa afirmou que estas acusações eram "mentiras".

Durante coletiva de imprensa, Zelensky destacou que a Rússia adotou uma "abordagem fundamentalmente diferente" nas negociações para pôr fim ao conflito. De acordo com o presidente ucraniano, Moscou não se limita mais a "dar ultimatos".

Ao contrário, Zelensky disse que se sentia "feliz de receber um sinal da Rússia", depois de o presidente russo afirmar ter havido "passos positivos" nas últimas negociações bilaterais.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse às agências de notícias russas que as conversas entre as delegações russa e ucraniana "continuam" por videoconferência. 

O governo americano informou que "os Estados Unidos continuam preocupados com as ações imprudentes da Rússia e as violações dos princípios de segurança nuclear", disse a ministra americana de Energia dos EUA, Jennifer Granholm.

Granholm reforçou que o fato de Moscou violar os princípios de segurança "é inaceitável e os ataques que põem em perigo a segurança na Ucrânia têm de parar".

Os ocupantes russos também anunciaram aos funcionários da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, que ela não pertence mais à Ucrânia e que a partir de agora terá que operar sob o controle de Moscou e em conformidade com as regras da Rosatom, empresa estatal russa de energia atômica.

A informação foi divulgada pelo Kyiv Independent, citando o chefe da Energoaton, empresa nuclear ucraniana. Até o momento, Moscou já enviou 11 engenheiros ao local.

Corredores humanitários

Vários corredores humanitários em cidades e vilarejos ucranianos, incluindo o porto de Mariupol, devem ser abertos para que os civis possam sair, disse a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, acrescentando que espera que a Rússia cumpra o cessar-fogo para permitir que isso aconteça.

Segundo Iryna, a Ucrânia planeja evacuar moradores de várias cidades e vilarejos nas regiões de Kiev e Sumy e de algumas outras áreas onde há combate.

"Espero que o dia corra bem, que todas as rotas planejadas estejam abertas e que a Rússia cumpra suas obrigações de garantir o cessar-fogo", disse Iryna.

O governo prevê retirar os civis de Mariupol através de um corredor humanitário até Zaporizhzhia, 200 km a nordeste.

Zelensky estimou que "ao redor de 1,3 mil" ucranianos morreram desde o início da invasão russa, e que o exército russo tinha perdido "ao redor de 12 mil homens", sem dar detalhes destes balanços.

 

 

Biden autoriza US$200 mi em novas armas para a Ucrânia

O presidente norte-americano, Joe Biden, autorizou neste sábado 200 milhões de dólares em armas e outras ajudas à Ucrânia, informou a Casa Branca, enquanto autoridades ucranianas disseram que os fortes bombardeios das forças russas estava ameaçando a retirada de civis.

A decisão leva o total de auxílio dos EUA à segurança da Ucrânia ao longo do último ano a 1,2 bilhão de dólares, afirmou uma autoridade sênior do governo.

Em um memorando ao secretário de Estado, Antony Blinken, Biden orientou que até 200 milhões de dólares alocados por meio do Lei de Assistência Externa fossem designados à defesa da Ucrânia.

Os recursos podem ser usados para armas e outros artigos de defesa do estoque do Departamento de Defesa, e também para educação militar e treinamento para ajudar a Ucrânia.

Os novos recursos chegam dias depois de o Congresso dos EUA aprovar 13,6 bilhões de dólares em auxílio emergencial à Ucrânia, como parte de 1,5 trilhão de dólares para financiar o governo dos EUA até setembro.

Fonte: Agência Brasil - UOL - AFP e Ansa