Política

Brasil na ONU: precisamos fazer o que for preciso antes que seja tarde demais





O embaixador brasileiro na ONU discursou em sessão extrardinária e reforçou o voto brasileiro no Conselho de Segurança, condenando a invasão da Rússia

Durante assembleia extraordinária da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (28/2), o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, requereu uma negociação diplomática "a favor da paz".

Segundo Costa Filho, toda a humanidade pode ser colocada em risco e se não for contido, o conflito pode ser muito maior. "Mas ainda temos tempo para parar com isso", destacou o precursor. Ele discursou durante a sessão extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas que discute a crise no leste da Europa.

O embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho reforçou o voto brasileiro no Conselho de Segurança, condenando a invasão da Rússia. "Reiteramos nosso pedido para um cessar-fogo imediato", disse o embaixador.

Ele disse ainda que a comunidade internacional precisa "fazer o que for preciso antes que seja tarde demais". Para o embaixador, não há motivos de segurança que justifiquem o uso da força pela Rússia.

Apesar de defender uma solução diplomática, Costa Filho também pediu que as autoridades pensem nas milhares de crianças, mulheres e idosos que estão sem água e energia, devido ao conflito entre os dois países.

Reunião da ONU

Em rara reunião extraordinária, os 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), se reuniram nesta segunda-feira (28/2) para debater a invasão da Ucrânia pela Rússia. Os pontos principais da discussão são a demanda generalizada por um cessar-fogo imediato, a preocupação com os milhares de civis ucranianos afetados pelo combate e o temor de uma guerra nuclear.

A maioria dos países se posicionaram contra a Rússia, que caminha para um isolamento econômico sem precedentes. Durante a reunião do Conselho de Segurança no fim de semana, a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, disse que “responsabilizará a Rússia por suas ações indefensáveis e por suas violações da Carta da ONU”.

 

- Rússia é acusada de usar bombas de fragmentação em área escolar da Ucrânia

Segundo Anistia Internacional e a Human Rights Watch, pelo menos três pessoas morreram em um ataque, incluindo uma criança

O exército russo está sendo acusado de usar bombas de fragmentação contra civis durante a invasão do território ucraniano. Um dos ataques teria ocorrido em uma área escolar de Okhtyrka, no nordeste da Ucrânia, causando pelo menos três mortes, incluindo de uma criança.

A denúncia foi feita por grupos de direitos humanos, como as ongs Human Rights Watch (HRW) e Anistia Internacional, que pediram a abertura de uma investigação por crime de guerra. Esse tipo de munição é proibido desde 2010 por uma convenção internacional, que não teve assinatura da Rússia e nem da Ucrânia.

Ao ser disparada, a bomba de fragmentação libera projéteis menores, amplificando a área de dano, o que causa mais mortes e feridos. "O ataque parece ter sido lançado pelo Exército russo, que operava nas proximidades e que costuma usar bombas de fragmentação em zonas habitadas", afirmou a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard.

Algumas das bombas de fragmentação não explodem no momento do lançamento, o que pode fazer delas minas antipessoais."Nada justifica o uso de bombas de fragmentação em zonas habitadas, muito menos perto de uma escola", acrescenta Agnès Callamard.

Dezenas de mortos em 24 horas

A invasão militar lançada pela Rússia na Ucrânia está se tornando cada vez "mais brutal" - advertiu o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, nesta segunda-feira (28), denunciando o alto número de vítimas civis.

"A campanha militar russa se torna cada dia mais brutal, e as forças ucranianas respondem com coragem. Kiev resiste, assim como Mariupol e Kharkiv", declarou Borrell, ao término de uma videoconferência com ministros europeus da Defesa.

De acordo com o chefe da Administração Estatal Regional da cidade ucraniana de Kharkiv, Oleh Sinehubov, pelo menos 11 pessoas morreram durante rodada de bombardeios na segunda-feira na região. No entanto, o número de óbitos pode chegar a dezenas.

 

- União Europeia rastreia "dinheiro paralelo" que financia Putin

Em pronunciamento realizado hoje (28), o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell disse que uma das medidas adotadas contra a Rússia é de rastrear o que chamou de "dinheiro paralelo", que financia o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e possivelmente a guerra contra a Ucrânia.

O chefe da diplomacia europeia também elogiou a postura da tradicionalmente neutra Suíça em adotar as sanções econômicas contra a Rússia e os esforços dos países europeus para rastrear o dinheiro que financiaria as ações russas (leia mais abaixo).

Durante seu pronunciamento, Borrell falou sobre o nascimento de uma nova era com uma redução da dependência da UE (União Europeia) em relação ao petróleo e gás russos. Mencionou que isso tem um custo muito alto para os países europeus e que esse comércio serve para financiar Putin.

Por fim, ele disse que este pacote de medidas econômicas contra a Rússia custará caro para UE, mas que a conta ficaria mais alta no futuro caso não houvesse uma ação imediata. E que a UE também está concentrando esforços para ajudar o governo ucraniano com envio de armamentos, a maior para defesa, e carregamentos de primeiros socorros.

"Até hoje, a União Europeia é pacífica e não militar. Ela não supria armas para um terceiro país. É o que estamos fazendo agora", disse Borrell.

Suíça adotará sanções da União Europeia

A Suíça —que tradicionamente mantém a neutralidade em conflitos— adotará sanções da União Europeia contra os russos envolvidos na invasão da Ucrânia e congelará seus bens, disse o governo hoje.

"Em vista da contínua intervenção militar da Rússia na Ucrânia, o Conselho Federal tomou a decisão em 28 de fevereiro de adotar os pacotes de sanções impostos pela UE em 23 e 25 de fevereiro", disse o governo em comunicado, informou a Reuters.

A Suíça também adotou sanções financeiras contra o presidente russo Vladimir Putin, o primeiro-ministro Mikhail Mishustin e o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, com efeito imediato. "A Suíça reafirma sua solidariedade com a Ucrânia e seu povo; entregará suprimentos de emergência para pessoas que fugiram para a Polônia", continuou o governo.

Hoje, a Suíça também fechou seu espaço aéreo para todos os voos procedentes da Rússia, incluindo os aviões particulares, "com exceção de voos para fins humanitários, médicos, ou diplomáticos", disse um comunicado.

 

- Presidentes da UE pedem negociações para Ucrânia entrar no bloco

Os presidentes de oito países da Europa Central e Oriental pediram nesta segunda-feira (28) aos Estados membros da União Europeia que concedam imediatamente à Ucrânia o status de país candidato à UE e abram as negociações de adesão, de acordo com uma carta aberta publicada hoje.

"Nós, os presidentes dos Estados membros da UE: a República da Bulgária, a República Checa, a República da Estónia, a República da Letônia, a República da Lituânia, a República da Polônia, a República Eslovaco e a República da Eslovênia fortemente acredito que a Ucrânia merece receber uma perspectiva imediata de adesão à UE", dizia a carta.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, assinou nesta segunda-feira um pedido oficial para que seu país seja aceito na União Europeia.

Outros países já declararam apoio às pretensões ucranianas, em meio a crise que o país atravessa com a invasão de seu território pela Rússia.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, afirmou nesta segunda que o desejo da Ucrânia de ingressar na União Europeia é legítimo.

"Acho que o pedido ucraniano para ingressar na UE é um pedido legítimo", disse Di Maio em entrevista à televisão estatal RAI. "Estou convencido de que na Ucrânia os cidadãos europeus estão morrendo e sofrendo sob as bombas russas. Temos que estar do lado deles."

Fonte: Correio Braziliense - UOL - Agência Brasil