Política

Putin tira Brasil da lista de países hostis contra Rússia





Livramento vem na esteira da neutralidade e visita de Bolsonaro a Moscou antes do conflito

Em meio à invasão à Ucrânia, que culminou em sanções intensas contra a Rússia desde o final de fevereiro, o Kremlin divulgou nesta segunda-feira (7/2) uma lista de países considerados hostis e a qual o Brasil não faz parte.

Na lista, figuram Austrália, Albânia, Andorra, Reino Unido, os 27 países da União Europeia, Islândia, Canadá, Liechtenstein, Micronésia, Mônaco, Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, San Marino, Macedônia do Norte, Singapura, Estados Unidos, Taiwan, Ucrânia, Montenegro, Suíça e Japão.

Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro visitou Moscou uma semana antes do início da guerra, quando disse que "o Brasil é solidário à Rússia". A frase foi criticada internacionalmente, inclusive pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

Apesar de o Itamaraty manter uma postura neutra no conflito, conforme o esperado, o Brasil votou a favor da resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) condenando a guerra.

 

- Ucrânia e Rússia terminam 3ª negociação sem cessar-fogo

A Rússia e a Ucrânia não chegaram a um acordo sobre o cessar-fogo dos ataques após realizar uma 3ª rodada de negociações nesta 2ª feira (7.mar.2022). Os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky não participaram do encontro.

Segundo o conselheiro chefe do gabinete do presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, houve “pontos positivos” acordados em relação aos corredores humanitários para a retirada de civis da região. Podolyak, no entanto, não detalhou quais novas medidas serão adotadas.

“Vamos mudar um pouco as condições para conseguir dar uma ajuda eficiente as pessoas. Quanto aos pontos políticos para conseguir um cessar-fogo, as consultas continuarão. Por hoje, ainda não temo resultados fortes para melhorar a situação”, disse em sua conta no Twitter.

O representante russo, Vladimir Medinsky, também confirmou as melhorias nas ações para a saída de pessoas. “Esperamos que os corredores comecem a trabalhar a partir de amanhã”, disse. Afirmou ainda que mais conversas com negociadores da Ucrânia devem ser marcadas.

As delegações se reuniram por volta das 11h (horário de Brasília) em Belarus. O país também foi o anfitrião das primeiras conversas.

GUERRA NA UCRÂNIA

O conflito já dura 12 dias e não há perspectivas de um cessar-fogo total. A Ucrânia sofre ataques da Rússia desde 24 de fevereiro depois de Putin autorizar o que ele chama “operação militar especial”. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) apontam que mais de 1,7 milhão de pessoas fugiram de cidades ucranianas. Ao menos 406 civis morreram, segundo a última atualização desta 2ª feira (7.mar).

Os representantes ucranianos e russos se encontraram pela 2ª vez na última 5ª feira (3.mar) e concordaram em criar corredores humanitários para a retirada de civis da região. O representante russo, Vladimir Medinsky, afirmou que os ataques parariam temporariamente durante a saída das pessoas.

No entanto, a prefeitura de Mariupol, uma das cidades alvo, disse no sábado (5.mar) que tropas russas ainda estavam atacando trechos do corredor. O governo local decidiu adiar a retirada de civis. A Rússia, por sua vez, disse ter respeitado a pausa nos ataques e falou que nacionalistas ucranianos teriam impedido a retirada dos civis.

Na manhã desta 2ª feira (7.mar), o Kremlin autorizou a saída de pessoas das cidades ucranianas de Kiev, Mariupol, Kharkiv e Sumy, mas com uma condição: elas deveriam ir para a Rússia ou Belarus. O governo de Zelensky avaliou a proposta como “absurda, cínica e inaceitável”.

“Já foram duas vezes que os russos bloquearam o lançamento dos corredores humanitários, bombardeando a sua rota”, escreveu a ministra de Territórios Ocupados da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, no seu perfil no Facebook.

“Apelo a todo o mundo civilizado para pressionar a Rússia. Precisamos de corredores humanitários. Civis ucranianos e estrangeiros devem ser removidos”, completou.

IMPASSES

No sábado (5.mar), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que seu governo está fazendo todo o possível para chegar a um acordo.

O chefe de Estado da Rússia, Vladimir Putin, afirmou no domingo (6.mar) que a operação militar na Ucrânia será suspensa só se as forças ucranianas “cessarem as hostilidades e concordarem em implementar as exigências” de Moscou.

O Kremlin exige o desarmamento do governo ucraniano e o status neutro do país na política internacional. Esse status neutro seria a desistência da Ucrânia de tentar fazer parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

MAIS CONVERSAS

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba, vão se reunir na próxima 5ª feira (10.mar) para a 1ª conversa desde a invasão russa à Ucrânia.

O encontro será em Antália, na Turquia. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, fez o anúncio nesta 2ª feira (7.mar) e afirmou que participará da reunião.

 

- Governo envia avião para resgatar brasileiros que deixaram Ucrânia

Avião da FAB deve resgatar 70 brasileiros e familiares que deixaram a Ucrânia. Também transporta ajuda humanitária ao país

O Governo brasileiro enviou nesta 2ª feira (7.mar.2022) um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) a Varsóvia, na Polônia, para resgatar cerca de 70 pessoas, entre cidadãos brasileiros e seus familiares ucranianos, que deixaram a Ucrânia e estão sob os cuidados da diplomacia brasileira.

O voo saiu às 15h. A aeronave pousará em Varsóvia na 4ª feira (9.mar). Devem chegar ao Brasil na 5ª feira (10.mar). O avião também irá transportar 11,6 toneladas de doação humanitária para a população ucraniana, incluindo purificadores de água, alimentos e itens médicos.

“A comunidade internacional sempre contou e poderá contar com o espírito acolhedor do povo brasileiro”, disse o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, na cerimônia.

Os ministros Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Braga Netto (Defesa), Marcelo Queiroga (Saúde) e o ministro interino das Relações Exteriores, Embaixador Fernando Simas Magalhães, participaram da cerimônia de lançamento da operação e de embarque da tripulação, na Base Aérea de Brasília, nesta 2ª feira (7.mar). O presidente Jair Bolsonaro não participou da cerimônia.

 

- Ucrânia: guerra provocou danos de US$ 10 bi à infraestrutura do país

A Ucrânia sofreu cerca de 10 bilhões de dólares em danos à sua infraestrutura desde que a Rússia invadiu o país, disse nesta segunda-feira (7) o ministro de Infraestrutura ucraniano, Oleksander Kubrakov.

Ele disse, em comentários televisionados, que o número se mantinha desde domingo, e acrescentou: "A maioria das estruturas (danificadas) será reparada em um ano, e as mais difíceis em dois anos".

Kubrakov disse que 40.000 pessoas haviam sido retiradas da cidade de Kharkiv, no leste do país, no domingo. Mas a Ucrânia apelou à Rússia para que deixasse os civis saírem de outras cidades e um funcionário do Ministério do Interior, Vadym Denysenko, disse que 4.000 civis ainda precisavam ser retirados da periferia da capital Kiev.

"A Rússia está fazendo tudo o que pode para evitar corredores (humanitários)", acrescentou Denysenko.

 

- Mais de 1,7 milhão de pessoas fugiram da Ucrânia, diz ONU

Mais de 1,7 milhão de ucranianos fugindo da invasão da Rússia cruzaram até agora para a Europa Central, disse a agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (7), enquanto outros milhares cruzavam as fronteiras.

A Polônia - que tem a maior comunidade ucraniana da Europa Central-- recebeu mais de 1 milhão de refugiados ucranianos desde o início do conflito em 24 de fevereiro, com o marco ultrapassado no domingo.

"Hoje, às 20h, o número de pessoas que escaparam da Ucrânia para a Polônia ultrapassou um milhão", tuitou o serviço de guarda de fronteira polonês na noite de domingo (6).

"Este é um milhão de tragédias humanas, um milhão de pessoas expulsas de suas casas pela guerra."

Um total de 1.735.068 civis - a maioria mulheres e crianças, já que os homens ficaram no país para lutar- cruzaram a fronteira para a Europa Central, disse o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A União Europeia (UE) pode receber até 5 milhões de refugiados ucranianos se o ataque da Rússia à Ucrânia continuar, disse o principal diplomata da UE, Josep Borrell. A Rússia chama suas ações na Ucrânia de "operação especial".

Alimentos e fraldas

Os europeus da região central, cujas lembranças do domínio de Moscou após a Segunda Guerra Mundial são profundas, continuavam a mostrar apoio a seus vizinhos do leste.

Em Przemysl, a maior cidade polonesa mais próxima da fronteira mais movimentada com a Ucrânia, uma instituição de caridade para crianças estava preparando uma arena esportiva escolar transformada para receber cerca de 150 crianças ucranianas retiradas de orfanatos na região de Kiev.

"Temos comida para eles, haverá crianças muito pequenas, então teremos que trocar fraldas, etc", disse à Reuters Przemek Macholak, vice-chefe de resposta a crises da Happy Kids, uma organização não governamental polonesa.

O governo polonês planeja criar um fundo de 1,75 bilhão de dólares para ajudar os refugiados da Ucrânia, disse hoje uma autoridade do governo.

Na Romênia, na fronteira de Siret com a Ucrânia, voluntários em jaquetas refletoras recebiam mães ucranianas carregando mochilas, empurrando carrinhos de bebê ou segurando bebês enquanto saíam da travessia, com o vento soprando e a neve caindo.

Os tchecos, por sua vez, já doaram 62,8 milhões de dólares para ajudar a Ucrânia, a maior quantia já coletada para ajuda humanitária no país, informou a TV tcheca.

 

 

Zelensky pede embargo comercial internacional contra Rússia

Rússia exige que Ucrânia pare com atividades militares

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu nesta segunda-feira (7) o estabelecimento de novas sanções internacionais contra a Rússia pela invasão da Ucrânia. Ele propôs um boicote às exportações russas de petróleo e de outros produtos e uma paralisação das exportações para a Rússia.

As sanções ocidentais impostas por causa do ataque militar russo já isolaram o país a um grau nunca antes experimentado por uma grande economia. 

Zelensky disse que a pressão econômica precisa ser aumentada. "Se a invasão continuar e a Rússia não abandonar seus planos contra a Ucrânia, então um novo pacote de sanções é necessário em nome da paz", disse ele em vídeo, sugerindo o boicote ao petróleo e outros produtos russos 

"O boicote importa para a Rússia; se eles não aderirem a regras civilizadas não devem receber bens e serviços da civilização - deixe a guerra alimentá-los", afirmou.

Kremlin

A Rússia exige que a Ucrânia pare com suas atividades militares, altere sua Constituição para consagrar a neutralidade, reconheça a Crimeia como território russo e as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk como territórios independentes, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Peskov afirmou à Reuters que a Rússia havia dito à Ucrânia que estava pronta para interromper sua ação militar "em um momento", se Kiev aceitasse suas condições.

Foi a declaração russa mais explícita até agora dos termos que quer impor à Ucrânia para parar o que chama de "operação militar especial" na Ucrânia, agora em seu 12º dia.

Segundo Peskov, a Ucrânia estava ciente das condições. "E foi-lhe dito que tudo isso pode ser interrompido em um momento."

Sobre a questão da neutralidade, afirmou: "Eles deveriam fazer emendas à Constituição, segundo as quais a Ucrânia rejeitaria qualquer objetivo de entrar em qualquer bloco. Isso só é possível fazendo alterações na Constituição".

O porta-voz do Kremlin insistiu que a Rússia não estava procurando fazer mais reivindicações territoriais sobre a Ucrânia.

"Estamos realmente terminando a desmilitarização da Ucrânia. Vamos concluí-la. Mas o principal é que a Ucrânia cesse sua ação militar. Eles devem parar a ação militar e então ninguém vai atirar", acrescentou.

"Eles deveriam fazer emendas à Constituição, pelas quais a Ucrânia rejeitaria qualquer objetivo de entrar em qualquer bloco. Também falamos sobre como eles deveriam reconhecer que a Crimeia é território russo e que Donetsk e Lugansk são Estados independentes. E é isso. Isso vai parar em um momento", disse Peskov à Reuters.

O detalhamento das exigências ocorre no momento em que delegações da Rússia e da Ucrânia se reúnem, nesta segunda-feira, para a terceira rodada de conversações destinadas a acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, invasão iniciada em 24 de fevereiro que causou a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e provocou indignação em todo o mundo.

Fonte: Poder360 - Agência Brasil - Correio Braziliense