Política

Ucrânia diz que Rússia impede saída de civis ao bombardear Kiev e Mariupol





A Ucrânia afirmou hoje que a Rússia continua a bombardear as cidades de Kiev e Mariupol mesmo após a promessa de corredores humanitários para a saída de civis de áreas de conflito.

Nesta manhã, a Rússia anunciou a abertura de seis corredores humanitários nas cidades de Kiev, Mariupol, Kharkiv e Sumy. A maioria das rotas tem como destino a Rússia ou Belarus. Autoridades da Ucrânia dizem que a proposta é "inaceitável".

A medida do governo russo exclui a Polônia e Hungria, os principais destinos para refugiados da Ucrânia. Mais de 1,5 milhão de pessoas deixaram o país desde o início da invasão russa, no dia 24 de fevereiro, informou a ONU (Organização das Nações Unidas).

As Forças Armadas russas continuam a lançar mísseis e bombardeios em Kiev, Mariupol, Volnovakha, Sumy, Mykolaiv, Kharkiv e outros assentamentos, impossibilitando a saída segura de comboios humanitários, bem como a entrega de medicamentos e alimentos.Comunicado do governo da Ucrânia

Segundo a Rússia, o novo acordo é válido a partir das 10h de hoje (4h em Brasília) em Kiev, Mariupol, Kharkiv e Sumy —onde autoridades locais informaram que ainda não há áreas seguras para saída de moradores.

Durante o período de abertura dos corredores humanitários, as Forças Armadas Russas estarão monitorando contínua e objetivamente o processo de evacuação usando veículos aéreos não tripulados.Porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov

O porta-voz da Rússia, Igor Konashenkovdiz, que a Ucrânia recebeu as informações sobre os corredores humanitários com antecedência. Veja as rotas:

  • De Kiev para Gomel, em Belarus;
  • De Mariupol para Zaparozhye, na Ucrânia;
  • De Mariupol para Rostov-on-Don, na Rússia;
  • De Kharkiv para Belgorod, na Rússia;
  • De Sumy para Belgorod;
  • De Sumy para Poltava, na Ucrânia.

Por volta das 13h20 no horário local (8h20 em Brasília), o chefe da Administração Regional de Sumy, Dmytro Zhyvytskyi, alertou moradores de que ainda não há corredores humanitários na região.

No momento não há corredores humanitários da região de Sumy. Eles estão sendo preparados e serão principalmente para crianças, mulheres, idosos e pessoas que precisam de cuidados médicos.Comunicado do chefe da Administração Regional de SumyDmytro Zhyvytskyi

Zhyvytskyi diz que, assim que houver acordos e detalhes, as informações serão repassadas por autoridades de Sumy. "Não acredite em notícias falsas", ressaltou em referência aos anúncios do governo da Rússia.

Especialistas dizem que corredores são 'propaganda' de Putin

Para especialistas, os corredores humanitários anunciados hoje pela Rússia tem um "grau de propaganda".

Segundo o analista de segurança e defesa da emissora Sky News, Michael Clarke, o plano da Rússia para a retirada de civis da Ucrânia "não parece muito realista" porque foram desenhados para levar ucranianos em direção a Rússia e Belarus, uma aliada de Putin.

"A ideia de que os civis sob bombardeio russo devem ser evacuados para a Rússia ou para a Belarus claramente não está sendo aceita pelo lado ucraniano", afirmou a editora de segurança e defesa da Sky News, Deborah Haynes, que está na cidade de Lviv.

Ela acrescentou que o governo russo considera que imagens de refugiados fugindo para a Rússia "pode ser uma benção de propaganda para Vladimir Putin".

A medida de abertura de corredores humanitários foi tomada após um pedido do presidente francês Emmanuel Macron. Nas redes sociais, Macron diz que conversou com o russo Vladimir Putin e pediu que um cessar-fogo seja a prioridade.

Cessar-fogo fracassados em Mariupol

No fim de semana, autoridades locais e da Rússia fizeram duas tentativas para negociar o cessar-fogo no distrito de Mariupol, mas os acordos foram interrompidos após registros de ataques nas áreas que deveriam ser seguras para a passagem de civis.

Sem energia elétrica, alimentos, água, gás e transportes, a cidade de Mariupol é uma dos locais mais afetados pela ofensiva da Rússia. O prefeito diz que a cidade está submetida a um bloqueio por militares russos.

As cidades de Kiev, Kharkiv e Sumy também sofrem com bombardeios russos. Em comunicado na manhã de hoje, o ministro da Defesa da Ucrânia, Alexei Reznikov, afirmou que a Rússia prepara uma nova onda de ataques contra a capital Kiev, Kharkiv e Chernihiv.

Segundo ele, as tropas russas também tentam "sufocar" a cidade de Mariupol com uma crise humanitária.

Ontem, o dia foi marcado pela intensificação dos ataques em áreas cada vez mais próximas à capital Kiev.

Ucrânia diz que proposta da Rússia é 'inaceitável'

Membros do governo da Ucrânia criticaram a nova proposta da Rússia. Em pronunciamento, a ministra de Territórios Ocupados da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, afirmou que o envio de civis para a Rússia e Belarus é "absurdo, cínico e inaceitável".

Apelo a todo o mundo civilizado para pressionar a Rússia. Precisamos de corredores humanitários. Civis ucranianos e estrangeiros devem ser removidos.Ministra de Territórios Ocupados da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, nas redes sociais

Um porta-voz do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que a medida é "completamente imoral" e diz que a Rússia está tentando "usar o sofrimento das pessoas para criar uma imagem de televisão".

 

- Rússia e Ucrânia marcam reunião para 5ª feira na Turquia

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba, reúnem-se na próxima 5ª feira (10.mar.2022) para a primeira conversa desde a invasão russa à Ucrânia.

O encontro será em Antália, na Turquia. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, fez o anúncio nesta 2ª feira (7.mar) e afirmou que participará da reunião.

O conflito já dura 12 dias. A Ucrânia sofre ataques da Rússia desde 24 de fevereiro. Durante as conversas da última semana, as delegações não chegaram a um acordo sobre o fim dos ataques.

A Rússia já afirmou que suas exigências para o fim dos ataques são o desarmamento do governo ucraniano e o status neutro do país na política internacional –ou seja, a desistência de tentar fazer parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar liderada pelos Estados Unidos. Putin afirmou que os interesses russos são “inegociáveis”

 

Rússia e Ucrânia voltarão a negociar cessar-fogo nesta segunda

Terceira rodada de negociação entre os dois países está marcada para as 11h, horário de Brasília

A terceira rodada de negociação entre a Rússia e a Ucrânia será nesta segunda-feira (7/3) a partir das 11h, no horário de Brasília.

A reunião foi confirmada por um dos negociadores russos pelo Twitter. "Terceira rodada. Começa às 16h, hora de Kiev. A mesma delegação", afirmou Mikhailo Podoliak.

Segundo as agências de notícias russas, a delegação do país já está em Belovezhskaya Pushcha, na fronteira com a Polônia, local das negociações.

A segunda rodada de negociações, na quinta-feira (3/3), terminou com o acordo de um corredor humanitário para retirada segura de civis. Porém, nesta segunda-feira a Ucrânia rejeitou a proposta russa de que os civis só poderiam deixar o país se seguissem para a Rússia ou Belarus, aliada russa. A vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereschuk classificou a proposta como "inaceitável."

O conflito entre os dois países já dura 12 dias. Cerca de 1,5 milhão de pessoas saíram da Ucrânia neste período. 

 

- Parolin: Santa Sé trabalha para deter escalada da violência na Ucrânia

Em entrevista à TV dos bispos italianos, o cardeal secretário de Estado reitera as palavras do Papa Francisco no Angelus de que "a Santa Sé está pronta para fazer tudo, para colocar-se a serviço desta paz."

Vatican News

''Acredito que o que deve ser feito agora, antes tudo, seria parar as armas, parar os combates, mas sobretudo evitar uma escalada. E a primeira escalada é justamente a verbal'', afirmou o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin na entrevista ao TG2000, o noticiário da TV2000 dos bispos italianos.

 

''Quando se começa a usar certas palavras, certas expressões – explicou – a única coisa que fazem é inflamar os ânimos e levam, eu diria, naturalmente, insensivelmente, também ao uso de outros meios, que são as armas mortais que vemos em ação neste momento na Ucrânia.''

''A Santa Sé atua em diversos níveis, precisou o secretário de Estado. A nível religioso, que é convidar a uma insistente oração, para que Deus dê a paz àquela terra martirizada e envolver os crentes nesta oração uníssona. Depois, há o aspecto humanitário, sobretudo por meio das Caritas e das dioceses que estão muito empenhadas na acolhida aos refugiados que vêm da Ucrânia. E depois há também iniciativas, acima de tudo há a disponibilidade de iniciativas no plano diplomático.”

Oferecemos, como disse o Papa, a disponibilidade da Santa Sé em ajudar de todas as maneiras para poder deter as armas e a violência e negociar uma solução.  “Já existem várias tentativas em andamento em todo o mundo. Portanto, estamos disponíveis, se for considerado que a nossa presença e a nossa ação podem ajudar, nós estamos aí”.

Fonte: UOL - Poder360 - Correio Braziliense - Vatican News