Cultura

Papa: no Ano Novo peçamos a proteção de Maria





Em sua primeira oração mariana do novo Ano, o Santo Padre apresenta o “gesto de Nossa Senhora que nos oferece seu Filho recém-nascido. Esta é a maternidade de Maria: o Filho que nasceu, ela nos oferece a todos nós"

Fonte: Vatican News

Na manhã deste sábado, primeiro dia do Ano 2022, o Santo Padre rezou a Oração do Angelus, com os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Em sua alocução mariana, o Papa confiou o Ano Novo a Maria, Mãe de Deus, sobre a qual fala o Evangelho da liturgia de hoje, que nos repropõe, novamente, o encanto do presépio. Os pastores vão, sem demora, à gruta, mas o que lá encontram? “Encontram Maria, José e o Menino, deitado numa manjedoura”. Aqui, o Papa explicou:

Detenhamo-nos nesta cena e imaginemos Maria que, como mãe amorosa e carinhosa, deita Jesus em uma manjedoura. Este seu gesto representa, para nós, um presente: Nossa Senhora não quer seu Filho só para si, mas o oferece também a nós; ela não o aperta apenas em seus braços, mas o depõe no presépio e nos convida a contemplá-lo, acolhê-lo e adorá-lo. Eis o gesto materno de Maria: oferecer seu Filho recém-nascido para todos nós”.

Menino-Deus conosco!

Maria, disse o Papa, coloca o Menino diante dos nossos olhos e, sem dizer uma só palavra, nos transmite uma mensagem maravilhosa: “Deus está próximo de nós, ao nosso alcance! Ele não vem com o poder de quem causa temor, mas com a fragilidade de quem pede para ser amado; não nos julga do alto de um trono, mas nos olha, a partir de baixo, como um irmão, ou melhor, como um filho”. Por isso, Francisco disse:

“Jesus nasce pequenino e necessitado para que ninguém tenha vergonha de si mesmo: quando experimentamos nossa fraqueza e fragilidade, sentimos que Deus está bem mais perto de nós, porque assim se apresentou a nós: fraco e frágil. O Deus-Menino veio, não para excluir ninguém, mas para nos tornar todos irmãos e irmãs”

Ano Novo começa com Deus

Em suas reflexões, Francisco recordou que o “Ano Novo começa com Deus, nos braços da Mãe e deitado numa manjedoura, que nos encoraja com ternura. Quem não precisa de encorajamento, sobretudo nestes tempos incertos e difíceis por causa da pandemia! De fato, muitos temem o futuro e são oprimidos por situações sociais, problemas pessoais, perigos da crise ecológica, injustiças e desequilíbrios econômicos globais”.

Depois, lembrando da imagem de “Maria com seu Filho nos braços”, o Papa dirigiu seu pensamento “às jovens mães e seus filhos, que fogem das guerras e da escassez ou estão à espera em campos de refugiados:

“Contemplando Maria, que depõe Jesus na manjedoura, à disposição de todos, lembremos que o mundo muda e a vida de todos só pode melhorar se nos colocarmos à disposição dos outros, sem esperar que eles venham ao nosso encontro. Somente se nos tornarmos artesãos da fraternidade, poderemos recompor um mundo dilacerado por guerras e violências”

Dia Mundial da Paz

A seguir, falando sobre o “Dia Mundial da Paz”, que se celebra neste início de ano, o Santo Padre citou uma frase da sua Mensagem para esta ocasião: “A paz é uma dádiva do alto e fruto de um empenho compartilhado”:

“Esta dádiva, que vem do alto, deve ser implorada a Jesus, porque não a podemos manter sozinhos. A paz só pode ser construída se reinar em nossos corações e se a recebermos do Príncipe da Paz”. Mas, é também um nosso compromisso, que exige um primeiro passo e gestos concretos; pode ser edificada com a nossa atenção aos últimos, com a promoção da justiça e a coragem do perdão, que apaga o fogo do ódio”

Por fim, Francisco disse que devemos ter também “uma visão positiva da paz”; olhar sempre, tanto na Igreja como na sociedade, não ao mal que nos divide, mas ao bem que nos pode unir! E recomendou: “Não devemos desanimar ou reclamar, mas arregaçar as mangas para construir a paz. Que a Mãe de Deus, Rainha da Paz, nos obtenha, no início deste ano, paz aos nossos corações e ao mundo inteiro”.

 

Confira outras notícias 

- Unicef: total falta de respeito pelos direitos das crianças

“Todos os dias são violados os direitos dos menores, em territórios devastados pelas guerras e violências”: é a denúncia do Unicef em uma nota divulgada nesta sexta-feira (31/12). Entre os países e regiões, que apresentam maior número de vítimas, estão o Afeganistão, Oriente Médio e África do Norte, com frequentes ataques a escolas e hospitais. Em relação às crianças inocentes há também inúmeros sequestros, abusos, recrutamento forçado e o grave perigo de resíduos bélicos

Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

Segundo o relatório do Unicef, em 2021, houve uma onda de violações graves contra crianças, tanto em conflitos antigos como novos: “Do Afeganistão ao Iêmen, da Síria ao norte da Etiópia milhares de crianças pagaram um alto preço pelos contínuos conflitos armados, violência intercomunitária e insegurança”.

Relatório do Unicef

Em 2020, verificaram-se 26.425 violações graves contra menores. No início de 2021, segundo os poucos dados disponíveis, houve uma leve diminuição no número total de violações graves, mas os casos de sequestro e agressão sexual aumentaram de modo alarmante: mais de 50%. O maior número de sequestros de crianças coube à Somália, seguida pela República Democrática do Congo (RDC) e os países da bacia do Chade, Nigéria, Camarões e Níger. Os casos de violência sexual foram mais elevados na RDC, Somália e República Centro-Africana.

Desrespeito dos direitos da infância

Segundo a Diretora Geral do Unicef, Henrietta Fore, “ano após ano, as partes beligerantes continuam a demonstrar uma terrível falta de respeito pelos direitos e o bem-estar das crianças; crianças sofrem e morrem por causa desta insensibilidade. Por isso, devemos fazer todo esforço protege-las dos perigos".

Ampliando nosso olhar para um longo período, o Afeganistão é o país com o maior número de crianças vítimas, desde 2005, mais de 27% de todas as crianças vítimas no mundo. Por sua vez, o Oriente Médio e o Norte da África apresentam um maior número de ataques a escolas e hospitais, dos quais 22 no primeiro semestre de 2021.

Armas explosivas e resíduos bélicos

Em outubro de 2021, recorda o Unicef, 10.000 crianças foram assassinadas ou mutiladas no Iêmen, devido ao aumento dos combates desde 2015, ou seja, quatro crianças por dia.

O Fundo da ONU denunciou violações em países como Burkina Faso, Camarões, Colômbia, Líbia, Moçambique e Filipinas, sobre os quais a mídia não informa. O último exemplo do devastador conflito, que envolve as crianças e ameaça os agentes humanitários", ocorreu, recentemente, ao serem encontradas 4 crianças entre as 35 pessoas mortas, inclusive dois funcionários de “Save the Children”, no estado de Kayah, ao leste de Mianmar.

O uso de armas explosivas, sobretudo em áreas povoadas, segundo o Unicef, é uma ameaça crescente para as crianças e suas famílias. Em 2020, armas explosivas e resíduos bélicos foram responsáveis ​​por quase 50% de todas as mortes de crianças: cerca de 4 mil crianças foram assassinadas e mutiladas.

Apelo às partes em conflito

As crianças também são vítimas de numerosas e graves violações dos seus direitos. Em 2020, 37% dos sequestros, verificados pela ONU, causaram o recrutamento e uso de crianças-soldados na guerra, 50% das quais na Somália, RDC e República Centro-Africana.

Diante deste quadro dramático, o Unicef faz um apelo a todas as partes no conflito para “se comprometer com programas de ação formais e tomar medidas concretas para a proteção das crianças: prevenção das graves violações, libertação de crianças de forças e grupos armados, proteção das crianças contra as violências sexuais e fim de ataques a hospitais e escolas”. Apenas 37 destes programas de ação foram assinados pelas partes em conflito, desde 2005.

Por fim, a Diretora do Unicef faz seu premente apelo para que, “ao término de 2021, todas as partes em conflito coloquem ponto final nos ataques contra as crianças, defendam seus direitos e trabalhem por soluções políticas pacíficas das guerras”.

 

- Agradecimento do Papa à Comunidade de Santo Egídio

Depois da oração do Angelus neste primeiro dia do ano, o Papa saudou a Comunidade de Santo Egídio presente hoje na Praça São Pedro para o 55º Dia Mundial da Paz

Vatican News

"Obrigado por sua presença e por seu compromisso!". Com estas palavras, pronunciadas da janela do Palácio Apostólico, no final da oração do Angelus, o Papa Francisco saudou os participantes do evento "Paz em todas as terras", organizado pela Comunidade de Santo Egídio em Roma e em muitas partes do mundo, em colaboração com as dioceses e paróquias. "Estas pessoas da Comunidade de Santo Egídio são boas, são muito boas!", disse o Pontífice na ocasião.

A Comunidade de Santo Egídio esteve presente hoje na Praça de São Pedro para lançar uma mensagem de paz que atravesse todas as terras do mundo que "aguardam o fim da guerra e do terrorismo, para a unidade, na paz, da família humana". Uma mensagem, em conjunto com a oração do Papa no Angelus, por ocasião do 55º Dia Mundial da Paz dedicado este ano ao "Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para a construção de uma paz duradoura".