Cotidiano

Presidente da Ucrânia diz que primeiro dia de ataque russo deixou 137 mortos





Cerca de 100 mil cidadãos da Ucrânia foram deslocados.O Ministério da Saúde do país trabalha para esvaziar hospitais e deixá-los disponíveis para atender os feridos pelos ataques

O primeiro dia de ataque da Rússia à Ucrânia, nesta quinta-feira (24/2), resultou na morte de 137 ucranianos, entre militares e civis, e deixou ao menos 316 feridos, de acordo com Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que quase 100 mil deixaram as casas e estão em rota de fuga para fora do conflito. 

"137 heróis, nossos cidadãos" perderam a vida, disse o presidente ucraniano em vídeo publicado no site do governo. As baixas foram causadas pelo avanço dos militares pelo leste, sul e norte da Ucrânia. De acordo com a Defesa dos EUA, a Rússia lançou mais de 160 mísseis em aeroportos e bases militares próximas, e na direção, de Kiev, capital ucraniana.

Agora, o ministro da Saúde, Viktor Lyashko, empenha esforços para que os cidadãos ucranianos que podem ser tratados em casa deixem as instituições de saúde para que elas estejam prontas, e com vagas, para atender os feridos pelos ataques. Além disso, a equipe de médicos do país trabalha em regime de plantão, sem pausas.

"Todos estão em seus trabalhos: em hospitais públicos e em instituições vinculadas ao Ministério da Saúde, a Academia Nacional de Ciências Médicas. Há sinais de prontidão de algumas clínicas privadas”, assegura o Ministério da Saúde.

Ao passo em que alinham o atendimento de saúde, a pasta também teve que lidar com bombardeios em hospitais perto de Kiev. "Isso está além da maldade", classificou o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, ao comentar o ataque. 

Russos avançam e conquistam bases militares

Também na quinta-feira (24/2), os russos tomaram controle da usina de Chernobyl, não utilizada, após o que foi considerado pelo assessor da Usina, Myhailo Podolyak, como uma "batalha feroz”. No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica disse que o país informou que “não houve vítimas ou destruição na base nuclear”.

A preocupação agora é com a possível contaminação radioativa no local, já que o bombardeio russo atingiu um depósito de resíduos radioativos. Um trabalhador do local contou à Associated Press que os níveis de radiação já registram aumento significativo.

Chernobyl foi o foco do desastre de 1986, quando um reator nuclear da usina explodiu, ao norte da capital Kiev, e enviou uma nuvem radioativa por toda a Europa. Posteriormente, após numerosas mortes, o reator danificado foi coberto por uma concha protetora para evitar vazamentos.

Além disso, uma base aérea, de Gostomel, foi conquistada pelos militares da Rússia. Os soldados invasores chegaram de helicóptero de Belarus, país aliado da Rússia, com metralhadoras e granadas e abriram fogo contra os agentes ucranianos. De acordo com especialistas, a tomada da base pode resultar em um forte ponto de apoio russo para atacar a capital Kiev. 

As ações foram comemoradas pelo Ministério da Defesa da Rússia, que afirmou que , neste primeiro dia, as operações "foram concluídas com sucesso". De acordo com a pasta, 74 instalações militares foram destruídas, entre elas 11 aeródromos. 

Mais de 1 mil presos em protestos anti-guerra na Rússia 

Centenas de pessoas saíram em protesto nas ruas da Rússia para que o líder da nação, Vladimir Putin, interrompesse os ataques contra a Ucrânia. O resultado foi uma ofensiva militar: a polícia russa prendeu 1.391 pessoas em 51 cidades do país. Cerca de 700 foram detidas apenas na capital, Moscou. 

O clima tenso também invadiu os mercados internacionais. O barril de petróleo Brent superou, pela primeira vez em sete anos, os US$ 100. A Bolsa de Valores de Moscou sofreu perdas de mais de 30%. Já a moeda russa registrou uma baixa histórica ante ao dólar. 

A Rússia também enfrentará uma série de sanções internacionais. O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que restringirá exportações para a Rússia, além de evitar importações de produtos tecnológicos feitos no país. 

 

- Kiev registra explosões no 2º dia de guerra na Ucrânia

Confronto começou na 5ª feira (24.fev) e teve ataques da Rússia em ao menos 25 regiões; ao menos 137 morreram 

O 2º dia da invasão russa à Ucrânia começou com registros de novas explosões em Kiev, capital do país. De acordo com informações preliminares, o sistema de defesa aéreo ucraniano abateu na madrugada desta 6ª feira (25.fev.2022) uma aeronave russa em pleno ar. Um prédio de 9 andares pegou fogo perto do local.

“A aeronave inimiga foi derrubada por nossa defesa aérea e caiu no distrito de Darnytskyi”, afirmou Anton Gerashchenko, ministro do Interior da Ucrânia, em publicação nas redes sociais. Darnytskyi é um distrito localizado na área urbana da capital da Ucrânia. 

Ao menos 137 pessoas morreram e 316 ficaram feridas desde o início dos ataques e 25 regiões foram invadidas. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, proibiu na 5ª feira (24.fev) que homens entre 18 e 60 anos deixem o país.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que os Estados Unidos enviarão mais 7.000 militares para a Alemanha, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Romênia. Já são 14.000 tropas norte-americanas enviadas à Europa desde o início da escalada de tensão entre a Rússia e Ucrânia. No total, há cerca de 100 mil militares dos EUA em solo europeu.

O presidente americano Joe Biden afirmou que Vladimir Putin, presidente russo, “tem ambições para além da Ucrânia” e “quer restabelecer a União Soviética”.

 

Análise: Putin domina situação

No 1º dia de invasão russa à Ucrânia, os EUA e seus aliados da Otan se mostraram avessos a segurar a ofensiva de Moscou. Anunciaram mais sanções e nenhum apoio militar direto para o país atacado. 

A Ucrânia reiterou seu plano de aderir à Otan no último fim de semana. Foi invadida, como vinham anunciando os EUA há semanas. A aliança militar se limitou ontem (5ª) a usar palavras contra a Rússia, como a ONU já havia feito.

Há expectativa de que o Brasil suba o tom em relação aos russos. Até ontem, o Ministério das Relações Exteriores reconhecia os “interesses legítimos” de segurança da Rússia. Dizia adotar uma posição “equilibrada”. O encarregado de negócios no Brasil, Douglas Koneff, disse que declarações que condenem a Rússia são “bem-vindas”. E evitou criticar a declaração anódina do Itamaraty.

Destaques do 1º dia

Em pronunciamento na televisão russa, Putin disse que a ação militar tem como objetivo proteger a população das províncias de Donetsk e Luhansk, situadas na região fronteiriça de Donbass. Mas acrescentou que confrontos entre forças russas e ucranianas serão “inevitáveis” e uma “questão de tempo”.

O presidente russo reiterou não pretender invadir a Ucrânia, mas sim “desmilitarizar e desnazificar” a região que a Rússia considera independente. Pediu para os soldados ucranianos entregarem suas armas e deixarem a zona de batalha. Afirmou que a responsabilidade por eventual sangue derramado será do regime ucraniano. E acrescentou: “A Rússia agirá imediatamente caso haja interferência estrangeira”.

O pronunciamento de Putin durou cerca de 40 minutos. Estava gravado. Sua transmissão foi feita no momento em que o Conselho de Segurança da ONU realizava reunião. Veio minutos depois de o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, ter feito um apelo para que o presidente russo “pare suas tropas”.

EUA REAGEM

O presidente dos EUA, Joe Biden, levou menos de uma hora para publicar uma resposta. Em comunicado, a Casa Branca culpou a Rússia “pelas mortes e destruição que o ataque causará” e disse que “os Estados Unidos e seus aliados responderão de uma maneira conjunta e decisiva”.

“O presidente Putin escolheu uma guerra premeditada que levará à catastrófica perda de vidas e ao sofrimento. A Rússia é sozinha a responsável pelas mortes e destruição que o ataque causará”, lê-se no texto.

Após reunião com líderes do G7 nesta 5ª feira (24.fev.2022), Biden anunciou um novo pacote de sanções direcionadas a 4 instituições financeiras russas e cerca de “90 subsidiárias espalhadas pelo mundo”. Tratam-se dos bancos Sberbank, Otkritie, Novikom e Sovcom. Juntas, as instituições financeiras somam o equivalente a US$ 1 trilhão em ativos.

ESCALADA DA TENSÃO

Há alguns meses, a Rússia começou a concentrar equipamentos militares e soldados na fronteira com a Ucrânia com a justificativa de que as tropas estariam participando de exercícios militares. Cerca de 150 mil soldados russos estavam na região.

A movimentação chamou a atenção de países do Ocidente, como os Estados Unidos, Alemanha e França, e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As nações buscaram a via diplomática para resolver o conflito, enquanto afirmavam que seriam impostas “sanções severas” contra a Rússia caso houvesse invasão.

O presidente russo, Vladimir Putin, recebeu as visitas do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e do presidente da França, Emmanuel Macron, durante o mês de fevereiro a fim de discutirem possíveis soluções para o conflito. Na época, Macron disse que buscava “construir confiança” e “evitar a guerra”.

Enquanto isso, governo dos Estados Unidos indicou que a invasão do território poderia acontecer “a qualquer momento”. Joe Biden vinha dizendo nos últimos dias estar convencido de que Putin invadiria.

Na 2ª feira (21.fev.2022), Putin reconheceu as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk como independentes. Obteve no dia seguinte a autorização do Parlamento para enviar tropas para fora do país.

Entenda o conflito

A disputa entre Rússia e Ucrânia começou oficialmente depois de uma invasão russa à península da Crimeia, em 2014. O território foi “transferido” à Ucrânia pelo líder soviético Nikita Khrushchev em 1954 como um “presente” para fortalecer os laços entre as duas nações. Ainda assim, nacionalistas russos aguardavam o retorno da península ao território da Rússia desde a queda da União Soviética, em 1991.

Já independente, a Ucrânia buscou alinhamento com a UE (União Europeia) e Otan enquanto profundas divisões internas separavam a população. De um lado, a maioria dos falantes da língua ucraniana apoiavam a integração com a Europa. De outro, a comunidade de língua russa, ao leste, favorecia o estreitamento de laços com a Rússia.

O conflito propriamente dito começa em 2014, quando Moscou anexou a Crimeia e passou a armar separatistas da região de Donbass, no sudeste. Há registro de mais de 15.000 mortos desde então.

 

-  EUA expulsam vice-embaixador russo de Washington

Medida foi retaliação à expulsão de diplomata norte-americano de Moscou; aconteceram no início de fevereiro

O vice-embaixador da Rússia em Washington, Sergey Trepelkov, foi expulso dos Estados Unidos no início de fevereiro, informou nesta 5ª feira (24.fev.2022) um funcionário do Departamento de Estado norte-americano.

A medida é parte de uma guerra diplomática travada pelos países ao longo deste mês. O 2º diplomata na linha sucessória de importância em território russo, Bart Gorman, também foi expulso de Moscou. Não há relação direta com os conflitos deflagrados pelo início da invasão russa à Ucrânia.

Segundo o oficial, tratou-se de uma retaliação pela expulsão “sem motivo” de Gorman, anunciada pela embaixada norte-americana em Moscou em 17 de fevereiro. Ele reitera a importância de manter uma via diplomática aberta para “facilitar a comunicação” entre os governos. 

A missão diplomática russa em Washington continua a ser comandada pelo embaixador Anatoly Ivanovich Antonov. Já a dos EUA em solo russo manteve-se sob responsabilidade do diplomata John Beyrle. Estão no cargo desde 2017 e 2008, respectivamente. 

A Ucrânia iniciou processo de rompimento das relações formais com a Rússiana sequência dos ataques orquestrados em diferentes cidades ucranianas nesta 5ª feira. Os ataques, registrados em ao menos 25 regiões, já deixaram 137 pessoas mortos e 169 feridos.

Nosso país deu esse passo em resposta aos atos de agressão armada da Federação Russa contra a Ucrânia, à invasão de tropas russas para destruir o Estado ucraniano e à apreensão de territórios à força com a intenção de estabelecer o controle de ocupação”, disse o ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

Fonte: Correio Braziliense - Poder360