Cotidiano

Brasil tem primeira morte confirmada pela variante ômicron do coronavírus





Hoje o Brasil registrou a primeira morte causada pela variante ômicron da covid-19. O óbito foi confirmado pela secretaria municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, em Goiás.

A vítima era um homem de 68 anos que estava internado e era portador de doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial. Ele estava vacinado com as duas doses do imunizante contra a covid-19 e a dose de reforço.

O homem tinha tido contato com uma pessoa que havia testado positivo para a doença e cuja infecção pela variante já havia sido confirmada.

O secretário de Saúde da cidade, Alessandro Magalhães, reforçou a necessidade de vacinação acompanhada do uso da máscara, da correta higiene das mãos e do distanciamento social sempre que possível: "Nós perdemos um paciente vacinado, mas que tinha problemas crônicos de saúde, que são importantes fatores de risco da covid-19. Infelizmente, ele não resistiu. Uma vida perdida em meio a milhares salvas pela imunização".

Ele também disse que o programa de vigilância genômica do município detectou a disseminação da variante ômicron, apesar de a delta ainda ser predominante. "Na semana epidemiológica 48, de 2021, a prevalência da variante delta era 100%. Já na semana 52, última do ano, alcançamos 93,5%", explicou.

Ômicron já é dominante no Brasil

Levantamento da plataforma Our World in Data mostra que nova variante do coronavírus já é responsável por mais da metade das infecções no país e que casos explodiram em duas semanas.

A variante ômicron do coronavírus já é dominante no Brasil, sendo responsável por 58,33% dos casos de covid-19 sequenciados no país, segundo levantamento da plataforma online Our World in Data.

Vinculada à Universidade de Oxford, a Our World in Data é considerada uma referência na publicação de dados sobre a pandemia. Os dados correspondem à parcela da ômicron em todas as sequências analisadas nas duas semanas anteriores ao dia 27 de dezembro.

Em 13 de dezembro, a ômicron era responsável por apenas 2,85% dos casos de covid-19 sequenciados nas duas semanas anteriores, segundo os dados da Our World in Data, que indicam alta transmissibilidade da nova cepa.

Até esta quarta, o governo federal brasileiros registrava 170 casos confirmados da nova variante e outros 118 em investigação, mas estimava que a cepa já respondesse por cerca de um terço das infecções no país.

A variante foi detectada inicialmente em Botsuana e na África do Sul e reportada à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 24 de novembro. Desde então, vem se espalhando a um ritmo vertiginoso. Em sua última contagem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que 128 países já confirmaram casos da ômicron.

A cepa já se tornou dominante na África do Sul, no Reino Unido, na França e nos EUA, entre outros países. Na Alemanha, a ômicron provavelmente se tornará dominante em questão de dias, declarou um porta-voz do Ministério da Saúde nesta quarta-feira.

 

- Dados sobre Covid-19 não são atualizados há um mês devido a apagão na Saúde

 

Últimos boletins foram feitos com informações inseridas até 6 de dezembro quando não havia Ômicron circulando no país; pesquisadores dizem estarem às cegas

 

Um dos principais boletins de monitoramento e vigilância no combate à pandemia da Covid-19 no país, o InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), está há um mês sem poder ser feito em consequência do apagão no sistema do Ministério da Saúde.

A última atualização do boletim foi feita com base nos dados inseridos até o dia 6 de dezembro de 2021. De lá para cá, os pesquisadores afiram estarem às cegas.

O problema também afeta o MonitoraCovid, da Fiocruz. O boletim, aberto ao público, ajuda a mostrar o panorama de casos de Covid-19 no país. Esses dados são fundamentais para ajudar a orientar governadores e prefeitos e demais gestores a criarem estratégias e medidas eficazes para conter o avanço do vírus.

O último cenário apontava como estavam os casos de coronavírus no Brasil no fim de novembro de 2021, quando ainda não tínhamos a Ômicron circulando por aqui. Até o momento, sem as informações atualizadas, não é possível observar a dinâmica desta nova variante no país.

O boletim do Observatório Covid-19, também da Fiocruz, é mais um impactado, pois se vale das informações geradas pelo Ministério da Saúde, para orientar e disseminar informações da pandemia baseadas em dados.

A Rede Vigilância Genômica também está afetada, já que o cálculo de amostras semanais de cada estado depende dos dados atualizados do SIVEP-Gripe para ser realizado adequadamente. Este, até hoje, está se baseando no cenário do fim de novembro.

À CNN, o Ministério da Saúde alegou, em nota, que as plataformas e-SUS Notifica, Sivep-Gripe, SI-PNI e Conecte SUS foram restabelecidas, possibilitando a inclusão de dados por estados e municípios. Porém, informa que “alguns dos dados lançados podem ainda não constar nas interfaces dos sistemas”, sem dar detalhes das razões deste problema.

Pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Raphael Guimarães lamenta os prejuízos da falta de dados em um momento crucial da pandemia. Para ele, quando não se dispõe da informação adequada e oportuna, “perde-se duas vezes”.

“Em primeiro lugar, porque a produção de estatísticas públicas é o que legitima um país a compreender seus reais problemas sob diversas dimensões, o que dá o tom do tipo de bem-estar social, estratégia econômica e priorização de questões políticas. Perde-se, no limite, a soberania nacional. Em segundo lugar, ao ignorar a situação real do momento, o gestor público enfrenta o dilema de tomar decisões absolutamente cego, entrando numa zona cinza em que prevalece a especulação sobre a robustez de análises de dados”, ressaltou.

Guimarães apontou ainda que este nível de incerteza é o maior desafio que se coloca, destacando que investe-se tempo e recursos “sem qualquer garantia de retorno para a redução das iniquidades e combate aos problemas sociais, agudos e crônicos”.

O coordenador do InfoGripe da Fiocruz, o pesquisador Marcelo Gomes, explica que a inserção dos dados foi, de fato, restabelecida como informou o MS, porém, o problema está no acesso a eles. Ou seja, no repasse dessas informações por parte do Ministério da Saúde para os pesquisadores e, consequentemente, para a realização dos estudos.

“Por isso que até hoje estamos sem receber repasse do Ministério da Saúde para atualizar o InfoGripe, que depende dos dados do SIVEP-Gripe que o Ministério da Saúde nos enviava semanalmente, e o próprio site do open datasus segue fora do ar”, disse ele, que explicou que “todo e qualquer sistema de análise que dependa dos dados do e-SUS Notifica (casos leves e positividade dos testes, por ex.), SI-PNI (acompanhamento da vacinação), do Sivep-Gripe (internações e óbitos por infecções respiratórias), e do SIM (mortes por todas as causas) que dependem do repasse desses dados pelo ministério ou da publicação desses dados no opendatasus estão comprometidos desde então”.

Em contato diário com membros do Ministério da Saúde, os pesquisadores da Fiocruz informaram que não ainda não há perspectivas para que a situação se normalize e os boletins e informes técnicos possam ser divulgados novamente. Segundo eles, esta pane no sistema por tanto tempo, como ocorre agora, é algo sem precedentes.

 

Fonte: UOL com informações da Deutsche Welle - CNN Brasil