Economia

Após sequência de quedas, dólar fecha em alta, a R$ 5,24





Moeda norte-americana teve valorização de 0,24%, enquanto o principal índice da bolsa subia 0,83%, aos 113.400,25 pontos, por volta das 17h

O dólar fechou esta quinta-feira (10) com valorização de 0,24%, cotado a R$ 5,239, revertendo a tendência de queda. O mercado repercutia falas de um dos dirigentes do Federal Reserve, James Bullard.

Ele afirmou que se tornou “dramaticamente” mais “hawkish” (duro no combate à alta dos preços) após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos de janeiro, e agora defende um aumento de 1 ponto percentual de aumento nos juros até 1° de julho.

O patamar elevado dos juros no Brasil pode proteger o real de eventual endurecimento da política monetária norte-americana, e a moeda tem sido beneficiada por um fluxo de investimentos em commodities.

Já o Ibovespa sobe 0,83%, aos 113.400,25 pontos, por volta das 17h, horário de Brasília, com uma influência positiva da alta de ações de bancos e das commodities após o minério de ferro fechar com valorização na China e o petróleo continuar a tendência de subida de preço. O movimento desses ativos supera uma pressão negativa após o dado de inflação nos Estados Unidos.

Na ponta positiva do Ibovespa, o destaque ia para ações ligadas a commodities, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4), com forte peso no índice.

O destaque negativo era das ações do setor de papel, a Klabin (KLBN11) e a Suzano (SUZB3), afetadas pela baixa do dólar, e também para papéis de tecnologia, prejudicados pelo cenário de alta de juros.

Na quarta-feira (9), o dólar fechou em queda de 0,64%, a R$ 5,226, menor valor desde 13 de setembro de 2021. Já o Ibovespa teve alta de 0,2%, aos 112.461,39 pontos.

Brasil

No cenário doméstico, os investidores repercutem falas na quarta-feira de um dos diretores do Banco Central sobre o ciclo de alta de juros, na esteira da divulgação do IPCA de janeiro. A inflação veio em linha com o esperado, mas no maior valor mensal em seis anos.

Bruno Serra afirmou em evento que a batalha da autarquia contra a inflaçãoestá longe de ser vencida, mostrando preocupação com a propagação da alta dos preços.

Embora Serra tenha dito que seu temor não vai contra a ideia de redução do ritmo de alta de juros, indicada pelo Banco Central tanto em seu comunicado de política monetária, da semana passada, quanto na ata da reunião do Copom, sua fala desencadeou apostas em uma taxa Selic terminal mais alta do que o estimado anteriormente.

O Copom tem como cenário de referência a Selic a 12% ao ano ao fim do primeiro semestre, encerrando 2022 em 11,75%. Entretanto, ele diz que esse cenário base pode ser ameaçado pela elevada incerteza fiscal e por um ciclo de alta atual nas commodities, como o petróleo. A ata também cita um cenário de inflação disseminada, aumentando a chance de que ela supere as estimativas.

A principal ameaça fiscal no radar dos investidores é a chamada PEC dos Combustíveis, que permitiria a suspensão de impostos para esses produtos. Representando um possível descontrole de gastos, o tema afetou negativamente o real, e ainda impacta o Ibovespa.

Segundos projeções da equipe econômica do governo, a perda de arrecadação pode chegar a R$ 100 bilhões na proposta mais abrangente, passando por R$ 54 bilhões no texto atualmente apoiado pelo Planalto e por R$ 18 bilhões caso o projeto se limite ao diesel.

Duas PECs sobre o tema já foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara, e devem ser discutidas ao longo da semana. Uma delas envolveria renúncias fiscais para reduzir o preço dos combustíveis.

À CNN, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a PEC dos Combustíveis não é o foco no momento, já que a Casa vai analisar dois projetos de leis sobre o tema que podem deixar a proposta sem necessidade.

A agenda doméstica recheada de indicadores importantes na cena local ainda deve movimentar a semana, com a divulgação do IBC-Br, considerado a prévia do PIB.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.

Exterior

Além dos juros altos, o Ibovespa e o real vem sendo beneficiados por um movimento de investimentos em commodities e mercados ligados a elas devido a um ciclo de valorização.

Expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas, o que leva a altas nos preços.

No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia afetam os preços.

Outro fator que pesa nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, reforçada por dados de inflação e de queda nos pedidos de auxílio-desemprego divulgados nesta quinta-feira.

Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano e migrado para outros vistos como mais resilientes ou baratos.

Qualquer alta de juros no país, porém, pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores, pressionando negativamente o real.

Fonte: CNN Brasil com informações da Reuters