Cultura

Papa aos funcionários do Vaticano: Deus nasce onde o amor se torna concreto





O Papa Francisco recebeu os funcionários do Vaticano e seus familiares para o tradicional encontro para as felicitações natalinas. Na ocasião falou da Família Sagrada, recordando a importância de pedir a intercessão de São José “por ser o guardião de Jesus e da Virgem Maria. E o padroeiro da Igreja”

Jane Nogara - Vatican News

Nesta quinta-feira (23/12) o Papa Francisco recebeu os funcionários do Vaticano e seus familiares para o tradicional encontro para as felicitações natalinas. Francisco iniciou falando sobre o amor que nasce com Jesus desejando que neste Natal Jesus possa nascer no coração de todos e sobretudo nas famílias e perguntou-se:

“E como nasce Jesus? No amor. Um famoso canto sacro também diz: ‘Onde há caridade e amor, há Deus’. Deus nasce ali, nasce onde o amor se torna concreto, se torna proximidade, se torna ternura, se torna compaixão. Ali está Deus”

Neste ponto o Papa Francisco se deteu para reiterar a importância dos avós e idosos na nossa vida. E recomenda que os idosos, os avós não sejam esquecidos nestas festividades, convidando a visitá-los com as precauções necessárias ou mesmo dar um simples telefonema.  

"Não esqueçamos - disse o Papa - que o que semeamos os nossos filhos semearão para nós. Por favor, não negligenciem os avós, não negligenciem os idosos: eles são sábios. E muitas vezes eu posso dizer: 'Sim, mas ele tornou minha vida impossível...": mas, perdoe. Esqueça, pois Deus lhe perdoará. Mas não se esqueça dos idosos, porque esta cultura do descarte os deixa sempre de lado. Desculpe-me, mas é importante para mim falar sobre avós, e gostaria que todos nós seguíssemos este caminho".

Em seguida o Papa desejou a serenidade do Natal a todos, “principalmente os que passam por um período difícil” e recordou particularmente dos adolescentes e das crianças, que sofrem com o isolamento e o ensino a distância.

Intercessão de São José

Ao falar sobre o trabalho recordou que “tentamos garantir o emprego; nos comprometemos a não deixar ninguém desempregado; nos comprometemos a não deixar ninguém sem emprego”, apesar das dificuldades e fechamentos, encorajando:

“Peçamos a intercessão de São José: ele é ‘competente’ no campo de trabalho! Mas não só. Na verdade, ele é antes de tudo o guardião de Jesus e da Virgem Maria. E, por isso, é também o padroeiro da Igreja”

Falando sobre São José, o Papa disse:

“Ele é um homem de poucas palavras - nunca fala no Evangelho - de poucas palavras, mas de muitos atos. Um homem que escuta a vontade de Deus e a põe em prática, sem hesitar”

E recorda que “Deus revelava suas vontades a José durante o sono. Durante o sono, enquanto ele dormia”. Fatos que são narrados nos Evangelhos, e falou das quatro vezes que ocorreram:

“A primeira, quando deve tomar Maria como esposa; a segunda, quando Herodes ameaça a vida de Jesus e tem que fugir para o Egito; a terceira, quando é tempo de voltar para sua pátria; e a quarta, quando deve se estabelecer em Nazaré. O Senhor deu todas essas ‘instruções’ a José em um sonho através de um anjo”.  Esclarecendo que não eram alucinações, mas a “manifestação da Providência de Deus”.

Providência

Ao falar sobre Providência, o Papa disse aos funcionários do Vaticano e suas famílias: "como nos ensina a história da Família Sagrada, a família é o lugar privilegiado onde experimentamos a Providência de Deus”. E concluiu:

“Portanto, quero desejar-lhes também, a cada uma de suas famílias, precisamente o seguinte: experimentar a mão paterna de Deus que guia os nossos passos em seus caminhos, para o bem dos cônjuges, para o bem dos filhos, para o bem de toda a família”

Advertindo por fim:

“Os planos de Deus nem sempre são claros; muitas vezes levam tempo para se manifestarem, exigem paciência; acima de tudo exigem fé, muita confiança de que Deus quer somente e sempre o bem, o maior bem para nós e para nossos entes queridos. E assim devemos fazer como São José: abandonar-nos a Deus - isto significa o sono - para receber suas mensagens”.

 

 

- Papa: A humildade é o caminho para a conversão sinodal da Cúria

“A Cúria não é apenas um instrumento logístico e burocrático para as necessidades da Igreja universal, mas é o primeiro organismo chamado a dar testemunho; e por isso mesmo, na medida em que assume pessoalmente os desafios da conversão sinodal a que é chamada também ela, cresce a sua credibilidade e eficácia. A organização que devemos implementar não é de tipo empresarial, mas evangélico”, disse o Papa aos membros da Cúria Romana.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Humildade: esta foi a palavra preponderante do discurso do Papa Francisco ao se reunir com os membros da Cúria Romana para os votos de Feliz Natal.

As festas deste período, disse o Pontífice, são também um momento de reflexão e exame de consciência para cada um de nós, “a fim de que a luz do Verbo encarnado nos mostre cada vez melhor quem somos e qual é a nossa missão”.

Todos somos leprosos necessitados de cura

Para Francisco, humildade é a palavra que expressa todo o mistério do Natal, é o caminho através do qual Deus escolheu para Se manifestar. Para melhor exemplificar este conceito, o Papa citou o sírio Naaman. General no tempo do profeta Eliseu com fama e glória, por trás da armadura escondia a lepra. Para ser curado, o profeta lhe pediu uma única coisa, simplesmente banhar-se no rio Jordão.

“Grande lição!”, disse o Papa. “A história de Naaman lembra-nos que o Natal é o tempo em que cada um de nós deve ter a coragem de tirar a própria armadura, desfazer-se das importâncias do cargo, da consideração social, do brilho da glória deste mundo, e assumir a sua própria humildade.

“Despojados das nossas roupas, prerrogativas, funções, títulos, todos somos leprosos que precisam de ser curados. O Natal é a memória viva desta certeza.”

É a tentação perigosa do mundanismo espiritual, lembrou o Pontífice. É o risco da soberba, a antítese da humildade.

Em Jesus, a humildade indica uma meta

A humildade, ao invés, é a capacidade de saber habitar a nossa humanidade e se deixa guiar por dois verbos: recordar e gerar. Em outras palavrasraízes e ramos.

“O humilde aceita ser posto em questão, abre-se ao novo; e fá-lo porque se sente forte com aquilo que o precede, com as suas raízes, a sua filiação. O seu presente é habitado por um passado, que o abre para o futuro com esperança.”

Vindo ao mundo pela via da humildade, disse ainda o Papa, Jesus abre-nos um caminho, indica-nos um estilo de vida, mostra-nos uma meta. A este ponto, Francisco menciona o início do percurso sinodal.

“Também neste caso, só a humildade é capaz de nos colocar na justa condição para nos podermos encontrar e ouvir, para dialogar e discernir.” Deus fala a todos, não apenas a alguns.

Conversão sinodal

Para o Papa, a sinodalidade é um estilo ao qual os primeiros a se converter devemos ser quem presta serviço no Vaticano:

“A Cúria não é apenas um instrumento logístico e burocrático para as necessidades da Igreja universal, mas é o primeiro organismo chamado a dar testemunho; e por isso mesmo, na medida em que assume pessoalmente os desafios da conversão sinodal a que é chamada também ela, cresce a sua credibilidade e eficácia. A organização que devemos implementar não é de tipo empresarial, mas evangélico.”

Assim, se a Palavra de Deus recorda ao mundo inteiro o valor da pobreza, os membros da Cúria devem ser os primeiros a comprometer-nos numa conversão à sobriedade.

Se o Evangelho anuncia a justiça, os mesmos devem ser os primeiros a procurar viver com transparência, sem favoritismos nem partidarismos. E isto só é possível pelo caminho da humildade.

Paixão pelos pobres

O estilo da humildade foi expresso pelo Pontífice nas três palavras-chave preferidas durante a abertura da assembleia sinodal: participação, comunhão e missão. Falando de modo especial sobre a missão, Francisco recorda que esta é a salvação para o fechamento.

A missão inclui sempre a paixão pelos pobres. “A Igreja é convidada a ir ao encontro de todas as pobrezas, sendo chamada a pregar o Evangelho a todos, porque todos nós, duma forma ou doutra, somos pobres, somos carentes.”

Os votos do Papa, não somente para a Cúria, mas para si próprio, é deixar-se evangelizar pela humildade do Natal, do presépio, da pobreza e essencialidade em que o Filho de Deus entrou no mundo.

Até mesmo os Magos, quando se encontram diante do Menino, prostram-se. “Não é apenas um gesto de adoração; é um gesto de humildade.”

“Só servindo e só concebendo o nosso trabalho como serviço é que podemos ser verdadeiramente úteis a todos. Eis a lição do Natal: a humildade é a grande condição da fé, da vida espiritual, da santidade.”

 

- Desenvolvimento Humano, o Papa confia a Czerny, “ad interim”, gestão do dicastério

Aguardando a nomeação da nova direção, Francisco agradeceu ao cardeal Peter Turkson por seu trabalho nos primeiros cinco anos de atividade do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral

Vatican News

O Papa muda a estrutura do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, instituído em agosto de 2016, e operando desde janeiro de 2017, como "resultado da fusão de quatro Pontifícios Conselhos pré-existentes". Uma comunicação da Sala de Imprensa vaticana informa a decisão de Francisco "ao fim dos primeiros cinco anos de atividade com estatutos ad experimentum".

Após "os resultados da visita de avaliação" realizada no segundo semestre do ano passado, diz a nota diz, "os superiores do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral colocaram seu mandato nas mãos do Sumo Pontífice", que "agradece sinceramente" ao cardeal Peter K. Appiah Turkson e seus colaboradores pelo serviço realizado.

O comunicado conclui-se ressaltando que "enquanto se aguarda a nomeação da nova direção", o Papa confia "ad interim a gestão ordinária do mesmo Dicastério a partir de 1º de janeiro de 2022 ao cardeal Michael Czerny SJ como Prefeito e Irmã Alessandra Smerilli FMA como Secretária".

 

- O Papa: quebrar o espelho da vaidade e encontrar Deus na humildade

"Só a humildade é o caminho que nos conduz a Deus e, ao mesmo tempo, porque nos conduz a Ele, nos leva também ao essencial da vida, ao seu verdadeiro significado, à razão mais fiável pela qual vale a pena viver a vida. Só a humildade nos abre à experiência da verdade, da alegria genuína, do conhecimento que conta", disse Francisco na Audiência Geral.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"O nascimento de Jesus" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (22/12). Faltando poucos dias para o Natal, o Santo Padre recordou este "acontecimento do qual a história não pode prescindir".

"José e Maria desceram de Nazaré para Belém. Assim que chegaram, procuraram imediatamente uma hospedaria, porque o parto era iminente; mas infelizmente não a encontraram, e assim Maria foi obrigada a dar à luz numa manjedoura", disse Francisco. "Um anjo anunciou o nascimento de Jesus a simples pastores e foi uma estrela que mostrou aos Magos o caminho para Belém. O anjo é um mensageiro de Deus. A estrela nos recorda que Deus criou a luz e que aquele Menino será “a luz do mundo”. Os pastores personificam os pobres de Israel, pessoas humildes que interiormente vivem com a consciência da sua própria falta. Eles foram os primeiros a ver o Filho de Deus feito homem, e este encontro muda-os profundamente", frisou ainda o Papa.

Francisco recordou que "os Magos estão também em volta do Menino Jesus. Eles "representam os povos pagãos, em particular todos aqueles que ao longo dos séculos procuraram Deus e se propuseram encontrá-lo. Representam também os ricos e os poderosos, mas apenas aqueles que não são escravos da posse, que não estão “possuídos” pelas coisas que pensam possuir".

A humildade nos abre à experiência da verdade

A seguir, o Papa sublinhou que "a mensagem dos Evangelhos é clara: o nascimento de Jesus é um acontecimento universal que diz respeito a todos os homens".

Amados irmãos e amadas irmãs, só a humildade é o caminho que nos conduz a Deus e, ao mesmo tempo, porque nos conduz a Ele, leva-nos também ao essencial da vida, ao seu verdadeiro significado, à razão mais fiável pela qual vale a pena viver a vida. Só a humildade nos abre à experiência da verdade, da alegria genuína, do conhecimento que conta. Sem humildade, estamos “desligados” da compreensão de Deus e de nós mesmos. Os Magos podiam ter sido grandes de acordo com a lógica do mundo, mas tornam-se pequenos, humildes, e por esta mesma razão conseguem encontrar Jesus e reconhecê-lo. Aceitam a humildade de procurar, de partir, de perguntar, de arriscar, de cometer erros.

Pedir a Deus a graça da humildade 

Francisco convidou todos os homens e mulheres a irem à gruta de Belém para adorar o Filho de Deus feito homem. "Cada um de nós se aproxime do presépio montado em sua casa, na Igreja ou onde quer que esteja, e faça uma adoração interior: "Eu acredito que você é Deus, que este menino é Deus. Por favor, me dê a graça da humildade para poder compreender".

Segundo o Pontífice, quando nos aproximarmos do presépio para rezar devemos colocar os pobres e pedir a graça da humildade: "Senhor, que eu não me orgulhe, que eu não seja autossuficiente, que eu não acredite que eu sou o centro do universo. Faça-me humilde. Dê-me a graça da humildade. Sem humildade nunca encontraremos Deus: encontraremos a nós mesmos. Porque a pessoa que não tem humildade não tem horizontes diante de si, tem apenas um espelho: olha para si mesma. "

Quebrar o espelho da vaidade, da soberbia

Depois, o Papa recordou "todos aqueles que não têm uma inquietação religiosa, que não se colocam o problema de Deus, ou até lutam contra a religião, todos aqueles que são inadequadamente denominados ateus" e repetiu-lhes a mensagem do Concílio Vaticano II: «A Igreja defende que o reconhecimento de Deus de modo algum se opõe à dignidade do homem, uma vez que esta dignidade se funda e se realiza no próprio Deus [...] a Igreja sabe perfeitamente que a sua mensagem está de acordo com os desejos mais profundos do coração humano».

Por fim, o Francisco desejou a todos "um Feliz Natal, um Feliz e Santo Natal", e exortou a tomar consciência de que Deus vem para cada um de nós.

A consciência de que para buscar Deus, para encontrar Deus, para aceitar Deus, é preciso humildade: olhar com humildade a graça de quebrar o espelho da vaidade, da soberbia, de olhar para nós mesmos. Olhar para Jesus, olhar para o horizonte, olhar para Deus que vem até nós e toca o coração com aquela inquietação que nos leva à esperança. Feliz e santo Natal!

 

Fonte: Vatican News