Vatican News
Terá início com transmissão ao vivo da Sala de Imprensa da Santa Sé, nesta terça-feira, 21 de dezembro, às 11h30, hora de Roma, a Coletiva de apresentação à imprensa da Mensagem do Papa para o 55º Dia Mundial da Paz sobre o tema: "Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura". O Dia é celebrado em 1º de janeiro de cada ano, desde 1968, por desejo do Papa Paulo VI.
O texto de Francisco será apresentado pelo cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, pela irmã Alessandra Smerilli, secretária ad interim do mesmo Dicastério, junto com o subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados, padre Fabio Baggio. Também estará presente Aboubakar Soumahoro, presidente da Lega Braccianti e porta-voz de Invisíveis em Movimento.
Recordamos que no último dia 13 de novembro foi divulgado o título da Mensagem para 2022, que se estende por três contextos e caminhos sobre os quais refletir e agir hoje, a fim de construir uma paz duradoura. Francisco - como o Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral já tinha dado a conhecer num comunicado - propõe uma leitura inovadora que responde às necessidades dos tempos presente e futuro. O convite através deste tema é portanto - como o Papa já disse no seu discurso à Cúria Romana por ocasião das suas saudações de Natal de 21 de dezembro de 2019 - para "ler os sinais dos tempos com os olhos da fé, para que a direção desta mudança possa despertar novas e antigas questões com as quais é correto e necessário se confrontar”.
- Cristãos na Síria: "Ajudem-nos! Aqui não há futuro”
Vatican News
A região de Al-Giazira fica no norte da Síria, ao leste do Eufrates, na fronteira com a Turquia, e é amplamente controlada por forças curdas. Os vilarejos cristãos da região foram abandonados pelos fiéis, assírios em sua maioria. Nos 38 vilarejos habitados por cristãos, encontram-se muitas igrejas, e por causa da migração, apenas duas ainda estão ativas. Dos 21.000 ortodoxos assírios da região antes da guerra, hoje restam apenas 800.
Este êxodo em massa é explicado por um episódio ocorrido há quatro anos, quando 150 cristãos foram sequestrados por islamistas do Isis. Entre eles estava uma família caldeia de cinco pessoas. Os terroristas exigiram um resgate após 15 dias, mas como não chegaram a pagar, liberaram um vídeo da execução de três reféns. O mesmo vídeo mostrou três outros reféns, incluindo um membro da família caldeia, atrás dos três condenados à morte, como possíveis próximas vítimas. O refém caldeu foi convidado a ler uma mensagem dirigida aos líderes das Igrejas cristãs pedindo-lhes que pagassem o resgate. O pagamento foi feito, em troca da libertação de 146 dos 147 sobreviventes. Infelizmente, um membro da Isis reteve uma mulher que ele havia escolhido como esposa e com quem teve dois filhos. Quando o califado caiu, a mulher foi autorizada a sair, o que não pôde fazer por medo de ser morta por sua família de origem, apesar de ter sido detida à força pelo terrorista.
Depois disso, 80% dos assírios fugiram para o Líbano. Mas esse sequestro não foi o único episódio. "Era um negócio que rendia muito", afirma Dom Nidal Thomas: "Eles capturavam cristãos em Hassake e ficavam com o dinheiro do resgate". Na época, explica o padre, nenhuma das partes envolvidas e presentes na região podia proteger os cristãos, por isso muitos partiram e continuam a partir ainda hoje.
São muitas as partes em causa na região: Dom Thomas relata que alguns grupos cristãos se aliaram aos curdos, outros ao exército sírio. Isto torna complicada a permanência dos cristãos na área, pois eles podem sempre ser suspeitos de serem inimigos de um lado ou do outro. Como resultado, se a situação dos cristãos é difícil em toda a Síria, é ainda mais na região de Al-Giazira (a ilha, em árabe). Por esta razão, sete em cada dez optaram por partir, principalmente assírios.
Além disso, há o recrutamento militar organizado pelos curdos, explica o prelado, pois eles precisam de novos recrutas, especialmente os jovens. Para aqueles que permaneceram, por escolha ou pela força, nesta região onde a guerra não terminou, há uma outra complicação: a enorme dificuldade em receber dinheiro enviado por membros da família que vivem no exterior. Este dinheiro é indispensável, dada a falta de trabalho, a crise econômica e a inflação. Portanto, Dom Thomas implora o apoio de todas as pessoas de boa vontade: "Todos devem conhecer as condições em que vivemos", afirmou, "Aqui todos mal podem esperar para partir". Eles estão implorando a seus parentes refugiados no exterior para ajudá-los a fugir, porque aqui encontram dificuldades em todos os lugares, e não têm futuro", conclui o Vigário Patriarcal Caldeu para o Nordeste da Síria.
- Missa para os funcionários da comunicação: sintam o desejo de transmitir a verdade
Tiziana Campisi – Vatican News
"Comunicar, na profissão que vocês exercem, significa, em última análise, transmitir os significados muitas vezes ocultos dos fatos, e não tanto as suas próprias idéias". Isto foi sublinhado nesta segunda-feira (20/12), durante a missa de Natal celebrada para os funcionários do Dicastério da Comunicação, pelo Cardeal Mauro Gambetti, Vigário Geral do Papa para a Cidade do Vaticano e membro do mesmo Dicastério. Em sua homilia na Basílica Vaticana, o cardeal partindo das Leituras do Dia e da Anunciação narrada pelo Evangelho de Lucas propôs uma reflexão sobre as diferentes formas de abordar o Natal. Pode ser uma festa de luzes, presentes, almoços e jantares, ou "um encontro para renovar os laços mais queridos, para redescobrir sentimentos de proximidade e ternura em nome de um Menino que é a figura da vida que nasce em todo lugar, em todo o tempo", ou ainda "pode ser o evento capaz de mudar o destino da humanidade, da história pessoal de qualquer um que encontre o mistério da vida sempre nascida de Deus que se revela no Menino Jesus, como na Eucaristia".
Mas para que o Natal seja compreendido sob esta luz para que não se limite simplesmente à festa ou aos bons sentimentos, acrescentou o Cardeal Gambetti, é preciso uma mediação, é preciso ser mediadores - como o foram Maria, José, os anjos, os pastores e a estrela - e ter feito sua a mensagem, o significado que o evento contém: "Para narrar os fatos", disse, "para narrar o Natal, é preciso ter conhecido o Natal, ou seja, tê-lo conhecido no sentido bíblico, ter tido uma experiência íntima e uma compreensão do evento".
Para o cardeal, há três atitudes que devem ser adotadas para serem bons mediadores, bons comunicadores: "não se colocar como uma espécie de fechamento e de saber tudo diante de situações e fatos", mas para ser como Maria, "que tem um coração aberto - aberto às surpresas de Deus - fruto de um desejo sempre vivo de conhecer a verdade, um desejo sempre vivo de plenitude, vida e amor". Como segunda atitude "deixar-se atravessar pelo acontecimento, pela revelação, atravessar-se primeiro nas entranhas, deixar-se perturbar também nas emoções, nos sentimentos, nos afetos" e procurar compreender, buscar o sentido da verdade, colocar em jogo a inteligência da busca. Por fim obedecer à verdade, à palavra acontecimento, colocar-se a serviço de algo, de um fato, de uma revelação, para transmiti-la aos outros. Para ser bons mediadores, bons comunicadores, resume o Cardeal Gambetti, vocês serem como Maria; para viver o Natal na sua plenitude, para contar sobre ele, na vida, em casa, na família, através da mídia, vocês precisam "ser Maria".
No final da celebração, o cardeal expressou seu apreço pelo trabalho do Dicastério para a Comunicação realizado "com sabedoria e o correto entusiasmo" e quis, com sua bênção, expressar sua própria gratidão, a da Igreja e do Papa Francisco, pelo que foi feito por todos os funcionários.
Fonte: Vatican News