Cultura

Papa concluirá hoje a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos





Com a celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Francisco concluirá o encontro ecumênico do início do ano centralizado no tema: "Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo".

O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice comunicou que nesta terça-feira, 25 de janeiro, às 17h30 (horário local), na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Francisco presidirá a celebração das Segundas Vésperas na Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, no encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos sobre o tema: "Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo" (cf Mt 2, 2). No ano passado, o Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, havia presidido a celebração no lugar do Papa, que sofria de ciática.

O tema da Semana de Oração de 2022, que se realizou de 18 a 25 de janeiro e envolveu as Igrejas e denominações cristãs de todo o mundo, foi escolhido pelo Conselho das Igrejas do Oriente Médio para evocar a experiência dos Reis Magos. Durante a Semana, todas as comunidades foram convidadas a refletir sobre um aspecto particular do tema geral.

"Vimos a sua estrela no Oriente", é o título do primeiro dia, enquanto o segundo dia será orientado pelo tema: "Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer?"A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado, e toda a Jerusalém com ele” é o foco do terceiro dia. O quarto dia terá como o tema: “E tu, Belém, não és decerto a menos importante das sedes distritais de Judá”. No quinto dia, a frase que os acompanha tem o título: "O astro que tinham visto no Oriente avançava à sua frente”. No sexto dia, o tema é "Viram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, prestarem-lhe homenagem”. O sétimo dia nos convida a rezar sobre os presentes dos Magos: "Abrindo seus cofres, ofereceram-lhe por presente ouro, incenso e mirra”. Por fim, a proposta para o oitavo e último dia é: "Retiraram-se para sua pátria por outro caminho”.

 

 

- Núncio na Ucrânia: a proximidade do Papa anima as almas

Em entrevista ao Vatican News, Dom Visvaldas Kulbokas fala da situação de crise no país, sobre a qual paira o espectro do conflito: o povo é grato a Francisco, "saber que não se está sozinho e esquecido é uma grande ajuda"

Svitlana Duckhovych – Vatican News

Estas são as horas da diplomacia, tentando desarmar na mesa de negociações o drama que se seguiria se fossem as armas a falar. Enquanto o Ocidente e a Rússia tentam mediar uma crise que já dura há anos, desde o conflito de "baixa intensidade" como os analistas o chamam, que eclodiu em 2014 na Ucrânia oriental, até os ventos de guerra atuais, para a população ucraniana estas são horas de tensão e suspense. "O risco de uma possível guerra é vivido com mais coragem", observa o núncio apostólico do país, o Arcebispo Visvaldas Kulbokas. O prelado relata o conforto gerado pela proximidade mostrada mais uma vez por Francisco, no no Angelus do último domingo (23/01).

Como foi recebido pelos ucranianos o apelo do Papa?

Aqui na Ucrânia, o Papa Francisco é uma das personalidades religiosas mais respeitadas pela população local, portanto este apelo do Papa após a oração do Angelus do domingo passado foi logo recebido como uma notícia muito importante, que eleva o coração, expressa proximidade e solidariedade, e em momentos de dificuldade como estes na Ucrânia, saber que não se está sozinho e esquecido já é uma grande ajuda.

Qual é o clima que se percebe entre a população?

Neste período de minha missão como núncio, há a guerra, que vem ocorrendo há oito anos nas regiões orientais do país, e certamente criou muitos problemas - há os que perderam seus entes queridos e conheci pessoalmente muitas pessoas que foram duramente atingidas - há os que perderam sua saúde, suas casas, seus empregos, mas tudo isso tornou os ucranianos mais fortes diante das dificuldades. O risco de um possível agravamento do conflito é experimentado com mais coragem. Há preocupação, mas ao mesmo tempo tenho notado muito amor pela pátria e também uma grande decisão de fazer a própria parte se houver dificuldades. Como muitos sabem, há aqui ucranianos de língua materna e há regiões com predominância da língua russa, e outras onde há uma presença significativa de poloneses, mas neste mês pude apreciar o amor de todos. Não estou dizendo que não haja dificuldades, mas em geral, o conflito parece ter aumentado a coesão em todo o país.

Como a Igreja local está vivendo esta situação?

Respondo referindo-me principalmente aos católicos na Ucrânia, mas existem também as Igrejas Ortodoxas e outras Igrejas. Como sabemos, nas Igrejas greco-católicas e também nas Igrejas católicas de rito latino desde 2014, ano em que o conflito começou, durante todas as celebrações eucarísticas e também em outros momentos de oração, há sempre um momento de oração pela paz. Nestas últimas semanas a oração pela paz é ainda mais presente, mais forte, e será especialmente assim na próxima quarta-feira, 26 de janeiro, a convite do Papa Francisco e em união com ele e todos os homens de boa vontade.

Qual é a importância da oração para o povo ucraniano neste momento?

Já me fiz esta pergunta muitas vezes e minha conclusão é que devemos considerar acima de tudo nossa vocação como crentes em Cristo e nossa vocação como seres humanos. Como vimos, até mesmo o Papa Francisco, no último domingo, enfatizou que não somos dignos de nos chamar homens e mulheres se não considerarmos os outros como nossos irmãos e irmãs. Foi dito pelo profeta Isaías: Deus não ouvirá tua oração a menos que tenhas te convertido, a menos que vivas a justiça, a menos que vivas a misericórdia. Portanto, esta oração que vivemos, a vivemos pela paz, mas o sentido desta oração é sobretudo que nos convertamos a nós mesmos, para viver a fidelidade a Deus e para viver a fraternidade e a misericórdia para com todos, com humildade, com coragem, com criatividade, para dizer ao Senhor: agora confio tudo em tuas mãos.

 

Fonte: Vatican News