Cultura

Papa Francisco: crianças-soldado, um grito que se eleva a Deus





No Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado, o Papa recorda em um tweet o drama de tantos menores, vítimas de violência. Segundo a ONU, mais de 8.500 crianças foram usadas em cenários de hostilidade em 2020.

Fonte: Benedetta Capelli e Andrea De Angelis - Cidade do Vaticano

"Uma tragédia", "um crime abominável". Ao longo dos anos, o Papa sempre fez ouvir a sua voz sobre a terrível chaga das crianças-soldado, tornando-se assim o intérprete da dor de muitos menores, arrancados da infância e obrigados a pegar em armas, tornando-se instrumentos de morte. Em um tweet em sua conta @Pontifex, publicado por ocasião do Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado, Francisco escreve:

Crianças soldados são roubadas de sua infância, de sua inocência, de seu futuro, muitas vezes de sua própria vida. Cada uma delas é um grito que se eleva a Deus e que acusa os adultos que colocaram as armas em suas pequenas mãos

Grave violação dos direitos das crianças 

Crianças empregadas como combatentes, mas também como cozinheiras, porteiros, guardas, mensageiros. Meninas que estão envolvidas em várias atividades, como transporte, assistência médica, cozinhar, limpar e cuidar de outras crianças, mas que podem se tornar parte ativa do conflito, como na África, onde quase 40% das meninas recrutadas por forças ou grupos armados participam diretamente das hostilidades, ou no Oriente Médio onde existem apenas unidades femininas para o uso de armas táticas.

 

No entanto, ambos são vítimas de sequestros, ameaças, manipulações. Alguns são movidos pela pobreza, obrigados a gerar renda para suas famílias. Outros ainda unem forças para sobreviver ou proteger suas comunidades. Independentemente do seu envolvimento, o recrutamento e utilização de crianças por forças armadas - sublinha o UNICEF - constitui uma grave violação dos direitos da criança e do direito internacional humanitário.

Um fenômeno crescente

A ONU sublinha que em 2020 existiam mais de 8.500 crianças-soldados recrutadas e empregadas em zonas de guerra, um aumento em relação aos 7.750 casos registrados em 2019. Mais de 93.000 crianças-soldados entre 2005 e 2020. Apenas dois anos atrás as Nações Unidas verificaram 26.425 violações graves.

Quase 75% dos conflitos envolvem o recrutamento de crianças e bem mais da metade destas são meninas. O que as crianças sofrem são formas extensas de exploração e abuso que também se tornam sexuais no caso das meninas. O casamento precoce é outra ferramenta preferida por algumas partes em conflito: as meninas são forçadas a se casar com combatentes adultos do sexo masculino e vivem sob seu controle, muitas vezes submetidas à violência sexual diária.

 

- A ajuda do Papa aos migrantes retidos na Lituânia

"Olhando para Maria com o Filho nos braços, penso nas jovens mães e nos seus filhos que fogem das guerras e da fome ou que aguardam nos campos de refugiados. São tantos! (...) Se nos tornarmos artífices da fraternidade, seremos capazes de tecer os fios de um mundo dilacerado por guerras e violências", disse o Papa Francisco no primeiro Angelus de 2022.

O Santo Padre, por meio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, enviou uma contribuição de 50 mil euros a favor da CaritasVilnius (Lituânia), para apoiar as atividades que realiza em benefício dos migrantes na fronteira oriental da Lituânia.

Em colaboração com a Nunciatura Apostólica na Lituânia, esta verba será utilizada em obras assistenciais e na compra de medicamentos, produtos alimentares, agasalhos para aliviar as duras condições de vida a que estão submetidas as populações neste inverno, acentuado infelizmente também pelo prolongamento da crise pandêmica.

Este apoio é uma expressão imediata do sentimento de proximidade espiritual e encorajamento paterno que o Papa Francisco expressou repetidamente durante o Angelus dominical no final de 2021 e início de 2022 em relação aos migrantes, refugiados e requerentes de asilo que se encontram naquela área.

Fonte: Vatican News