Economia

Dólar cai mais de 1%, a R$ 5,466, após duas altas seguidas; Bolsa sobe





O dólar fechou a quarta-feira (19) em forte queda de 1,7%, cotado a R$ 5,466 na venda, depois de emendar duas altas consecutivas. É o menor valor alcançado em mais de dois meses, desde 12 de novembro de 2021, quando a moeda americana terminou o dia valendo R$ 5,457.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), subiu 1,26% na sessão, chegando aos 108.013,47 pontos — maior patamar em mais de um mês, desde 16 de dezembro (108.326,33 pontos).

O desempenho de hoje amplia as perdas no ano do dólar, que agora acumula queda de 1,97% nos primeiros dias de 2022. Já o Ibovespa registra alta de 3,04% em janeiro, depois de despencar quase 12% em 2021.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Queda generalizada

A desvalorização do dólar na sessão foi global, e vem depois de, na véspera, a moeda ter sido impulsionada pela alta nos rendimentos dos títulos soberanos dos Estados Unidos. Esse movimento refletiu apostas crescentes de investidores de que a inflação forçará o Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) a aumentar os juros — hoje próximos a zero — já a partir de março.

Juros mais altos nos EUA aumentam a rentabilidade dos títulos americanos, considerados investimentos muito seguros. Na prática, esse cenário tende a reduzir a atratividade de ativos mais arriscados, como o real e outras moedas de países emergentes, o que leva a uma valorização global do dólar.

Mas estrategistas do Citi disseram em relatório que enxergam um "ambiente global que não está totalmente acomodado" com a alta recente nos rendimentos dos EUA, com os mercados "calibrando para baixo uma posição comprada em dólar originalmente muito expressiva".

Risco fiscal no radar

Apesar da queda do dólar, investidores seguiram atentos ao ambiente doméstico — com destaque para reivindicações de servidores públicos, que ontem promoveram paralisações e manifestações em Brasília como forma de pressionar o governo de Jair Bolsonaro (PL) a liberar reajustes salariais de até 28%.

Mas, segundo analistas da Genial Investimentos, "não existem recursos no Orçamento para a concessão de aumento generalizado dos salários do funcionalismo sem que o teto do gasto seja novamente desrespeitado". Ontem, em nota matinal, especialistas da XP já haviam dito que o cenário "é o risco fiscal mais importante no curto prazo" para o Brasil, o que preocupa o mercado financeiro.

Este [pressão de servidores por reajustes] é o primeiro teste importante quanto à disposição do governo de manter o processo de consolidação fiscal em 2022, que será fundamental para reconquistar a credibilidade do regime fiscal.Analistas da Genial Investimentos, em nota

Fonte: UOL com Reuters