Economia

Taxa Selic fecha 2021 aos 9,25% ao ano, o maior patamar desde 2017





O Comitê de Política Monetária decidiu, nesta 4ª feira (8.dez.2021), subir a taxa básica, a Selic, para 9,25% ao ano. Esse é o maior patamar desde julho de 2017, quando também esteve aos 9,25% ao ano. Com o reajuste, os juros subiram 7,25 pontos percentuais em 2021, o avanço mais expressivo da série histórica. Eis a íntegra (53 Kb) do comunicado.

A alta da taxa foi de 1,5 ponto percentual, a 7ª consecutiva. Também foi o 2º reajuste seguido nesta intensidade.

O colegiado começou a subir os juros em março deste ano, de 2% para 2,75%. Foram 7 reajustes consecutivos. Relembre:

  • março – de 2% para 2,75% (+0,75 p.p.);
  • maio – de 2,75% para 3,5% (+0,75 p.p.);
  • junho – de 3,5% para 4,25% (+0,75 p.p.);
  • agosto – de 4,25% para 5,25% (+1 p.p.);
  • setembro – de 5,25% para 6,25% (+1 p.p.);
  • outubro – de 6,25% para 7,75% (+1,5 p.p.);
  • dezembro – de 7,75% para 9,25% (+1,5 p.p.).

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) era esperada pelo mercado financeiro. As estimativas das principais instituições já indicavam Selic de 9,25% ao ano. O colegiado havia sinalizado elevar o percentual para este patamar.

A Selic subiu 7,25 pontos percentuais em 2021, a maior alta da série histórica. Em 2002, recorde anterior, os juros subiram 6 pontos percentuais.

O COPOM

O comitê é formado pelos diretores do BC (Banco Central), que reúnem-se a cada 45 dias para definir os juros. A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou 2020 a 4,25%, acima da meta, de 4%. A taxa de juros estava em 2% ao ano, o menor patamar da série histórica.

Agora, os dados mais recentes de inflação mostram que a taxa chegou a 10,67% no acumulado de 12 meses até outubro. Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, o mercado financeiro estima que o índice de preços ficará em 10,18% no período até dezembro.

O Banco Central precisou acelerar a alta dos juros, mas não conseguirá cumprir a meta de inflação de 2021, de 3,75%. Também há riscos elevados para o desrespeito ao objetivo inflacionário de 2022, de 3,5%. O mercado projeta IPCA de 5,02% para o próximo ano.

As estimativas indicam que a Selic será de 11,25% no próximo ano, ou seja, 2 pontos percentuais acima do patamar atual. O Itaú avalia que os juros poderão subir para 11,75% em 2022.

A próxima reunião será nos dias 1º e de 2 de fevereiro de 2022. Leia o calendário completo do próximo ano.

JUROS REAIS

Segundo projeções da Infinity Asset, o Brasil terá um dos maiores juros reais –quando corrigidos pela inflação– dos próximos 12 meses. Está em 2º lugar no ranking de 40 países, com 5,03% no período. 

 

- Entidades se manifestam sobre reajuste da Selic

 

Aumento na taxa básica de juros já era aguardado

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou hoje (8) a taxa básica de juros da economia (Selic) para 9,25%. De acordo com a Federação das Indústrias do Rio (Firjan), o aumento da taxa Selic em 1,5% já era esperado, tendo em vista a elevação no nível dos preços de forma disseminada e, sobretudo, a deterioração do quadro fiscal. Por outro lado, os dados mais recentes revelam queda da atividade econômica. Além disso, as perspectivas para 2022 já são de crescimento fraco.

Em nota, a Firjan avalia “que o cenário econômico que se projeta, de maior expansão do gasto público, requer a aprovação de reformas estruturais que sejam capazes de trazer sustentabilidade para as contas públicas. Apenas com responsabilidade fiscal será possível gerar crescimento econômico de maneira sólida, resgatando a confiança dos empresários e atraindo novos investimentos. Sem isso, voltaremos a conviver com um cenário de inflação e juros altos, com baixo crescimento econômico”.

 

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou equivocada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, por um novo aumento da taxa básica de juros a economia em 1,5 ponto percentual. De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, os últimos dois trimestres de retração do Produto Interno Bruto (PIB) deixaram evidente o quadro adverso da atividade econômica. Além disso, efeitos defasados do aumento da Selic devem contribuir, nos próximos meses, para desestimular ainda mais o consumo e, por consequência, desacelerar a inflação. 

 

“Dessa forma, um aumento menos intenso da Selic, em conjunto com as elevações anteriores, já seria mais que suficiente para levar a inflação até a meta, sem que o Banco Central aumentasse a probabilidade de recessão”, avaliou Andrade.

 

Em nota, a CNI argumenta sobre a razão deste cenário. “As restrições nas condições de crédito para consumidores e empresas poderiam ter seu ritmo reduzido. A decisão do Banco Central por um sétimo aumento expressivo da Selic vai de encontro a essa necessidade, aumentando o custo do financiamento e desestimulando a demanda, justamente em um momento em que muitas empresas ainda estão se recuperando”.

 

Fonte: Poder360 - Agência Brasil