Política

Ucrânia não vai insistir para entrar na Otan, diz Zelensky





O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que não irá mais insistir para que a Ucrânia faça parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A possível entrada do país na aliança militar é o principal motivo para o conflito com a Rússia.

Em entrevista ao canal ABC, o presidente afirmou que a Ucrânia não deve ser vista como o “país que ficou de joelhos” para entrar na Otan. “A aliança tem medo de tudo o que seja controverso e de um confronto com a Rússia”, disse.

Zelensky diz que deve manter o diálogo com a aliança, mas moderou a posição sobre o assunto ao ver que a Otan não “está pronta” para aceitar a Ucrânia.

A entrada da Ucrânia na Otan é um dos principais motivos da invasão russa. Vladimir Putin diz que o avanço da aliança militar para o leste representa uma “ameaça” à segurança da Rússia.

Uma das exigências das autoridades russar para o cessar o conflito é que a Ucrânia faça uma mudança na Constituição para garantir que não irá aderir à Otan ou à UE (União Europeia). Além disso, o governo pede a rendição militar e o reconhecimento da independência das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, em Donbass.

 

- Rússia promete deixar ucranianos fugirem de cercos "apocalípticos"

A Rússia anunciou novo cessar-fogo na Ucrânia, nesta quarta-feira (9), para permitir que civis fujam de cidades sitiadas, após dias de promessas fracassadas que deixaram centenas de milhares de pessoas retidas sem acesso a remédios ou água potável.

O anúncio de "silêncio" de quarta-feira foi semelhante ao de terça-feira que prometia passagem segura das cidades de Kiev, Kharkiv, Chernihiv, Sumy e Mariupol. Até agora, apenas um corredor foi aberto, saindo de Sumy, nessa terça-feira.

A Ucrânia disse que também concordou em interromper o fogo entre as 9h e as 21h (4h e 16h em Brasília) para deixar os civis escaparem das cidades sitiadas por meio de seis corredores. Em declaração divulgada pela TV, a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk pediu a Moscou que respeite o cessar-fogo local.

A situação é pior em Mariupol, cidade portuária do Sul, totalmente cercada por tropas russas por mais de uma semana, onde a Cruz Vermelha descreveu a situação enfrentada pelos civis como "apocalíptica".

Os moradores estão abrigados no subsolo devido ao bombardeio implacável, incapazes de retirar seus feridos e sem acesso a comida, água, energia ou calor.

Várias tentativas de cessar-fogo local para deixá-los sair fracassaram desde sábado (5). Kiev informou que 30 ônibus e oito caminhões de suprimentos não conseguiram alcançá-los ontem, depois de terem sido bombardeados pela Rússia, violando o cessar-fogo. Moscou culpou Kiev por não deter o fogo.

Nas duas maiores cidades da Ucrânia, Kiev e Kharkiv, a oferta russa de passagem segura forçaria os civis a irem para a própria Rússia ou para sua aliada Bielorrússia, propostas rejeitadas por Kiev.

Mais de 2 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde que o presidente Vladimir Putin lançou a invasão há quase duas semanas. Moscou chama a ação de "operação militar especial" para desarmar o vizinho e desalojar líderes que chama de "neonazistas". Kiev e aliados ocidentais consideram a alegação pretexto infundado para guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.

A guerra rapidamente lançou a Rússia em um isolamento econômico nunca visto antes em uma economia tão grande. Os Estados Unidos disseram que estão proibindo as importações de petróleo russo, uma grande mudança na política depois que o setor de energia ficou inicialmente de fora das sanções.

 

 

-  Zelensky: área de exclusão aérea é necessária para conter catástrofe

 O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta quarta-feira (9) que a comunidade internacional será responsável por uma "catástrofe humanitária" em massa se não concordar em implementar uma zona de exclusão aérea para proteger seu país.

Em seu pronunciamento diário na televisão, ele afirmou que o nível de ameaça está no máximo, praticamente duas semanas após a invasão russa, mas que os ucranianos mostraram que nunca desistirão.

"A Rússia usa mísseis, aviões e helicópteros contra nós, contra civis, contra nossas cidades, contra nossa infraestrutura. É dever humanitário do mundo responder", destacou.

Rússia 

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, disse que o país vai atingir o objetivo de assegurar status neutro da Ucrânia e prefere fazer isso por meio de negociações.

Os objetivos de Moscou não incluem a derrubada do governo ucraniano, e a Rússia espera obter progressos mais significativos na próxima rodada de negociações com a Ucrânia, disse Zakharova em entrevista, acrescentando que a operação militar russa em solo ucraniano está estritamente em linha com o planejado.

Estados Unidos

Os líderes do Congresso dos Estados Unidos (EUA) chegaram a acordo bipartidário para alocar US$ 13,6 bilhões em ajuda de emergência à Ucrânia e fornecer US$ 15,6 bilhões para combate à pandemia de covid-19.

A legislação abrangente fornecerá US$ 1,5 trilhão para gastos discricionários de defesa e não defesa e financiará o governo federal até 30 de setembro.

"Não podemos ficar longe da TV e assistir ao que está acontecendo na Ucrânia, e este projeto de lei responde à guerra de agressão não provocada da Rússia e à invasão perversa da Ucrânia", disse Rosa DeLauro, presidente do Comitê de Apropriações da Câmara dos Deputados dos EUA, em comunicado.

O Congresso tem um prazo de meia-noite da sexta-feira para aprovar a legislação.

O líder da maioria da Câmara dos Deputados, Steny Hoyer, disse aos repórteres mais cedo na terça-feira que a Casa tem como objetivo debater e aprovar a legislação nesta quarta.

Mas ele deixou em aberto a possibilidade de que um projeto de lei de curto prazo seja necessário se a legislação que fornece financiamento total do governo não for finalizada a tempo.

 

- 'Bolsonaro virou as costas para a gente', diz líder de entidade ucraniana

Bolsonaro (à esq.) e Putin apertam as mãos durante visita do brasileiro à Rússia Imagem: SPUTNIK/via REUTERS - 16.fev.22

Vitorio Sorotiuk, que preside a Representação Central Ucraniano-Brasileira, não esconde a decepção com a postura do presidente Jair Bolsonaro (PL) relacionada à investida das tropas russas ao território ucraniano.

Segundo ele, o presidente brasileiro insultou publicamente o mandatário ucraniano Volodimir Zelensky e desrespeitou o país do leste europeu ao recusar um convite de visita antes da invasão, já que esteve na Rússia em uma agenda com o presidente Vladimir Putin.

O encontro com o russo ocorreu no dia 16 de fevereiro, uma semana antes do início do conflito armado. Com o auxílio de um tradutor, Bolsonaro disse ser "solidário à Rússia" sem citar a tensão às vésperas do conflito armado, seguindo orientação do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). Antes de chegar a Moscou, diplomatas norte-americanos tentaram pressionar o governo a cancelar a visita.

Em entrevista ao UOLSorotiuk criticou a recusa de Bolsonaro de fazer uma visita também à Ucrânia, em convite informado por Zelensky em uma reunião virtual com mais de 30 representantes de entidades ucranianas espalhadas pelo mundo, ocorrida em dezembro de 2021.

A mensagem foi repassada pela Representação Central Ucraniano-Brasileira em carta protocolada no dia 30 de janeiro e encaminhada diretamente à Presidência da República.

Nesta reunião ele [Zelensky] nos informou que já fez um convite para que Vossa Excelência visitasse a Ucrânia (...). Que Vossa Excelência aproveite a viagem a Moscou para também visitar o presidente Volodimir Zelensky em Kiev (...). Gostaríamos de expressar que o conflito na fronteira da Ucrânia com a Rússia é também assunto do Brasil"Trecho de carta da Representação Ucraniano-Brasileira a Bolsonaro

"Milhares de brasileiros (...) têm suas vidas afetadas (...) temendo pela vida de seus ancestrais e parentes", complementou, citando a ligação entre os dois países, já que há mais de 600 mil descendentes de ucranianos no Brasil, segundo a entidade.

Não houve resposta ao convite. Em entrevista coletiva de imprensa no dia 27 de fevereiro em São Paulo, Bolsonaro zombou do passado de comediante de Zelensky em meio ao conflito. "O povo [ucraniano] confiou num comediante o destino de uma nação. Ele [Zelensky] tem que ter equilíbrio para tratar dessa situação aí", disse.

O Bolsonaro ofendeu o presidente da Ucrânia e virou as costas para a gente. Ele apenas decidiu ir à Rússia e oferecer solidariedade ao Putin antes da invasão. Depois, disse que a posição era de neutralidade quando o segundo maior exército do mundo ataca um país pequeno. Espero que ele se comporte como presidente do Brasil, e não como Jair Bolsonaro"Vitorio Sorotiuk, presidente da Representação Ucraniano-Brasileira 

UOL entrou em contato com a assessoria da Presidência da República e do Itamaraty para que se pronunciassem sobre o caso. Contudo, não houve resposta até o fechamento da reportagem.

Na semana passada, a entidade lançou o Comitê Humanitas Ukraine Brasil para coordenar ações de ajuda humanitária no país. O órgão ainda busca apoio junto a senadores e deputados federais para que o Brasil receba refugiados da guerra na Ucrânia. 

Voluntários gastam até R$ 7 mil para ir à guerra

Mesmo sem apoio do governo brasileiro, cerca de 500 voluntários estão interessados em se alistar junto à Legião Internacional de Defesa do Território para atuar ao lado do exército ucraniano. Mais de cem pessoas formalizaram contato junto à Embaixada da Ucrânia no Brasil.

Entre passagens aéreas e documentação, os custos são de até R$ 7 mil com recursos próprios de pessoas que se dizem dispostas a morrer para defender o povo ucraniano, segundo informou reportagem do UOL

Um voluntário brasileiro tem registrado a sua participação de apoio às forças ucranianas em meio ao conflito com as tropas russas na capital Kiev.

O vídeo começa com o disparo de uma sirene, acionada na capital Kiev quando há bombas. É possível ver um voluntário armado descendo uma escada. Outros dois homens caminham à frente.

"A situação aqui realmente está bem tensa. Estamos ajudando os civis. Tem muita gente aqui tentando buscar abrigo".

Fonte: Poder360 - UOL - Agência Brasil