Política

Bolsonaro mostra hotel: Não sei se vou pagar ou vai ser no cartão corporativo





O presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou neste sábado (11.dez.2021) o quarto em que está hospedado no Rio de Janeiro. Segundo ele, a diária do hotel de trânsito de oficiais é de R$ 80. Ele brincou com o valor dizendo que não sabia se ia pagar ou se ia para o cartão corporativo, que declarou cobrir despesas das “mais variadas possíveis”.

“Aqui é meu quarto, onde pernoitei. Valor da diária: R$ 80. Lá nos Emirados Árabes, Abu Dhabi e Bahrein, em torno de R$ 40 mil a diária. Lá foi cortesia, não pagamos nada, aqui foi R$ 80. Eu não sei se vou pagar ou se vai ser no cartão corporativo. Nesse badalado cartão corporativo aí.

Bolsonaro está no Rio de Janeiro para participar da formatura da Escola Naval, da Marinha. 

O presidente declarou que a ideia por trás dos vídeos mostrando suas hospedagens mais modestas é demonstrar cuidado com o dinheiro público.

“E dizer a vocês: eu me senti muito bem, é um quarto modesto, né, vocês podem ver, mas para mim está excelente. Fiquei 15 anos no Exército, 28 anos dentro da Câmara. A gente procura mostrar o que a gente faz também fora das atividades de serviço e como tratamos a coisa pública. O dinheiro é de vocês, é de todos nós.”

Sobre o cartão corporativo, Bolsonaro justificou quando os gastos passam de R$ 1 milhão dizendo que há despesas com pessoal e alimentação do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Disse ainda que o cartão pessoal a que tem direito, com saque mensal de R$ 24 mil, nunca é usado: “Custo zero”.

“Então eu sei que é pouco perto do que se gasta a Presidência, por vezes o cartão corporativo ultrapassa R$ 1 milhão de reais, mas são despesas mais variadas possíveis, mais de 200 pessoas que trabalham no Palácio da Alvorada, despesa com alimentação para muita gente, manutenção do Alvorada.”

Os gastos com o cartão corporativo do presidente foram questionados quando gastou mais de R$ 2 milhões durante férias. O ministro-chefe da CGU (Controladoria Geral da União) Wagner Rosário contou à Câmara que Bolsonaro gastou R$ 2,4 milhões durante viagem às praias de São Paulo e Santa Catarina porque estava trabalhando.

 

Confira outras notícias 

- Governo sugere que países aceitem cartão de vacina físico de turistas brasileiros

Site do Ministério da Saúde sofreu um ataque hacker na madrugada e saiu do ar 

Em entrevista coletiva realizada o Ministério da Saúde afirmou que o governo está tomando providências para facilitar a entrada de brasileiros em países – que aceitam voos oriundos do Brasil – após o sistema do ministério ter sido invadido por hackers nesta madrugada.

De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, um comunicado está sendo enviado às nações para informar o ocorrido.

“A gente entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores, prontamente, auxiliou e colocou à disposição para poder comunicar todos aqueles países, que receberão voos oriundos do Brasil, para que informem o ocorrido”, disse.

O secretário reiterou que, antes do ataque ao sistema, os brasileiros apresentavam o comprovante de vacinação contra a Covid-19 por meio da plataforma ConecteSUS; agora, a expectativa é de que os países aceitem a apresentação do documento físico.

“Até então, o brasileiro poderia entrar com o certificado digital emitido pelo ConecteSUS, e a gente está enviando um comunicado para todos os países, para informá-los de todos os ocorridos e dizer que o Brasil sugere que o cartão físico também seja aceito”, disse.

 

- Auxílio Brasil é aposta incerta para eleições

Parlamentares se dividem sobre o impacto que o programa social, com valor mais robusto, terá nos planos de recondução de Bolsonaro

O governo começou a pagar, ontem, o Auxílio Brasil de R$ 400, que beneficiará 14,5 milhões de famílias, antes atendidas pelo extinto Bolsa Família. O programa de transferência de renda é a aposta do presidente Jair Bolsonaro para tentar manter vivo o seu plano de reeleição.

Desidratado nas pesquisas de intenção de voto, especialmente devido à grave crise econômica que impacta o país — refletida, principalmente, nos quase 14 milhões de desempregados e na inflação em 10,74% —, Bolsonaro busca no programa social uma cartada fundamental para recuperar a popularidade. Em 2006, por exemplo, o Bolsa Família foi determinante para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Parlamentares se dividem sobre o impacto eleitoral que o Auxílio Brasil mais robusto terá para Bolsonaro. O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) entende que a população não vai receber bem a redução dos R$ 600 pagos no auxílio emergencial para os R$ 400 do programa social. Ele disse não enxergar um bom cenário para o governo.

"Acho que a população não vai receber bem a diminuição de R$ 600 para R$ 400. Além disso, a inflação e os juros vão derreter muito o valor de compra, principalmente dos mais pobres", afirmou.

O relator, na Câmara, da medida provisória que criou o Auxílio Brasil, Marcelo Aro (PP-MG), explicou que o acréscimo mensal colocado no programa é 100% superior ao que era pago no Bolsa Família. Por isso, vai manter-se valorizado até o fim de 2023.

"Com a mudança este ano, está saindo de um tíquete médio de R$ 189, do Bolsa Família, para no mínimo R$ 400 no Auxílio Brasil, mais do que dobrando esse benefício", afirmou. "Obviamente, este ano (2022) está resolvido, o ganho gigantesco. De fato, como no projeto não foi indexada a inflação, então, no final de 2023, eles vão ganhar o mesmo valor que estarão recebendo em 2022. Durante o tempo, a tendência é de a inflação ir comendo esse valor de compra, caso o governo não decida fazer o reajuste inflacionário, e ele pode fazer."

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) entende que o benefício a ser pago é significativo, mas que perderá valor de compra ao longo de 2022. Ele afirmou que o aumento de preços dos alimentos é maior do que os mais de 10% registrados pela inflação. "Acho que o impacto da inflação nos 12 meses, na faixa de 10%, já demonstra que esse 2022 vai ser maior do que isso. Então, quem for receber os R$ 400, na verdade, estará recebendo R$ 360. Esse impacto acaba sendo muito próximo da metade do auxílio emergencial", destacou. "Acho que eles (governo) esperavam um impacto maior do que realmente vai ser para o processo eleitoral."

Professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais (Ibmec), William Baghdassarian disse haver melhorias na comparação do Auxílio Brasil com o Bolsa Família, como no próprio aumento financeiro. "Tende a causar um impacto forte ano que vem. Eu só não sei se isso é capaz de reverter tendências eleitorais", frisou. "Nós teremos um balanço entre esses benefícios sociais que foram concedidos pelo governo, que podem trazer uma percepção positiva, contra uma percepção negativa por conta dessa inflação. Ainda que o governo dê dinheiro, a capacidade de consumo é muito menor. Temos de nos lembrar que, junto disso, há o desemprego."

Fonte: Poder360 - CNN Brasil