Cotidiano

'Pressa é inimiga da perfeição', diz Queiroga sobre vacinar crianças





O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se posicionou na manhã de hoje sobre a imunização infantil contra a covid-19 no Brasil. O cardiologista afirma que "a pressa é inimiga da perfeição" e que não pretende acelerar as decisões sobre a vacinação contra o coronavírus para crianças entre 05 e 11 anos. As declarações foram transmitidas pela GloboNews.

Não é um comunicado público que vai fazer o Ministério da Saúde se posicionar de uma maneira ou de outra. Eu preciso de toda a análise. A análise da qualidade, da evidência científica apresentada, avaliação da amostra de pacientes. O Ministério da Saúde é o responsável pela política pública de saúde. A pressa é inimiga da perfeiçãoMarcelo Queiroga, Ministro da Saúde

Queiroga divergiu das informações favoráveis à imunização, divulgadas pela CETAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19), ligada à pasta. A decisão da câmaraI ocorreu durante a reunião do comitê formado por médicos e pesquisadores na última sexta-feira (17) e desmentiu a fala do ministro de que a câmara se reuniria apenas no dia 22 para "oferecer suas opiniões e seu documento técnico" sobre a vacinação infantil.

O ministro declarou ainda que soube da decisão emitida pelo CETAI pela imprensa, e descredibilizou as sugestões ao dizer que não chama a decisão de documento por não conter assinatura. "Documento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que recebi foi esse aqui, tem um ofício e depois um comunicado público", disse.

Ao ser questionado as razões para que não seja agilizada a imunização de crianças entre 05 e 11 anos, Queiroga demonstrou impaciência com o repórter, e rebateu:

Esse joguinho não adianta, a população brasileira confia em nós, estamos fazendo a análise correta, quando você tiver um filho de 5 a 11 anos você vai entender isso. Os pais terão resposta no momento certo. Não vou me manifestar com base em um documento público de três páginas Marcelo Queiroga

O Ministério da Saúde realizará uma consulta pública sobre o assunto antes de tomar a decisão final. "Não é uma eleição, para saber o que quer e o que não quer. É ouvir a sociedade. Depois essas contribuições são analisadas pela área técnica, se faz uma audiência pública, onde se discutirá aprofundadamente esse assunto. Após, o Ministério da Saúde fará suas recomendações", detalhou Queiroga.

As falas do ministro seguem o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro(PL), que é contrário à vacinação infantil e chegou a ameaçar divulgar o nome dos técnicos da Anvisa que aprovaram o uso da vacina desenvolvida pela Pfizer.

Doses da Pfizer ao PNI

De acordo com Queiroga, o contrato com a Pfizer inclui a entrega, até dezembro, de 700 milhões de doses do imunizante contra o coronavírus. O gestor do Ministério da Saúde disse também que os termos contratuais obrigam a farmacêutica a fornecer vacinas para todas as faixas etárias incluídas no PNI (Programa Nacional de Imunização).

Na sequência, o ministro relembrou que na próxima quarta-feira (22) a sua gestão completará nove meses e a comparou com o planejamento do ex-presidente Juscelino Kubitschek — que estabeleceu um plano de aceleração do crescimento nacional de 50 anos em cinco.

"Em nove meses, houve a redução de 90% dos óbitos [por covid], os dados estão aí", disse Queiroga sem afirmar qual seria a fonte da informação.

Brasil é o 2º do mundo no ranking de mortes infantis por covid

Dados da Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância da Gripe) mostram que até maio deste ano, 948 crianças de zero a nove anos morreram de covid-19 no país. Os números foram consolidados pelo Estadão em parceria com especialistas da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

O primeiro lugar em número de mortes é o Peru, que a cada milhão de crianças de zero a nove anos, 41 perderam a vida por complicações geradas pelo coronavírus.

No Brasil, a cada milhão, 32 morreram por covid. A Argentina e Colômbia registraram 12 e 13 mortes por milhão, segundo o levantamento que avaliou 11 países.

 

Confira outras notícias 

- Reforço da Moderna pode aumentar anticorpos contra Ômicron em 83 vezes

Farmacêutica Moderna anuncia dados preliminares sobre a eficácia da dose de reforço da sua vacina contra a variante Ômicron

A empresa de biotecnologia Moderna, responsável pelo desenvolvimento de uma das vacinas utilizadas nos Estados Unidos, anunciou números preliminares dos efeitos de doses de reforço do seu imunizante no combate à variante Ômicron nesta segunda-feira (20).

“O reforço atualmente autorizado de 50 µg de mRNA-1273 aumentou os níveis de anticorpos neutralizantes contra Ômicron em aproximadamente 37 vezes em comparação com os níveis de pré-reforço”, disse a empresa.

Os níveis de proteção podem subir consideravelmente se a dose for dobrada. “Uma dose de 100 µg de mRNA-1273 aumentou os níveis de anticorpos neutralizantes em aproximadamente 83 vezes em comparação com os níveis de pré-reforço”, afirmou a Moderna em comunicado.

Anticorpos neutralizantes contra Ômicron foram avaliados em um ensaio de título de neutralização de pseudovírus (ID50) (PsVNT) conduzido em laboratórios estabelecidos pelo Centro de Pesquisa de Vacinas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) da Duke University Medical Center.

Todos os grupos tinham níveis baixos de anticorpos neutralizantes no ensaio Omicron PsVNT antes do reforço.

A Moderna anunciou também que continuará a desenvolver uma vacina específica para a variante Ômicron e que espera avançar em testes clínicos no início de 2022.

“Para responder a esta variante altamente transmissível, a Moderna continuará a avançar rapidamente um candidato a reforço específico do Ômicron para testes clínicos, caso seja necessário no futuro”, disse Stéphane Bancel, CEO da Moderna.

“Também continuaremos a gerar e compartilhar dados em nossas estratégias de reforço com autoridades de saúde pública para ajudá-los a tomar decisões baseadas em evidências sobre as melhores estratégias de vacinação contra SARS-CoV-2”, completa o executivo.

 

 

- 42 países aumentam restrições desde a descoberta da ômicron

Desde que a variante ômicron foi identificada, em 25 de novembro, 42 países  apertaram suas políticas restritivas para frear o coronavírus. É o que mostra o stringency index, índice da Universidade de Oxford que avalia medidas de contenção adotadas pelos países na pandemia. O indicador vai de 0 (nenhuma restrição) a 100 (máximo de fechamento e políticas de lockdown).

A Europa, que concentra os países em pior situação atualmente na pandemia, lidera o número de nações que aumentaram suas políticas restritivas: 18 tiveram aumento no seu índice de restrição de 25 de novembro para cá.

Utilize o cursor do mouse no mapa abaixo para visualizar os dados.

A Noruega é o país cujo índice mais cresceu, mas ainda tem índice considerado médio (54,6). A Alemanha, o 5º com maior aperto no último mês, agora pontua 84,3. Passou a ser considerada o 2º país com mais políticas restritivas do mundo, perdendo apenas para as Ilhas Fiji.

O índice brasileiro de restrições também registou alta desde o fim do mês passado. Com 61,6, o país é o 30º mais rigoroso no ranking de medidas de contenção.

A razão da alta recente do índice do Brasil são as políticas mais restritivas no país, em vigor desde 9 de dezembro, com relação à entrada de viajantes internacionais. As novas regras exigem dos que entram no país comprovante de vacinação contra a covid-19 e teste de covid com resultado negativo, ou uma quarentena.

Além dos 42 países que aumentaram as políticas restritivas desde a identificação da variante ômicron, há 26 que relaxaram suas medidas. A Austrália (redução de 22 pontos no índice), Brunei (-16) e Tailândia (-15) foram os que mais afrouxaram suas políticas de contenção do final de novembro até agora.

O QUE O ÍNDICE MEDE

O índice de Oxford avalia 9 métricas, dando pesos maiores a cada uma delas quando maiores forem as restrições. Eis abaixo os indicadores medidos no índice calculado pela Universidade de Oxford:

  • fechamento de escolas – verificam se há recomendação ou obrigatoriedade de fechamento para algumas ou todas as escolas;
  • ambiente de trabalho – se há recomendação ou obrigatoriedade de home office e se é geral ou parcial;
  • cancelamento de eventos públicos – se há restrições e o número máximo de pessoas permitidas em encontros;
  • restrições a reuniões – se há e quantas pessoas é o limite;
  • fechamento de transporte público – se há redução da frota ou fechamento de modais;
  • "fique em casa" ­– se existe recomendação de ficar em casa ou lockdown;
  • restrições a viagens dentro do país – se há recomendações ou restrições;
  • controle de viagens internacionais – se há testagem, quarentena, banimento de chegadas de alguns países ou fronteiras fechadas;
  • política de vacinação – quais grupos podem se vacinar no país

 

 

EUA: especialistas alertam para maior risco de infecção no Natal

O principal especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos (EUA), Anthony Fauci, alertou para o maior risco de transmissão da variante Ômicron com as viagens de Natal, afirmando que a nova cepa está "devastando o mundo”. Especialistas norte-americanos apelam ao uso de máscara e à vacinação com a dose de reforço, à medida que antecipam um aumento brusco do número de casos nas próximas semanas.

Em entrevista ao programa Meet the Press, da NBC, Fauci, alertou para a “capacidade extraordinária de disseminação” da variante Ômicron e para o maior risco de infecção, mesmo em pessoas vacinadas.

“Uma coisa que está clara é a extraordinária capacidade [da Ômicron] de propagação, a sua capacidade de transmissibilidade”, disse Fauci. “Ela está devastando o mundo”, afirmou.

Fauci explicou que a nova variante do vírus SARS-CoV-2 tem período de duplicação de dois a três dias em certas regiões do país, o que significa que se irá tornar dominante nos EUA.

“Vai ser difícil. Não podemos fugir desse cenário porque, com a Ômicron, enfrentaremos semanas e meses difíceis, à medida que avançamos no inverno. Vamos assistir a uma pressão significativa em algumas regiões do país, no sistema hospitalar, principalmente nas áreas onde existe baixo nível de vacinação”, explicou.

Com a aproximação da época festiva, os especialistas alertam para o maior risco de disseminação e de infecção pela nova variante. Apesar de não recomendaram aos vacinados que cancelem as viagens, apelam apenas para  que viajem com cuidado.

Apelo à vacinação

O alerta de Fauci ocorre após uma semana em que os EUA ultrapassaram as 800 mil mortes por covid-19 e assistiram a um aumento de 17% nos casos e de 9% nos óbitos.

Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), disse ao programa Face the Nation, da CBS, que o número de casos de infecção pela variante Ômicron aumentará de forma significativa nas duas próximas semanas e deixou um apelo à vacinação.

"Se foi vacinado e recebeu a dose de reforço, está muito bem protegido contra o Ômicron, que pode causar doença grave. Qualquer um que esteja a ouvir esta mensagem e pertença aos 60% dos norte-americanos que são elegíveis para uma dose de reforço mas não o fizeram, esta é a semana para fazê-lo. Não esperem", apelou Collins. Fauci e outros especialistas explicam que a imunização por si só não evitará a disseminação da Ômicron, mas estão confiantes de que o risco de doença grave ou de morte é amplamente reduzido com a vacinação.

Collins mostrou-se preocupado com os 27% dos norte-americanos que ainda não receberam nenhuma dose da vacina contra a covid-19. “A Ômicron é uma versão totalmente nova [do vírus] e tão diferente que tem as propriedades para evitar os benefícios das vacinas e de outras medidas que tomamos”, afirmou o diretor do NIH.

O presidente norte-americano, Joe Biden, planeja fazer um discurso nesta terça-feira (21) sobre a evolução da covid-19 no país. Fauci antecipou alguns dos pontos que poderão ser abordados no discurso de Biden: “O presidente vai enfatizar várias coisas: a vacinação com a dose de reforço, vacinar as crianças, disponibilizar mais testes e equipes de urgência, porque sabemos que vai haver maior necessidade de internações”.

Em algumas regiões dos EUA, os hospitais estão ficando novamente superlotados com doentes de covid e a expectativa, segundo os especialistas, é que as coisas piorem.

A variante Ômicron já foi detectada em 43 dos 50 estados norte-americanos e em 90 países até o momento.

 

Fonte: UOL - CNN Brasil - Poder360 - Agência Brasil