Fonte: Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“O que é bom fazer por mim e pelos irmãos? Como posso contribuir para o bem da Igreja, da sociedade? O Tempo do Advento é para isso: parar e perguntar-se como nos preparar para o Natal.”
Ao ouvir a pregação de João, “multidões, publicanos e soldados” fazem a pergunta: “Que devemos fazer?”
E é justamente a partir deste questionamento que o Papa Francisco desenvolve a sua reflexão, com indicações precisas sobre como nos prepararmos para o Natal, também cumprindo a missão que a vida – que é um dom de Deus – tem para nós.
Dirigindo-se aos milhares de fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro em um belo domingo de sol e céu azul, com a temperatura por volta dos 10 graus, Francisco começa explicando que a pergunta “que devemos fazer?” brota de “um coração tocado pelo Senhor”, “entusiasmado pela sua vinda”.
E para melhor inserir quem o escuta na compreensão deste contexto de espera pela vinda do Senhor, Francisco propõe um exemplo bastante prático: a forma como nos preparamos para receber uma pessoa muito querida:
Para recebê-la como se deve, vamos limpar a casa, preparar o melhor almoço possível, quem sabe um presente. Enfim, vamos nos preparar. Assim é com o Senhor, a alegria pela sua vinda nos faz dizer: que devemos fazer?
Mas Deus – acrescenta o Papa – “eleva este questionamento ao nível mais alto: o que fazer da minha vida? Para que sou chamado? O que me realiza?”.
E ao nos propor a pergunta inicial, o Evangelho nos recorda que “a vida tem uma missão para nós”:
A vida não é sem sentido, não é deixada ao acaso. Não! É um dom que o Senhor nos dá, dizendo-nos: descubra quem és, e trabalhe para realizar o sonho que é a tua vida!
“Cada um de nós - não o esqueçamos - é uma missão a ser realizada.”
Assim, não devemos ter medo de perguntar ao Senhor, e também aos irmãos - como sugerido nos Atos dos Apóstolos - e repetir com frequência: “que devo fazer?”:
O que é bom fazer por mim e pelos irmãos? Como posso contribuir com isto? Como posso contribuir para o bem da Igreja, o bem da sociedade? O Tempo do Advento é para isso: parar e perguntar-se como nos preparar para o Natal. Estamos ocupados com tantos preparativos, com os presentes e coisas que passam, mas perguntemo-nos o que fazer por Jesus e pelos outros!
Da pergunta inicial, o Papa parte então para as respostas de João Batista, que variam segundo o grupo a que responde. Da mesma forma, a cada um de nós, “é dirigida uma palavra específica, que diz respeito à situação real de sua vida”:
“Isso nos oferece um ensinamento precioso: a fé se encarna na vida concreta. A fé não é uma teoria abstrata, uma teoria generalizada, não! A fé toca a carne e transforma a vida de cada um. Pensemos na concretude de nossa fé. Eu, a minha fé: é algo abstrato ou concreto? Levo-a em frente no serviço aos outros?”
Ao concluir, o Santo Padre propõe algumas perguntas que poderíamos nos fazer sobre “o que posso fazer concretamente nestes dias que estamos próximos ao Natal? Como posso fazer minha parte?” – pedindo que “assumamos um compromisso concreto, ainda que pequeno, que se adapte à nossa realidade de vida, e procuremos concretizá-lo para nos prepararmos para este Natal”:
“Por exemplo: eu posso ligar para aquela pessoa sozinha, visitar aquele idoso ou aquele doente, fazer alguma coisa para servir um pobre, alguém necessitado. Ou ainda: talvez eu tenha que pedir um perdão, ou dar em perdão, uma situação a esclarecer, uma dívida a pagar. Talvez eu tenha negligenciado a oração e depois de muito tempo é hora de me aproximar ao perdão do Senhor. Encontremos algo concreto e vamos realizá-la!”
"Que nos ajude Nossa Senhora – disse o Papa no final - em cujo ventre Deus se fez carne."
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- Papa: que o Natal leve paz à Ucrânia, as armas não são o caminho
Benedetta Capelli - Cidade do Vaticano
Numa ensolarada Praça São Pedro, colorida por bandeiras de tantos países – entre as quais se sobressaíam as do México - e faixas de saudações ao Papa, Francisco dirigiu seu primeiro pensamento, após rezar o Angelus, à difícil situação de tensão na Ucrânia, invocando a paz e relançando o apelo ao diálogo como forma de resolver conflitos:
Desejo assegurar as minhas orações pela querida Ucrânia, por todas as suas Igrejas e comunidades religiosas e por todo o seu povo, para que as tensões à sua volta sejam resolvidas por meio de um diálogo internacional sério e não com armas. Entristece-me tanto a estatística que eu li, a última. Neste ano foram produzidas mais armas do que no ano passado. As armas não são o caminho. Que este Natal do Senhor leve paz à Ucrânia!
Os acontecimentos na fronteira com a Rússia preocupam também a comunidade internacional. No G7 em andamento em Liverpool, na Inglaterra, que reúne ministros do exterior, falou-se em "enormes consequências" em caso de ameaça militar da Rússia. Há dias, Moscou realiza intensas atividades de tropas na fronteira com Kiev.
No coração de Francisco também a dor por quem perdeu parentes e conhecidos devido a uma série de tornados que atingiram os Estados Unidos:
E rezo também pelas vítimas do tornado que atingiu Kentucky e outras partes dos Estados Unidos da América.
São mais de 80 as mortes confirmadas, enquanto dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas. Alguns centros populacionais foram devastados, outros arrasados completamente, como a cidade de Mayfield, no Kentucky. Os socorristas descrevem cenas apocalípticas. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também expressou seu pesar falando de "tragédia". A série de tornados foi "uma das piores" da história dos Estados Unidos.
“Uma menina”: assim falou o Papa da Caritas Internationalis, que completa 70 anos. “Deve crescer e se fortalecer ainda mais!”:
A Caritas é em todo o mundo é a mão amorosa da Igreja para os pobres e os mais vulneráveis, nos quais Cristo está presente. Convido-vos a levar em frente vosso serviço com humildade e com criatividade, para chegar aos mais marginalizados e favorecer o desenvolvimento integral como antídoto à cultura do descarte e da indiferença.
Em seguida, o incentivo à campanha global "Juntos" ("Together We"), “baseada na força das comunidades na promoção do cuidado com a criação e os pobres”.
“As feridas infligidas à nossa casa comum - acrescenta o Papa - têm efeitos dramáticos sobre os últimos, mas as comunidades podem contribuir para a necessária conversão ecológica”.
Por fim, a recomendação para agilizar a organização para que o dinheiro sempre vá para os pobres.
- No Angelus, o convite do Papa a preparar Jubileu Guadalupano
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Neste 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, foi rezado o Rosário na Praça São Pedro antes do Angelus, numa iniciativa da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). Entre os milhares de presentes na praça, se destacavam aqueles com sombreros, além das tantas bandeiras do México. O Papa Francisco, depois de fazer seus apelos com o olhar voltado a diversas partes do mundo, saudou em espanhol “as comunidades de todo o continente americano e das Filipinas” presentes, destacando a importância deste testemunho público de fé e convidando a preparar o Jubileu Guadalupano de 2031:
Saúdo calorosamente as comunidades de todo o continente americano e das Filipinas - quantas bandeiras de países americanos! -, que se reuniram aqui na Praça São Pedro para rezar o Rosário em honra à Virgem de Guadalupe e para se consagrar a ela. Os felicito! Felicito vocês que com este gesto se uniram àqueles que desde o Alasca até a Patagônia festejam Santa Maria de Guadalupe, Mãe do verdadeiro Deus pelo qual se vive, cada 12 de dezembro.
A Virgem de Guadalupe e São Juan Diego – continuou Francisco - ensinam-nos sempre a caminhar juntos, das periferias ao centro, em comunhão com os sucessores dos Apóstolos, que são os bispos, para ser Boa Nova para todos. Essa experiência deve ser repetida. Deste modo, Deus que é comunhão encorajará a conversão e renovação da Igreja e da sociedade de que tanto necessitamos nas Américas - a situação em tantos países da América é muito triste – e também necessitamos no mundo.
Estou feliz porque, com atos de fé e testemunho público como o que vocês realizaram hoje, começamos a nos preparar para o Jubileu Guadalupano de 2031 e o Jubileu da Redenção de 2033 - devemos olhar sempre em frente. Todos juntos: ¡Viva la Virgen de Guadalupe!
De fato, com este Rosário na Praça São Pedro - havia explicado ao Vatican News o teólogo Rodrigo Guerra, secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina - "iniciamos um caminho de oração e de testemunho público por meio do qual os católicos das Américas reconhecem em Maria de Guadalupe a mãe de Deus e Mãe de todos, que nos une e nos pede que contribuamos para a construção da pequena casa sagrada, isto é, do Reino, em todo o continente americano”, também em preparação para o grande Jubileu de Guadalupe em 2031, quando serão celebrados os quinhentos anos da aparição mariana no México.
- Os oratórios romanos com o Papa para a bênção dos Bambinelli
Marco Guerra - Cidade do Vaticano
Os braços estendidos em direção ao Palácio Apostólico tendo em mãos as estatuetas do Menino Jesus para receber a bênção do Papa. Neste domingo na Praça de São Pedro, no final do Angelus, o tradicional encontro festivo para a Bênção dos “Bambinelli”, que desde os tempos de Paulo VI marca o III Domingo do Advento.
E saúdo todos vós, romanos e peregrinos; especialmente vocês, meninos e meninas, que vieram com seus Bambinelli para receber a bênção. No final darei a bênção a todos os Bambinelli. Agradeço ao Centro Oratório Romano e peço-lhes que levem os meus melhores votos de um Feliz Natal aos seus avós e a todos os seus entes queridos.
A iniciativa é animada pelo Centro Oratório Romano (COR), que convocou muitos jovens das paróquias de Roma para participar, a fim de viverem com mais consciência o mistério do Natal. O tema desta edição de 2021 é “Caminhemos juntos para Belém”, escolhido para sublinhar a necessidade de nos sentirmos como uma comunidade a caminho do Senhor que vem.
Fonte: Vatican News