Economia

Dólar cai 1,26% e fecha a R$ 5,255, menor valor em quase 5 meses





O dólar comercial caiu 1,26% e começou a semana cotado a R$ 5,255 na venda, o menor valor em quase cinco meses, desde 15 de setembro do ano passado (R$ 5,237).

O mercado operou sob expectativa para a ata do Copom, que na terça-feira deverá oferecer mais detalhes sobre a disposição do Banco Central em seguir elevando a taxa Selic. A alta do IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interno) de janeiro bem acima do esperado reforçou o caso de uma política monetária restritiva.

Por volta das 17h30 (horário de Brasília), o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) operava quase estável, com ligeira alta de 0,04%, aos 112.291,53 pontos.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Dólar ante real pode cair ainda mais

O dólar continua em processo de desvalorização no exterior, enquanto sinais do mercado de trabalho dos Estados Unidos apresentam recuperação dos impactos da pandemia da covid-19 e alertam para o eventual encerramento de auxílio monetário em decorrência do coronavírus.

Anilson Moretti, chefe de câmbio da HCI Invest, disse à Reuters que a desvalorização recente do dólar é reflexo do patamar elevado dos custos de empréstimo locais. Com a taxa Selic atualmente em 10,75% ao ano, o carrego (retorno oferecido por diferenciais de taxas de juros) do real é bem atraente para investidores estrangeiros, o que tem intensificado o fluxo de recursos para o Brasil.

Nesse contexto, o real tem potencial de se valorizar ainda mais frente ao dólar ao longo deste mês, afirmou Moretti.

De olho nos juros nos EUA

Mas investidores continuavam atentos aos riscos, com a perspectiva de posicionamento mais agressivo do banco central norte-americano no combate à inflação despontando como uma das principais ameaças para divisas de mercados emergentes.

O Federal Reserve já havia telegrafado aos mercados em sua última reunião de política monetária que começará a elevar sua taxa de juros em março. Mas, na semana passada, dados robustos de emprego dos Estados Unidos despertaram algumas apostas de que essa alta inicial será de 0,5 ponto percentual, mais agressiva do que o ritmo de 0,25 ponto inicialmente precificado pela imensa maioria dos investidores.

O Departamento do Trabalho norte-americano informou na sexta-feira em seu relatório de empregos que foram criados 467 mil postos de trabalho fora do setor agrícola nos EUA em janeiro. Os dados de dezembro foram revisados para cima, para mostrarem abertura de 510 mil vagas, em vez das 199 mil relatadas anteriormente.

"Junto com o contexto de inflação mais elevada, esses dados estão em linha com o endurecimento recente do discurso por parte do Fed", disseram economistas do Bradesco em nota.

Juros mais altos nos EUA tendem a beneficiar o dólar globalmente, já que elevam a rentabilidade dos títulos soberanos norte-americanos, considerados o ativo mais seguro do mundo.

 

Confira outras notícias 

- Vendas de veículos caem 38,5% em janeiro, aponta Anfavea

Entidade diz que Ômicron impactou negativamente a indústria

A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou que, em janeiro deste ano, foram vendidos 126,5 mil veículos, o que representa uma queda de 38,5% em comparação a dezembro do ano passado. Na comparação com janeiro do ano passado, a retração foi de 26,1,5%.

Ao divulgar os dados nesta segunda-feira (7), o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, considerou a queda como relevante. “Foi uma queda relevante com relação a dezembro, que foi um mês muito bom, nós puxamos bastante a produção e o emplacamento, em grande parte para entregar muitos veículos pendentes de meses anteriores por falta dos semicondutores”. 

O executivo lembrou que janeiro já é tradicionalmente um mês de poucas vendas no mercado de automóveis, no entanto, destacou outros motivos para a retração no mês. 

“Janeiro já é esperado uma queda, como acontece todos anos, mas tivemos alguma aspectos que impactaram ainda mais esse resultado, como o alto volume de emplacamento em dezembro, o desequilíbrio na cadeia de suprimentos, e tivemos uma transição no sistema de emplacamentos, como veículos que foram vendidos, mas não foram emplacados no mês de janeiro. Mas esse tema já foi resolvido e o emplacamento já voltou ao normal em fevereiro”, disse.

Moraes disse ainda que as chuvas de verão e a variante Ômicron também foram agravantes que levaram à maior queda nas vendas no primeiro mês do ano.  “Tivemos chuvas acima da média em regiões importante como São Paulo, que é o maior mercado, que impactaram na frequência de consumidores de lojas e inclusive fecharam algumas lojas que tiveram problemas adicionais como alagamentos em determinadas regiões, e obviamente, a variante Ômicron que está afetando a cadeia como um todo, os fornecedores, os fabricantes e o varejo”.

Houve retração ainda na produção de veículos, com queda de 31,1% com relação a dezembro. Segundo o balanço divulgado pela Anfavea, foram fabricadas 145,4 mil unidades no primeiro mês deste ano, enquanto a produção em dezembro do ano passado ficou em 200,4 mil veículos. Comparado com janeiro de 2021, a queda na produção foi de 27,4 %

Para o ano, o presidente da entidade disse que a alta da taxa de juros pode desestimular as vendas. “Estamos trabalhando com uma restrição da oferta sim, mas na nossa previsão do ano a gente considera o impacto da questão do crescimento do PIB mais tímido e do aumento da taxa de juros. É uma mistura dos dois impactos. Em um ano normal, a gente só olha a demanda. Este ano ainda temos que olhar a oferta e a demanda por conta desse aumentos de juros, a capacidade da pessoa física de comprar, o emprego ainda não está em um nível adequado, enfim, restrição na oferta e certo limite na demanda considerando o cenário do Brasil que temos para 2022”. 

Exportações

As exportações de automóveis também registraram queda de 33,5% em janeiro, com relação a dezembro de 2021, com a venda de 27,6 mil veículos para fora do país. Com relação a janeiro do ano passado, a alta foi de 6,6%, quando houve a exportação de 25,9 mil unidades.

Caminhões

A venda de caminhões teve retração de 26,8% em janeiro em comparação com dezembro do ano passado. Foram vendidas, no último mês, 8,7 mil unidades. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a elevação nas vendas de caminhões foi de 15,5%. 

Emprego

O nível de emprego na indústria teve alta de 0,3% em janeiro na comparação com o último mês de 2021. Na comparação com janeiro do ano passado, a queda foi de 2%. As fabricantes de veículos empregavam em janeiro do ano passado 103.384 pessoas, enquanto agora tem um quadro total de 101.335  funcionários.

 

Fonte: UOL - Agência Brasil - Reuters