Política

Lula tentará desconstruir Moro e reassociá-lo a Bolsonaro





Campanha do petista buscará mostrar Lula como alvo de processos anulados pelo STF que beneficiaram Bolsonaro

A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022 buscará ligar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) à imagem de um juiz reconhecido como parcial e reassociá-lo ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo apurou o Poder360, a ideia do petista é bater mais do que se defender. Sabe que mensalão, Lava Jato e outros escândalos associados ao partido nas últimas décadas serão amplamente usados por seus adversários na campanha eleitoral. Por isso, o petista tentará mostrar que Moro ajudou a torná-lo inelegível em 2018 e, posteriormente, foi beneficiado por Bolsonaro com o cargo de ministro da Justiça. Lula era o candidato mais bem colocadonas últimas eleições.

A campanha também vai focar em duas decisões do STF: a que considerou Moro parcial nos processos movidos contra o ex-presidente e a que anulou as condenações do petista na Lava Jato por considerar Curitiba incompetente para processar e julgar Lula.

Como as campanhas de Bolsonaro e Moro devem focar em supostos casos de corrupção envolvendo Lula, o petista argumentará que não tem condenações e que foi retirado das eleições a partir de um processo injusto.

A estratégia também é reassociar Moro a Bolsonaro, argumentando que o atual presidente só foi eleito em 2018 porque as decisões de Moro ajudaram a tirar o petista da disputa.

Por fim, deve focar em acusações de que Bolsonaro aparelhou instituições como a Polícia Federal e tentou impedir investigações contra si e seus filhos, tudo isso com a suposta ajuda de Moro.

PESSOAS DE CONFIANÇA

Quem melhor conhece os processos contra Lula são seus advogados Cristiano Zanin e Valeska Martins. Por isso, devem ser o mais consultados para traçar uma estratégia contra eventuais acusações de corrupção.

O deputado Paulo Teixeira (PT) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), também devem ajudar o ex-presidente a reagir às investidas dos adversários.

 

- "Não terei problema algum", diz Lula sobre eventual chapa com Alckmin

Ex-presidente faz novo aceno a ex-tucano, cotado para ser vice em sua chapa nas eleições deste ano

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista coletiva, apenas para ‘veículos independentes’, nesta quarta-feira (19/1), em São Paulo, que não vê “problema algum” em formar chapa com Geraldo Alckmin (sem partido) para ‘ganhar e governar esse país’. Após a possível aliança sofrer uma enxurrada de críticas de integrantes do PT e outros atores da esquerda, o ex-tucano recebeu um afago de seu rival no passado.

“Não terei problema algum em fazer chapa com o Alckmin para ganhar e governar esse país. Só não posso confirmar porque falta definir para qual partido ele vai, ver se o partido vai fazer aliança com o PT”, disse.

Lula afirmou ainda que o ex-governador de São Paulo definiu o atual chefe do Bandeirantes, João Doria — de quem Alckmin foi colega no PSDB — e o presidente Jair Bolsonaro (PL) como alvos de sua oposição.

“Espero que Alckmin esteja junto, sendo vice ou não. Me parece que ele já se definiu como oposição não só a Bolsonaro como ao Doria aqui em São Paulo. O PSDB do Doria não é o projeto social-democrata do Mario Covas, do José Serra, criado no período da Constituinte. Na hora que tiver de acontecer, terei um imenso prazer de marcar outra coletiva. Se for Alckmin, que seja, como foi com o José Alencar”, afirmou Lula

Apesar de já ter feito reuniões para debater o futuro do país, como a realizada nessa terça-feira (18) com os ex-ministros da Saúde dos governos petistas, com foco no combate à pandemia, Lula afirma que ainda não definiu sobre sua candidatura. Entretanto, o clima e movimentação nos bastidores do partido indicam que o petista será, sim, candidato.

Durante a coletiva de hoje, Lula também fez duras críticas ao atual governo e disse não ter previsto o Brasil enfrentando um “retrocesso”.

“Eu não imaginava que iríamos ter um retrocesso como estamos tendo agora. Eu não imaginava que um país que foi capaz de realizar as Diretas Já, um país que alcançou a sexta maior economia do mundo. Eu não imaginava que pudéssemos retroceder tanto [...] Falar que vai fazer uma consulta sobre vacinação em criança é uma das coisas mais absurdas neste país. Ainda mais em um país que já foi respeitado no mundo pela cultura de vacinação, abolindo várias doenças que agora começam a voltar”, ressaltou Lula.

 

Confira outras notícias 

- AGU pede ao STF que rejeite ação contra Fundão Eleitoral

A AGU (Advocacia Geral da União) se manifestou nesta 4ª feira (19.jan.2021) contra a ação que questiona o Fundão Eleitoral para 2022. O parecer foi enviado ao ministro André Mendonça, que na semana passada cobrou informações à Presidência e ao Congresso sobre os valores que devem bancar as eleições deste ano.

Como mostrou o Poder360, a discussão sobre o Fundão Eleitoral é uma das prioridades de Mendonça em seus primeiros dias de trabalho na Corte. O ministro deverá levar o caso ao plenário já em fevereiro e o presidente do STF, ministro Luiz Fux, deverá inclui-lo na pauta rapidamente.

Por se tratar de um tema eleitoral, o caso é visto como prioritário no Supremo.

No parecer à Corte, a AGU afirma que a elaboração do orçamento é um “processo complexo” que conta com participação do Executivo e do Legislativo. No caso do Fundão Eleitoral, o governo diz que “o devido processo legislativo constitucional foi observado”.

O Presidente da República enviou a proposta da lei de diretrizes orçamentárias de 2022 ao Congresso Nacional, o qual deliberou e aprovou o projeto, com as modificações introduzidas pelas emendas aprovadas”, afirmou a AGU. “O fato de a iniciativa ser do Presidente da República não cria, é evidente, uma limitação absoluta ao Parlamento. Muito pelo contrário. Será nesse diálogo que se cumprirá o desiderato constitucional de um orçamento legitimado pela participação da sociedade, devidamente representada”.

O Fundão Eleitoral foi inicialmente aprovado pelo Congresso com reserva de R$ 5,7 bilhões para as eleições deste ano. O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou a proposta, mas o Legislativo derrubou o veto. Em dezembro, o relator do orçamento, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), fixou o valor de R$ 4,9 bilhões para bancar as eleições.

A AGU também encaminhou ao Supremo um parecer da subchefia para assuntos jurídicos da Presidência da República, que também defendeu o trâmite da proposta do Fundão Eleitoral.

Cumpre salientar que a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias observou o regular trâmite constitucional e foi resultado de atuação constitucional do Poder Executivo e do Legislativo, órgãos responsáveis para tratar de matérias como orçamento e finanças públicas, despesas públicas e responsabilidade fiscal”, afirmou a Presidência.

A ação contra o Fundão Eleitoral é de autoria do Partido Novo, que pede a anulação de trecho do PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) que R$ 5,7 bilhões para o Fundão Eleitoral de 2022.

O partido afirma que o valor do repasse é inconstitucional e que ocorreu desvio de finalidade na utilização de recursos públicos.

Inicialmente, Bolsonaro vetou o Fundão de R$ 5,7 bilhões, mas o Congresso derrubou o veto presidencial. Em dezembro, o relator do orçamento, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), fixou o valor de R$ 4,9 bilhões para bancar as eleições.

Apesar do veto, o governo estuda retomar o Fundão para R$ 5,7 bilhões, mas ainda não há consenso sobre a mudança.

Fonte: Correio Braziliense - Poder360