Cultura

Papa: pandemia não é desculpa para negligenciar a justiça no trabalho





A pandemia agravou situações difíceis para muitos trabalhadores, mas não se torna uma desculpa para justificar omissões na justiça e na segurança. Esta é a esperança expressa pelo Papa durante a audiência na Sala Clementina, no Vaticano, a cerca de cem membros da Associação Italiana de Químicos do Couro

Paolo Ondarza - Cidade do Vaticano

Solidariedade, qualidade do trabalho, laços intergeracionais, proteção da Casa Comum. Estes são os pontos centrais do discurso do Papa a uma delegação de membros da Associação Italiana de Químicos do Couro, recebida no final da manhã deste sábado, 29, no Vaticano. Observando as dificuldades no mundo do trabalho agravadas por dois anos de pandemia, Francisco exortou a manter alta a guarda na justiça e na segurança:

A crise pode ser encarada como uma oportunidade para crescer juntos na solidariedade e na qualidade do trabalho. Que o exemplo e a intercessão de São José os ajude a não ceder ao desânimo, a valorizar com criatividade seus talentos e sua grande experiência para seguir em frente e abrir novos caminhos.

Um ponto de referência para todos aqueles que trabalham com coro no mundo, a Associação Italiana de Químicos do Couro reúne técnicos, graduados ou diplomados, funcionários das indústrias de curtumes e tinturarias e de todas as empresas de um setor muito específico no qual os conhecimentos e técnicas científicas são aplicados a uma antiga tradição:

Vocês são uma categoria muito específica de trabalhadores, que no grande “poliedro” da sociedade global oferece uma contribuição original e característica. É muito importante encontrar a sabedoria dos idosos e o entusiasmo dos jovens: imagino os jovens que se apaixonam por um setor original como o de vocês, e têm necessidade de encontrar "velhos do ofício", que têm muito a ensinar, e não somente no nível técnico, mas também no humano.

Recordando seus anos de juventude e os estudos em um instituto técnico com ênfase na química na Argentina, o Papa disse estar próximo da categoria dos trabalhadores recebidos em audiência.

Por fim, refletindo sobre o impacto ambiental das atividades que utilizam produtos químicos para o tratamento de materiais destinados ao uso cotidiano, não deixou de chamar a atenção para os cuidados com a Casa Comum:

É muito precioso o fazer uma associação, pois são compartilhados conhecimentos, experiências, além de atualizações jurídicas e técnicas; e assim se ajuda a crescer juntos em um estilo de responsabilidade social e ecológica. Isto é muito importante!

A Secção Italiana da Sociedade Internacional de Químicos do Couro foi fundada em 1904. Promover a cultura científica do mundo do couro é um dos primeiros objetivos desta realidade, comprometida também em criar contatos entre os colaboradores do mundo do curtimento e a apoiar ativamente a formação escolar com bolsas de estudo nos principais distritos de curtumes italianos.

 

- Dia da Vida Consagrada: chamados a ser Igreja sinodal

Em carta para o XXVI Dia Mundial da Vida Consagrada, o cardeal João Braz de Aviz e Dom José Rodríguez Carballo exortam a refletir sobre a palavra "participação" ligada ao caminho sinodal.

“Uma ocasião de encontro marcada pela fidelidade de Deus, que se manifesta na alegre perseverança de tantos homens e mulheres, consagradas e consagrados em institutos religiosos, monásticos, contemplativos, nos institutos seculares e "novos institutos", membros do ordo virginum, eremitas, membros de sociedades de vida apostólica de todos os tempos”.

É o que escrevem o prefeito e o secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica – cardeal João Braz de Aviz e o arcebispo José Rodríguez Carballho O.F.M., respectivamente – na carta por ocasião do XXVI Dia Mundial da Vida Consagrada, a ser celebrado em 2 de fevereiro

Se em 2020 o convite era para “praticar a espiritualidade de comunhão”, neste ano a ênfase recai sobre a segunda palavra do Sínodo, “para convidar cada um de nós a fazer sua parte, a participar”. Assim, que ninguém se sinta excluído ou excluída deste caminho, que ninguém pense “não me diz respeito”, mas a todos é pedido para entrar no “dinamismo da escuta recíproca, conduzido em todos os níveis de Igreja, envolvendo todo o povo de Deus”, recordando as palavras do Papa Francisco à Diocese de Roma.

Na mensagem dirigida à Vida Consagrada, é explicado que se trata, sobretudo, “de um caminho que interpela cada comunidade vocacional no seu ser expressão visível de uma comunhão de amor, reflexo da relação trinitária, de sua bondade e de sua beleza, capaz de suscitar novas energias para nos confrontarmos concretamente com o momento atual”.

“Se voltarmos ao nosso chamado vocacional – escrevem -, reencontraremos a alegria de sentir e fazer parte de um projeto de Amor para o qual outros irmãos e irmãs, antes de nós e conosco, colocaram a própria vida à disposição”:

“Quanto entusiasmo no início das nossas histórias vocacionais, quanto encanto ao descobrir que o Senhor também me chama a realizar este sonho de bem para a humanidade! Reavivemos e cuidemos de nossa pertença porque, o sabemos muito bem, com o tempo corre o risco de perder força, sobretudo quando substituímos a atratividade do nós pela força do eu.”

E enquanto é percorrido esse caminho eclesial, o convite é para interrogar-se:

“Quem são as irmãs, os irmãos que escutamos e, sobretudo, por que os escutamos? Uma pergunta que, repetimos, todos somos chamados a fazer-nos, porque não podemos chamar-nos comunidade vocacional e muito menos comunidade de vida, se falta a participação de alguém.”

Assim, a exortação para entrar neste caminho de toda a Igreja, “com a riqueza dos nossos carismas e da nossa vida, sem esconder fadigas e feridas, fortes na convicção de que só podemos receber e dar o Bem porque "a vida consagrada nasce na Igreja, cresce e só pode dar frutos evangélicos na Igreja, na comunhão viva do Povo fiel de Deus” (Papa Francisco, 11 de dezembro de 2021).

Nesse sentido, “a participação torna-se então uma responsabilidade”:

““Não podemos faltar, não podemos deixar de estar entre os outros e com os outros, nunca e ainda mais neste chamado a ser igreja sinodal! E mesmo antes disso, sabemos bem que a sinodalidade começa dentro de nós: de uma mudança de mentalidade, de uma conversão pessoal, na comunidade ou fraternidade, em casa, no trabalho, em nossas estruturas para expandir nos ministérios e na missão.”

Trata-se de uma dinâmica gravada em nossa vida, e como um eco daquela primeira resposta ao Amor do Pai que nos alcançou:

“É aí, nessa dinâmica de apelo e de adesão que reside a raiz desta atitude de estar dentro dos processos que dizem respeito à vida da comunidade e de cada pessoa, a sentir na nossa carne as feridas e as expectativas, A fazer o que pudermos, a começar por colocar tudo nas mãos de Deus com a oração, a não substrair-se do esforço de testemunhar a esperança, dispostos a perder enquanto se alimenta aquele caminho juntos que começa com a escuta, que significa abrir espaço para o outro em nossa vida, levando a sério o que é importante para ele.”

A participação assume assim o estilo de co-responsabilidade de referir-se antes ainda que à organização e ao funcionamento da Igreja, à sua própria natureza, a comunhão e ao seu sentido último: o sonho missionário de chegar a todos, de cuidar de todos, de sentir que todos são irmãos e irmãs, juntos na vida e na história, que é a história da salvação.

Fonte: Vatican News