Política

3ª rodada de negociações será na 2ª feira, diz Ucrânia





O negociador ucraniano David Arakhamiya afirmou que a 3ª rodada de conversas entre Rússia e Ucrânia será na 2ª feira (7.mar.2022). A declaração foi dada em seu perfil no Facebook neste sábado (5.mar).

O conflito já dura 10 dias sem perspectiva de cessar-fogo total. A Ucrânia sofreataques da Rússia desde 24 de fevereiro. Durante as conversas da última semana, as delegações não chegaram a um acordo sobre o fim dos ataques.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que a nova rodada de negociações seria neste fim de semana (5-6.mar). O negociador russo Leonid Slutsky afirmou ser possível que a reunião seja na 2ª feira, segundo a agência de notícias russa Interfax.

As delegações da Ucrânia e da Rússia se encontraram pela 2ª vez na 5ª feira (3.mar) para negociar o cessar-fogo, mas não chegaram a um acordo. Os países concordaram em entregar alimentos e medicamentos, e em criar corredores humanitários para a retirada de civis da região.

Contudo, a Prefeitura de Mariupol afirmou que tropas russas ainda atacam trechos do corredor e adiou a retirada de civis marcada para este sábado (5.mar.2022).

O representante russo, Vladimir Medinsky, disse que os acertos da 2ª rodada tratam-se de progressos “substanciais”. Afirmou haver sinais de entendimento entre os países em outros pontos, mas não entrou em detalhes sobre quais seriam.

Segundo o conselheiro chefe do gabinete do presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, a 2ª rodada não alcançou “os resultados que a Ucrânia precisa”.

Na 6ª feira (4.mar), o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou que cabe a Ucrânia aceitar as condições da Rússia para acabar com a guerra no país.

A Rússia avança em territórios estratégicos da Ucrânia, como Kherson, cujo porto fica no mar Negro. Mariupol também é importante para os russos devido à sua localização. Se a cidade portuária for dominada, a Rússia poderá construir um corredor terrestre entre a Crimeia e as regiões de Luhansk e Donetsk.

 

- Chanceler da Ucrânia pede mais sanções contra a Rússia

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu aos países da comunidade internacional que continuem aplicando sanções contra a Rússia, sobretudo econômicas. Diante do não envio de tropas estrangeiras para ajudar os soldados ucranianos contra a invasão russa, tem restado à Ucrânia contar com as sanções para enfraquecer o presidente da Rússia, Vladmir Putin.

“Pedimos uma nova rodada de sanções contra Rússia. Queremos todos os bancos os excluídos [do sistema internacional], é preciso interromper a compra de petróleo russo. O petróleo russo tem cheiro de sangue: o ucraniano. Vemos que muitas multinacionais saíram da Rússia, eu elogio essas decisões. Peço para que todas as empresas parem de investir na Rússia”, disse Kuleba, em entrevista concedida hoje (5). Segundo ele, 113 multinacionais já deixaram a Rússia.

No último sábado (26), países ocidentais já haviam anunciado o congelamento de reservas internacionais da Rússia. Além disso, bancos russos estão sendo desligados da plataforma Swift, um sistema de pagamentos entre instituições financeiras de mais de 200 países, coordenados pelos bancos centrais das dez maiores economias do mundo. Essa medida complica ainda mais o funcionamento do sistema financeiro russo, ao atrasar o pagamento de transações comerciais e financeiras.

Dias depois, os Estados Unidos anunciaram uma ampliação nas sanções. As medidas devem afetar empresas que atuam no setor de Defesa do país euroasiático. Além disso, serão impostas restrições às importações de bens tecnológicos do principal aliado russo, Belarus, cujo território tem sido usado pelas Forças Armadas da Rússia em ataques contra alvos ucranianos.

Na entrevista, Kuleba também pediu para que a China e Índia se juntem aos esforços para parar a guerra e convençam Putin a encerrar o conflito. Para o ministro, a guerra é contra os interesses da China, por afetar o comércio internacional. Já a Índia, segundo ele, é prejudicada porque é um dos principais compradores de produtos agrícolas da Ucrânia e a guerra compromete as próximas colheitas.

“A Índia tem que pedir ao Putin para parar essa guerra. Estamos lutando porque Putin não reconhece o nosso direito de existir”. Tanto Índia como China evitaram se colocar contra a Rússia no Conselho de Segurança das Nações Unidas e se abstiveram de aprovar uma Resolução condenando o ataque.

Ele também afirmou que a invasão russa não afasta o desejo da Ucrânia de fazer parte da União Europeia. “Putin pode jogar bombas sobre nós, mas isso não vai mudar a posição do povo ucraniano de querer ser parte da União Europeia”. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já pediu uma adesão imediata ao bloco.

O chanceler ucraniano também agradeceu a ajuda humanitária que tem sido enviada ao país. Segundo ele, a comunidade ucraniana no exterior conseguiu arrecadar US$ 7,5 milhões. Além disso, ele registrou o recebimento de 183 toneladas de ajuda humanitária.

Kuleba negou impedir a saída de estudantes estrangeiros da Ucrânia. Afirmou que o país está prestando assistência a esses estudantes e criou uma linha de emergência para que eles peçam socorro às embaixadas de seus respectivos países. Por fim, o chanceler pediu que o mundo aprenda com os erros do passado e evite uma nova guerra no continente europeu.

“Os líderes do mundo precisam mostrar que isso não pode acontecer de novo. Provem que vocês querem que isso nunca mais aconteça, aprendam com as lições do passado. Isso [a invasão russa] pode levar o continente inteiro a uma devastação”.

 

- Rússia diz que Ucrânia impede progresso ao tentar envolver Otan

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse neste sábado (5) que a tentativa do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy de buscar ajuda direta da Otan no conflito entre os dois países não está ajudando nas negociações.

“Declarações raivosas constantes do senhor Zelenskiy não aumentam o otimismo”, disse Lavrov a repórteres neste sábado.

Especificamente, ele mencionou a crítica de Zelenskiy à aliança militar ocidental nessa sexta-feira (4) por ter se recusado a intervir no conflito impedindo que mísseis e aviões de guerra da Rússia usassem o espaço aéreo da Ucrânia.

“Minha questão é: se ele está tão irritado que a Otan não interveio a seu favor, como ele esperava, então ele espera resolver o conflito envolvendo a Otan em tudo isto, e não por meio de negociações”, disse Lavrov.

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que esperava abrir conversas com Lavrov, mas apenas se elas fossem “significativas”.

Fonte: Poder360 - Agência Brasil