Política

Bolsonaro fala em criminalizar nazismo e comunismo





O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que “a ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita”. Nas redes sociais, o chefe do Executivo disse ser desejo do governo federal “que outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, como o Comunismo, sejam alcançadas e combatidas pelas leis”. 

A publicação de Bolsonaro veio depois de Monark, ex-apresentador do Flow Podcast, defender a legalidade de um partido nazista no Brasil. Além dele, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) afirmou no programa que Alemanha errou ao criminalizar o nazismo. Diversas autoridades e políticos se manifestaramcontra as declarações.

“A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e qualquer ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade”, argumenta o presidente.

Mais cedo, o comentarista e ex-BBB Adrilles Jorge foi afastado da Jovem Pan News depois de fazer um gesto com a mão direita, associado com o ‘Sieg Heil’, uma saudação nazista utilizada na Alemanha de Adolf Hitler.

Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) citou na 3ª feira (8.fev.2022) o PL (Projeto de Lei) que apresentou em 2020 que autorizaria a prisão de quem defender nazismo ou comunismo. Eis a íntegra do projeto (147 KB).

“Enquanto tem parlamentar defendendo que o nazismo não seja crime, eu apresentei projeto pedindo cadeia para quem defender abominações nazistas e comunistas. Ambas ideologias assassinas são igualmente nefastas e merecem ser totalmente repudiadas pela lei”, escreveu o deputado nas redes sociais.

Eis a íntegra da nota do presidente: 

A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e qualquer ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade.

É de nosso desejo, inclusive, que outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, a divisão de pessoas em raças ou classes, e que também dizimaram milhões de inocentes ao redor do mundo, como o Comunismo, sejam alcançadas e combatidas por nossas leis.

O fato de uma ideologia repugnante como a nazista ter destruído milhões de vidas exige que tenhamos extrema responsabilidade e seriedade na hora de tratar do tema, não deixando espaço para a calúnia, a difamação e a sua banalização. Não se combate uma injustiça com injustiças.

Importante lembrar que existem ainda aqueles que, na busca implacável pelo poder, banalizam essa página triste da história da humanidade e instrumentalizam a sensibilidade humana para praticar exatamente aquilo que dizem combater, assassinando reputações e destruindo pessoas.

Assim, reitero todo nosso apoio ao povo judeu, que hoje sofre não só com as cicatrizes deixadas pela história, mas também com o desrespeito daqueles que banalizam um assunto tão grave, rotulando tudo e todos na ânsia de conquistar ainda mais poder e controle sobre as pessoas.

Tenho muito orgulho de ser o presidente que mais aproximou o nosso país dos judeus, seja intensificando as relações bilaterais com Israel, seja apoiando iniciativas importantes, como a Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), na qual ingressamos em meu governo.

E a quem realmente insiste em defender a divisão de pessoas por raça/etnia, o controle total pelo Estado, a violação de liberdades, que são premissas do nazismo; bem como a quem, num desrespeito cruel ao povo judeu, banaliza um fato grave para promoção política, fica a lição:

Somos um povo maravilhoso, acolhedor. Repito: em uma família brasileira há mais diversidade do que em qualquer nação no mundo. O Brasil nunca terá solo fértil para o totalitarismo porque o amor pela liberdade corre em nossas veias. Quem deseja o contrário está do lado errado.

Que o momento seja de reflexão, de amadurecimento, a respeito de qual ambiente queremos criar para o Brasil. Tenhamos todos mais juízo e responsabilidade. Precisamos continuar trabalhando pelo futuro de nossa nação.”

 

 

Presidente do Senado condena falas que legitimam o nazismo

Casa realiza amanhã sessão em homenagem a vitimas do Holocausto

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, abriu os trabalhos no Plenário do Senado condenando as falas do youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark. Na noite da última segunda-feira (7), no podcast Flow, Monark defendeu que os nazistas tivessem um partido político legalmente reconhecido no Brasil. O episódio gerou reações negativas de vários setores da sociedade.

Sem citar nominalmente o youtuber ou o podcast, Pacheco afirmou que “fatos como os ocorridos recentemente” não devem se repetir. “Quem legitima o nazismo afronta a memória das vítimas e dos sobreviventes desse regime e desdenha das atrocidades por ele causadas. Defender o nazismo não é uma justa manifestação da liberdade de expressão. É crime. Nazismo não se defende, não se propaga e não está inserido no hall das liberdades públicas da livre manifestação de pensamento”.

A fala teve como mote a convocação de uma sessão especial, prevista para as 9h de amanhã (10), destinada a homenagear e relembrar as vítimas do holocausto. A sessão será presidida pelo senador Jaques Wagner (PT-BA).

“Essa sessão especial designada para amanhã se mostra essencial para demonstrarmos à sociedade brasileira o nosso compromisso com o combate ao preconceito. Seja ele de raça, gênero, fé, etnia, cor, origem, orientação sexual ou de qualquer outra espécie; e com o combate à disseminação de qualquer ideia que propague formas de discriminação que violem esses preceitos básicos”, acrescentou Pacheco.

As declarações do youtuber ocorreram durante uma entrevista aos deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). Na manhã do dia seguinte, a fala começou a repercutir rapidamente nas redes sociais e algumas empresas parceiras do podcast optaram por anunciar o encerramento de seus vínculos com o Flow. Ao fim do dia, foi informado o desligamento de Monark do Flow.

A Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo abriu inquérito para investigar suspeita de apologia ao nazismo a partir da fala de Monark.

Outro lado

Segundo nota divulgada ontem (8), os Estúdios Flow informaram que o podcast em questão foi retirado do ar e que o apresentador foi desligado da produtora. Em vídeo, também divulgado na noite de ontem, Igor Coelho, que é sócio na empresa, anunciou que vai comprar a participação do apresentador nos estúdios, encerrando a ligação de Monark com a empresa.

No comunicado, os Estúdios Flow afirmam ainda ter compromisso com a democracia e os direitos humanos, lamentando o ocorrido. “Pedimos desculpas à comunidade judaica, em especial, e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade”.

Monark divulgou vídeo em seu canal no Twitter em que diz que errou, pede desculpas e afirma que estava “muito bêbado” na ocasião.

Fonte: Poder360 - Agência Brasil