Cotidiano

Em meio à discussão da 4° dose, 100 milhões de brasileiros ainda precisam tomar a 3°





De acordo com o Ministério da Saúde, 18,7% deles perderam o prazo de buscar vacinação de reforço contra a covid-19

Pelo menos 100 milhões de brasileiros ainda precisam tomar a terceira dose contra a Covid-19 no país, segundo dados do Ministério da Saúde compilados. Sendo que, deste grupo, 10 milhões de pessoas perderam o prazo de buscar a vacinação de reforço contra o vírus.

Já o restante precisa comparecer aos postos de vacinação ao longo das próximas semanas.

A plataforma do Ministério da Saúde aponta que 146,3 milhões de brasileiros se imunizaram com as duas doses do imunizante ou com dose única. E, até o momento, apenas 45,1 milhões voltaram aos postos de vacinação para receber a dose de reforço.

“Muita gente que tomou a segunda dose, teve a Ômicron, e está achando que essa contaminação gerou uma imunidade que pode subsistir a terceira aplicação. Isso é um engano. As pessoas precisam tomar a terceira dose, porque ao longo do tempo a imunidade dessas pessoas vai começar a cair”, explicou o epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Diego Xavier.

Um levantamento realizado pela Agência CNN, com base em dados enviados pelas secretarias estaduais de saúde das Unidades da Federação, pelo menos 12 estados do país estão com a porcentagem de vacinação da dose de reforço abaixo de 20%.

E apesar da lenta aplicação da dose de reforço, alguns estados brasileiros estudam ampliar a aplicação da quarta dose a outras pessoas que não os imunossuprimidos. O Mato Grosso do Sul já ampliou. São Paulo anunciou que vai fazer a aplicação, independente da recomendação do governo federal.

“O grande problema é o descompasso que temos entre os calendários vacinais no Brasil, falta organização na distribuição e na aplicação das vacinas. Se pegamos alguns estados, como é o caso do Amapá, podemos perceber o total desequilíbrio no plano de imunização do país. Parte desses estados, principalmente no Norte e Nordeste, que têm taxas de vacinação extremamente baixas, precisam de ajuda com a distribuição e da informação à população sobre a vacinação”, destaca Diego Xavier.

Mencionado pelo epidemiologista da Fiocruz, o estado do Amapá, no Norte do país, tem a pior cobertura vacinal da terceira dose no Brasil, com apenas 6,90% da população vacinada acima dos 18 anos. Roraima, localizado na mesma região, assume o segundo lugar, com 8,50%.

Os demais estados que apresentam a vacinação baixa são Pará (10,39%), Acre (11,14%), Maranhão (12,12%), Rondônia (12,61%), Tocantins (13,57%), Mato Grosso (14,16%), Alagoas (16,92%), Goiás (17,51%), Amazonas (18,07%) e Paraíba (12,61%).

Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) informou que a prioridade neste momento é a realização do esquema básico de vacinação (2 doses iniciais ou dose única) e a terceira dose.

De acordo com o vice-presidente da SBI, Alexandre Naime, o país apresentou contrastes muito fortes nas campanhas de vacinação. Ele ressaltou que existem estados avançados com a cobertura vacinal, mas nem todo o país tem a mesma realidade em relação às doses aplicadas.

“O Brasil é um país que tem muitas desigualdades, inclusive na cobertura vacinal. Existem lugares que a vacinação da terceira dose já está muito alta, e, nestes locais podem pensar em uma quarta aplicação. Em contrapartida, existem locais que não conseguem cobrir a terceira dose na população, e não se pode pensar na quarta aplicação”, explica.

Após reunião da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI), o Ministério da Saúde decidiu não recomendar a quarta dose das vacinas contra a covid-19. O entendimento é que não há embasamento científico para adotar a dose adicional em pessoas que não sejam imunossuprimidas.

 

Confira outras notícias 

- Queiroga diz que quarta dose será recomendada quando houver evidência científica

Ministro da Saúde ressaltou que uma nova dose para o combate ao coronavírus não é a prioridade da pasta neste momento, que trabalha para completar o ciclo vacinal da população adulta

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse à CNN que o governo federal recomendará uma quarta dose da vacina contra o coronavírus para a população em geral “quando houver evidência científica que justifique”.

Na semana passada, João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico de São Paulo, afirmou em entrevista à CNN que a população do estado acima de 60 anos irá receber a quarta dose a partir do dia 4 de abril.

Segundo o ministro, a aplicação desta dose não é a prioridade no momento. Ele tem defendido a necessidade de completar o ciclo vacinal da população adulta. “Nós vamos superar essa crise sanitária com ações firmes “, ressaltou.

Na última sexta-feira (11), a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI) decidiu que não vai recomendar a quarta dose de vacina no Brasil. As informações foram antecipadas pela CNN.

Segundo fontes da câmara técnica, o entendimento é de que não há pesquisas científicas com dados suficientes para embasar um novo reforço de imunização para pessoas que não sejam imunossuprimidas.

Ainda de acordo com técnicos que compõem o comitê técnico, as pessoas que tomaram duas doses e o reforço estão com o esquema vacinal completo, e continuam bem protegidas contra a Covid- 19 e o agravamento da doença.

Ao longo da semana passada, a pasta recomendou dose de reforço contra a Covid-19 para adolescentes imunossuprimidos.

A pasta orientou que o esquema primário de vacinação desse grupo deve ser feito com três doses — primeira, segunda e a dose adicional — com intervalo de oito semanas entre elas.

Após a conclusão desse esquema, é recomendada uma dose de reforço quatro meses após a terceira dose.

 

 

- Coronavírus “não vai desaparecer”, mas temos proteções, diz virologista

Queda nos casos de gripe mostra comportamento de vírus quando população já possui contato prévio com ele, explica Anderson Brito

Após um período de crescimento conjunto de casos de gripe e Covid-19, o Brasil vê o coronavírus tomar novamente a dianteira dos casos identificados de síndrome respiratória – um movimento já esperado pelos especialistas, afirmou o virologista Anderson Brito à CNN nesta segunda-feira (14).

Segundo Brito, o fato do brasileiro já encarar o vírus da Influenza há anos e ter vacinas desenvolvidas contra a doença fez com que os efeitos do último surto de gripe tenham sido superados mais rapidamente do que os casos da variante Ômicron do coronavírus.

“Se já temos uma população em frente a um vírus que não é novo, vemos uma dinâmica de aumento de casos repentino, seguido de uma queda”, explicou.

“O vírus da Covid é diferente. Agora tem vacinação, mas ainda tem uma parcela da população que não se vacinou e essas pessoas são mais vulneráveis – uma vez que a Ômicron chega ali, ela se dissemina de forma mais fácil”, disse o virologista.

“Existe essa grande confusão porque a gente enfrenta dezenas de vírus respiratórios. Se você está sentindo sintoma que se parece com resfriado ou gripe, muito provavelmente é Covid – eles se assemelham, mas o vírus da gripe já não está tanto em circulação se comparado ao coronavírus, em especial à variante Ômicron”, explicou.

Assim como a Influenza, a Covid-19 “não vai desaparecer”, ressaltou Anderson Brito, que também ponderou que as proteções conta a infecção, com destaque para o ciclo vacinal completo, o uso de máscaras e a atenção aos movimentos locais do coronavírus, criarão um ambiente cada vez menos propício para novos surtos da doença.

“Cada município e região do país está em sua dinâmica própria [da pandemia]. O importante é que a gente olhe como está a situação no nosso município para tomar decisões para evitar riscos”, declarou.

Fonte: CNN Brasil