Economia

Dólar sobe a R$ 5,574 mesmo após aumento da Selic; Bolsa cai 1,67%





O dólar comercial subiu 0,71% hoje e terminou o dia cotado a R$ 5,574, após apresentar duas quedas consecutivas, devido à fuga generalizada de investidores para ativos mais seguros em meio a temores globais relacionados à covid-19.

A alta desta sessão veio a despeito da decisão de ontem do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de subir a taxa Selic em 1,50 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, a 9,25%, e indicar mais aperto à frente, o que vários especialistas apontaram como benéfico para o real.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) caiu 1,67%, e fechou aos 106.291,24 pontos, quebrando a sequência cinco altas seguidas. Ontem, o índice chegou ao patamar mais alto desde outubro.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Impacto da ômicron

Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar —que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes— subia 0,315%, a 96,244, refletindo o desconforto de investidores com incertezas relacionadas ao impacto econômico da variante Ômicron do coronavírus, conforme vários países anunciam medidas mais rígidas de combate à Covid-19.

Em mais um sinal da forte demanda pela segurança do dólar, rand sul-africano e peso chileno, pares emergentes do real, caíam mais de 1% na tarde desta quinta-feira. Peso mexicano e lira turca também recuavam, embora a taxas mais comportadas, de 0,1% e 0,7%, respectivamente.

"A variante ômicron parece ser menos letal, apesar de possivelmente mais infecciosa, mas a Covid é algo que vai estar no radar durante um bom tempo; traz um tom de cautela", disse à Reuters Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.

A divulgação de um importante relatório de inflação norte-americano na sexta-feira, que pode influenciar a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), também foi citada por participantes do mercado como impulso à cautela observada nesta quinta-feira.

Efeito Copom

Apesar da valorização do dólar nesta sessão, investidores avaliaram a decisão de quarta-feira do Copom como possível fator de apoio para o real, com expectativa de que a maior rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico atraia recursos estrangeiros para o Brasil.

A decisão de elevar a Selic em 1,5 ponto percentual veio em linha com a expectativa de consenso do mercado, e a sinalização de aumento da mesma magnitude na reunião de fevereiro do ano que vem contrariou algumas apostas de que o BC desaceleraria o processo de aperto monetário em meio a sinais recentes de desaceleração da atividade econômica.

Embora o efeito Copom possa fornecer suporte à divisa doméstica, especialistas começam a alertar para várias incertezas de médio prazo à medida que se aproxima o ano eleitoral de 2022.

"Ano que vem é ano de eleição; não devemos aprovar novas reformas, deve ter dificuldade na articulação política do governo e deve aumentar o prêmio de risco diante da incerteza no Brasil", disse Panonko, da Toro, prevendo que o dólar "namorará a casa dos 6 reais" em 2022.

Ele chamou a atenção para a deterioração recente da credibilidade fiscal do país, afirmando que a PEC dos Precatórios —que teve trechos promulgados na quarta-feira, abrindo espaço fiscal para financiamento do programa Auxílio Brasil— "não é positiva", embora tenha dado alguma previsibilidade aos investidores.

Fonte: UOL com Reuters