Política

Putin quer restabelecer a União Soviética, diz Biden





O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta 5ª feira (24.fev.2022) que Vladimir Putin, presidente russo, “tem ambições para além da Ucrânia” e “quer restabelecer a União Soviética”.

“Putin declarou sua guerra” ao enviar tropas russas para a Ucrânia, afirmou o líder norte-americano. “Putin é o agressor. Ele escolheu essa guerra. E agora vão enfrentar as consequências”, disse.

Segundo Biden, Putin, “rejeitou todas os reforços” feitos para resolver a situação com a Ucrânia por meio do diálogo. Disse que vai anunciar novas sanções “fortes” contra a Rússia.

Eis as sanções anunciadas:

  • Limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes; 
  • Evitar que haja financiamento para o Exército russo; 
  • Prejudicar sua capacidade de competir na economia de alta tecnologia do século 21;
  • Bloqueio de outros 4 bancos russos que juntos têm cerca de US$ 1 trilhão em ativos. 

Declaração foi dada depois de reunião com G7, grupo formado pelo Canadá, Japão, França, Reino Unido, Itália e Alemanha, além dos EUA. O presidente norte-americano também se encontrou com membros do Conselho de Segurança Nacional.

Biden já havia anunciado sanções contra a Rússia. Os Estados Unidos bloquearam duas instituições financeiras: VEB e o banco militar na última 3ª feira (22.fev). Também impôs sanções à elite russa e seus familiares.

Na 4ª feira (23.fev), divulgou bloqueios direcionados ao gasoduto russo Nord Stream 2, construído pela estatal russa Gazprom. O empreendimento, se autorizado, duplicaria o volume de gás natural transportado da Rússia para a Alemanha.

As medidas se deram depois de Putin reconhecer a independência das províncias de Luhansk e Donetsk, em Donbass, no leste da Ucrânia. O presidente norte-americano também decretou sanções diretas contras as regiões, bloqueando transações comerciais entre entidades e pessoas dos Estados Unidos com as autoproclamadas “repúblicas populares”

MOBILIZAÇÃO DE TROPAS

Biden também anunciou o envio de forças para a Estônia, Letônia e Lituânia. Os países são membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e fazem fronteira com a Rússia. Devido as suas localizações, as nações têm importância estratégica.

O presidente dos EUA, disse, no entanto, que não irá deslocar tropas norte-americanas para a Ucrânia.

Vamos tomar atitudes para defender nossos aliados da Otan. Nossas forças não entrarão em conflito com a Rússia na Ucrânia. Nossas forças não irão para a Ucrânia, mas vamos defender nossos aliados no Leste [Europeu]”, disse. 

A Otan também anunciou o envio e tropas “defensivas”, mas disse que forças militares não serão direcionadas ao território ucraniano.

ATAQUES À UCRÂNIA

No fim da noite de 4ª feira (23.fev), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na Ucrânia. As autoridades ucranianas confirmaram ataques em ao menos 10 regiões do país.

Uma 1ª onda de mísseis russos foi disparada na madrugada desta 5ª feira (24.fev). Também de acordo com autoridades da Ucrânia, o país foi atingido por uma nova onda de mísseis russos nesta manhã aqui.

O prefeito de Kiev, Vitaly Klitschko, pediu aos moradores de Kiev que fiquem em casa e mantenham-se em “alerta”. 

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Oleg Nikolenko, divulgou a prisão de 2 soldados russos em sua conta no Twitter. Os militares estavam em uma unidade localizada na cidade Yampil, região próxima à fronteira com a Moldávia.

Oleksiy Arestovich, assessor do gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou a morte de 40 militares do exército da Ucrânia. As autoridades divulgaram também que as perdas na população civil foram de 10 cidadãos, segundo atualizações até às 11h desta 5ª feira (24.fev).

O Ministério das Relações Exteriores ucraniano disse que iniciou medidas para romper os laços diplomáticos com a Rússia de forma oficial. Afirmou, no entanto, que irá manter funções consulares.

O QUE DIZ À RÚSSIA

O Ministério das Relações Exteriores e embaixadas da Rússia justificaram os ataques à Ucrânia.

Segundo nota da embaixada russa na Irlanda, a operação está de acordo com o artigo 51 da Carta das Nações Unidas e tem como objetivo “parar o derramamento de sangue” provocado pelo exército da Ucrânia contra a população da região do Donbass.

A nota esclarece ainda que o objetivo não é invadir a Ucrânia e diz que o país não está conduzindo ataques contra a população. Leia a reportagem completa aqui.

Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, o ataque da Rússia à Ucrânia foi uma forma de evitar uma “guerra mundial”. Ela também negou que a ação militar seja o início de uma guerra no Leste Europeu.

“Em 1º lugar, é muito importante: isto não é o começo de uma guerra. Nosso intuito é evitar o desenvolvimento de eventos que poderiam levar a uma guerra mundial. Em 2º lugar, é o fim da guerra”, disse Zakharova em entrevista ao canal de TV russo NTV.

 

- Pentágono ordena envio de 7.000 soldados dos EUA para a Europa, diz oficial da Defesa

Presidente americano autorizou “o envio de forças terrestres e aéreas já estacionadas na Europa” para a Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Romênia, além de capacidades de forças adicionais à Alemanha como parte da resposta da OTAN 

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ordenou o envio de 7.000 militares dos Estados Unidos para a Europa, informou um alto funcionário da defesa a repórteres logo após o anúncio do presidente dos EUA, Joe Biden, nesta quinta-feira (24). Siga aqui ao vivo as notícias sobre a guerra na Ucrânia.

O presidente americano disse que autorizou “o envio de forças terrestres e aéreas já estacionadas na Europa” para a Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Romênia. Ele também disse que autorizou o envio de “capacidades de forças adicionais dos EUA” à Alemanha como parte da resposta da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), incluindo algumas forças que foram colocadas em espera várias semanas atrás.

“Isso incluiria uma equipe de combate de brigada blindada com capacidades e capacitadores associados. Eles serão enviados à Alemanha para tranquilizar os aliados da OTAN, impedir a agressão russa e estar preparados para atender a uma série de requisitos na região. Esperamos que eles partam nos próximos dias”, disse o funcionário.

Em comentários da Casa Branca, Biden reiterou que as forças dos EUA “não estão e não estarão envolvidas em um conflito com a Rússia na Ucrânia”. “Nossas forças não estão indo para a Europa para lutar na Ucrânia, mas para defender nossos aliados da Otan e tranquilizar esses aliados no Leste”, acrescentou o funcionário da Defesa.

Em pronunciamento nesta quinta-feira (24), Biden, disse que os EUA e seus aliados estão aplicando “a maior sanção econômica da história” contra a Rússia. O presidente americano afirmou que o ataque contra a Ucrânia “não foi provocado” e que foi “premeditado por Putin”.

“Putin é o agressor e quem começou a guerra”, afirmou, acrescentando que “nunca foi uma questão de se defender”. “Hoje, estou autorizando sanções fortes e novos limites sobre o que pode ser exportado para a Rússia, com custos fortes à Rússia agora e ao longo do tempo”, adicionou.

Falando na Casa Branca, Biden também disse que o governo limitaria a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares e outras moedas, e planejava sancionar outros bancos russos. Porém, ele informou que as sanções ainda não incluem banir o país do sistema bancário SWIFT.

Algumas das sanções anunciadas por Biden:

  • Limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes para fazer parte da economia global;
  • Limitar capacidade de financiar e aumentar as forças armadas russas;
  • Prejudicar sua capacidade de competir na economia de alta tecnologia do século 21;
  • Sanções contra bancos russos que juntos detêm cerca de US$ 1 trilhão em ativos.

Ele acrescentou que “também estamos bloqueando mais quatro grandes bancos. Isso significa que todos os ativos que eles têm nos Estados Unidos serão congelados”.

Biden afirmou que nomes da elite russa também serão atingidos pelas sanções, além de acesso a tecnologia e financiamentos, o que pode impactar até o “programa espacial russo”.

 

- Rússia toma controle da usina de Chernobyl, diz Ucrânia

A Rússia tomou o controle nesta 5ª feira (24.fev.2022) da usina nuclear de Chernobyl, afirmou um conselheiro do gabinete presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak.

“É impossível dizer se a usina nuclear de Chernobyl está segura depois de um ataque totalmente sem sentido dos russos. Essa é uma das ameaças mais sérias na Europa agora”, disse Podolyak.

Autoridades da Ucrânia haviam dito mais cedo que tropas russas, que entraram no país pela fronteira com Belarus, estavam em área próxima à usina de Chernobyl.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia dito que forças da Ucrânia estavam lutando para impedir que tropas russas capturassem a antiga usina nuclear.

“As forças de ocupação russas estão tentando tomar Chernobyl [Central Nuclear]. Nossos defensores estão sacrificando suas vidas para que a tragédia de 1986 não se repita. Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa”, afirmou Zelensky.

O Ministério das Relações Exteriores ucraniano afirmou que um ataque da Rússia à Ucrânia poderia “causar outro desastre ecológico”“Em 1986, o mundo viu o maior desastre tecnológico em Chernobyl. Se a Rússia continuar a guerra, Chernobyl pode acontecer novamente em 2022”.

 

- Não temos intenção de enviar tropas à Ucrânia, diz Otan

Os chefes de Estado e de Governo da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) se reunirão por videoconferência na próxima 6ª feira (25.fev.2022), para “discutir as consequências” do ataque da Rússia à Ucrânia. O anúncio foi feito pela porta-voz da Otan, Oana Lungescu.

Ao menos 15 regiões do país são alvos de ataque russo. A invasão ocorreu momentos depois de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter anunciado uma “operação militar especial” no país vizinho.

Mais cedo nesta 5ª feira, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que organização não tem tropas na Ucrânia e que não planos para enviar forças militares. No entanto, afirmou que a organização aumenta a presença no Leste de seu território.

 “Não há tropas de combate da Otan, nem dentro da Ucrânia. Deixamos claro que não temos nenhum plano e intenção de enviar tropas da Otan para a Ucrânia”, disse ele. “O que deixamos claro é que já aumentamos e estamos aumentando a presença de tropas [da aliança] na parte leste da aliança em território da Otan.”

No entanto, segundo o jornal digital norte-americano Politico, Stoltenberg autorizou o general dos EUA Tod Wolters, Comandante Supremo Aliado da Otan na Europa, a convocar a Força de Resposta da aliança militar, composta por 40.000 homens.

O secretário da Otan disse, segundo o jornal, que a aliança “decidiu ativar os planos de defesa, a pedido do principal comandante militar, general Tod Wolters”, que “permitiria implantar capacidades e forças, incluindo a Força de Resposta da Otan, para onde são necessários.”

Nesta 5ª, países do G7, grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido divulgaram uma declaração conjunta depois de uma reunião emergencial dos líderes do grupo condenando o ataque à Ucrânia e prometendo sanções à Rússia. Dos 7 países do grupo, 6 integram a Otan –só o Japão não faz parte da aliança, mas é tido como aliado.

“Esta crise é uma séria ameaça à ordem internacional baseada em regras, com ramificações bem além da Europa. Não há justificativa para mudar as fronteiras internacionalmente reconhecidas por meio da força. Isso mudou fundamentalmente a situação de segurança euro-atlântica. O presidente Putin reintroduziu a guerra no continente europeu. Ele se colocou do lado errado da história”, diz o texto.

A Polônia e os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) pediram consultas entre os integrantes da Otan (Organização Tratado do Atlântico Norte), e ativaram o artigo 4 do acordo da Aliança Atlântica. O estatuto dispõe que “as partes irão consultar-se entre si quando, segundo a opinião de qualquer uma, a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das partes estão sob ameaça”.

Fonte: CNN Brasil - Poder360