Cotidiano

Brasil tem dívida de quase US$ 300 milhões com a ONU





O Brasil assume cadeira não permanente no Conselho de Segurança nesta 3ª feira (4.jan.2022) com dívida de cerca de US$ 293 milhões com a ONU (Organização das Nações Unidas). A situação pode causar constrangimento ao país e a seu governo. A rigor, os endividados devem quitar pelo menos ⅓ do total até a virada do ano para não perderem direito de voto na Assembleia Geral.

Em agosto de 2021, o Itamaraty informou ao Poder360 que o endividamento brasileiro era de US$ 361,8 milhões. O Brasil teria de pagar pelo menos US$ 120,6 milhões até 31 de dezembro. Portaria 14.951 do Ministério da Economia publicada em 21 de dezembro liberou US$ 68,8 milhões –menos do ⅓ necessário.

Os valores em dólares foram convertidos com base na taxa de câmbio vigente no dia de acesso à informação.

O endividamento do Brasil com organismos internacionais é recorrente há décadas. O embaraço surge quando o país assume posições de relevância. É o caso do Conselho de Segurança da ONU. O país, porém, não correrá risco de ser impedido de assumir pela 11ª vez um assento não permanente.

Essa dívida está relacionada ao aporte ao orçamento regular da ONU e ao custeio das operações de paz e estabilização. A maior parte do total (72%) corresponde ao atraso desde 2018 no pagamento das missões.

O Brasil atualmente participa de 7 delas: Abyei (região separatista do Sudão), Chipre, Líbano, República Centro-Africana, RDC (República Democrática do Congo), Saara Ocidental e Sudão. Detém o comando na RDC.

De acordo com a ONU, 152 dos 193 países membros da organização pagaram suas contribuições totais no 1º trimestre de 2021. O Brasil está entre os 41 no vermelho.

Neste biênio no Conselho de Segurança, o Brasil não atuará em coordenação com a Argentina. A parceria tornou-se praxe nos anos 2000 quando um dos países entrava no órgão máximo de decisão da ONU. O atrito entre a gestão de Bolsonaro e o governo do argentino Alberto Fernández impede a parceria testada em 4 oportunidades.

Não há clareza sobre como o Brasil pode se posicionar sobre temas que já estão na agenda do Conselho de Segurança em janeiro. Entre eles, as situações da Síria e da Líbia, as crises humanitárias no Afeganistão e no Haiti e os conflitos em curso no Iêmen e na Etiópia. Tampouco há como prever a posição do país no debate a ser convocado pela presidência do Conselho, em mãos da Noruega, sobre a violência contra mulheres durante processos de paz.

Menos clareza há sobre conflitos latentes no mundo, que em algum momento deste ano podem chegar ao Conselho de Segurança. Um deles diz respeito à exibição de forças militares da China e dos Estados Unidos em torno de Taiwan. Pequim reivindica a soberania sobre a ilha, cujo governo alerta para o risco de invasão.

O outro conflito potencial pode se dar em terreno ucraniano. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, mantém 100.000 militares a postos na fronteira com a Ucrânia, país ao qual subtraiu a Crimeia em 2014. Putin demonstra aversão ao avanço da Otan (Organização do Tratado no Atlântico Norte) em direção às repúblicas do leste europeu e ao atraso da Ucrânia em tornar autônomas 2 regiões do vale do rio Don.

Os 3 países são membros permanentes, com direito de veto a qualquer resolução. Os Estados Unidos são historicamente o país de origem da maior parte dos investimentos injetados e negócios no Brasil. A China superou os EUA e tornou-se o maior parceiro comercial do país. A Rússia será alvo de visita do presidente Jair Bolsonaro entre fevereiro e março, cujo objetivo principal será a abertura de exportações de produtos brasileiros.

 

Fonte: Poder360